segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

O EMPREGO



Além da Imaginação

    Este caso passou-se com a antiga empregada de minha casa, que residia em São Lourenço da Mata, em Pernambuco. Ela estava desempregada, passando privações e necessitando de um emprego urgente. Tinha dois filhos que precisavam estudar, mas não havia dinheiro para a compra de fardas e livros, o que deixava Júlia desesperada.
    Ela rezou muito, olhando para o quadro do Coração de Jesus, pedindo que Ele lhe ajudasse a arranjar um emprego em qualquer casa de família, pois teria pelo menos a comida certa.
    À tardinha Júlia estava na venda de seu Manoel, um velho comerciante da cidade, comprando alguma coisa para pagar assim que arranjasse emprego. Seu Manoel a conhecia e sabia da sua situação. Na porta da mercearia um moço alto e elegante observava Júlia. Ele estava bem vestido e o seu chapéu quase não deixava ver os seus olhos. E parado como estava ficou.
    - Ainda não arranjou emprego, dona Júlia? – perguntou o comerciante.
    - Ainda não, seu Manoel.
    Júlia estava mesmo muito necessitada e disse para ele que preferia que fosse uma casa de família mesmo, não fazendo questão de dormir no emprego. Poderia deixar os meninos na casa de sua mãe. Foi então que o estranho falou:
    - A senhora quer se empregar? A minha mãe está precisando de uma boa empregada.
    Ela ficou muito alegre naquele momento. Ele deu-lhe o endereço, que não ficava muito longe dali, e disse que procurasse dona Estela que seria aceita. Júlia deu graças a Deus e agradeceu ao moço, que se foi sem falar mais nada. Conversou um pouco com seu Manoel e logo depois foi para casa onde narrou o acontecido para a sua velha mãe. E foi imediatamente procurar dona Estela, no endereço indicado pelo moço. Chegando lá foi bondosamente atendida por uma senhora bem idosa, que perguntou o que ela queria. Então Júlia falou:
    - Encontrei seu filho, numa mercearia aqui perto e ele disse que estava precisando de empregada. A senhora não é dona Estela?
    - Realmente, meu nome é Estela – disse a senhora – mas o único filho que tive morreu há vinte anos atrás.
    Apontando para um retrato na parede ela perguntou se era ele, que para espanto seu era o mesmo moço que havia encontrado na venda de seu Manoel, de chapéu e capa nas mãos. Júlia abraçou-se com a velha, chorando. Dias atrás dona Estela havia invocado o retrato do filho pedindo que ele arranjasse uma boa empregada e Júlia tinha sido a escolhida.

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