terça-feira, 28 de maio de 2013

SEM RUMO

Caminho por aquela mesma estrada
Como quem nada procura, sem destino
Talvez me faça bem, eu imagino
Mas eu caminho, mesmo sem rumo
Sem nada para fazer, sem nada querer
Apenas apreciando o campo
As flores que me fazem tão bem
Sentindo a brisa, sem ver ninguém
Ouvindo o canto dos pássaros
Nas árvores que se mexem com o vento
Gosto de caminhar por essa estrada
Sem rumo, uma história a ser contada
Por alguém que possa me ver ali
Naquele trajeto de quase todo dia
Mas que me faz bem, me faz sonhar
Por isso nessa estrada vou caminhar

segunda-feira, 27 de maio de 2013

CANTO DE PÁSSAROS


   A rotina é a mesma, todos os dias, acordo pela manhã com o canto de pássaros que se alojam em uma árvore que fica em frente da minha casa. Fazem uma barulheira enorme, mas é bom para os meus ouvidos, me faz relaxar um pouco antes de me espreguiçar e levantar para um banho. É um canto que reúne dezenas de aves, começando por volta das cinco da matina, se estendendo até quase seis já com o sol querendo dar seu bom dia. É uma maravilha ouvir esse canto, coisa que se repete lá pelas cinco da tarde e terminando quando a noite começa a cair. A vizinhança já está acostumada, apesar de alguns poucos tecerem alguns comentários negativos.

domingo, 26 de maio de 2013

LEIA, É PARA VOCÊ

   Você que começou a ler esta mensagem, preste atenção no que aqui está escrito, no que representa o pensamento de milhões de pessoas de bem, que estão dispostas a ensinarem aquilo que Deus deixou para elas, que deixou também para você. Muita gente teima em não aceitar que somos todos irmãos, que devemos ajudar uns aos outros, tornar o mundo cada vez melhor e torcer para que a felicidade reine sempre, fazendo com que todo o mal seja erradicado da face da Terra.
   Somos todos irmãos perante os ensinamentos divinos, pois se Deus é o nosso Pai, nada mais lógico do que entendermos que somos irmãos e fazermos o possível para levarmos um pouco de dignidade para aquele que não tem nenhuma. É aceitável o sofrimento em nosso planeta, mas saibamos que tudo que passamos é fruto de nossos próprios atos e que só uma mudança mental irá melhorar nossas vidas.

   Fiquem com Deus, já que chegaram até aqui.

sábado, 25 de maio de 2013

JÁ ERA

     Todo aquele sentimento que eu tinha por ela se foi, todas as loucuras de amor que pratiquei para conquistá-la foram em vão, os meus desejos, até os mais simples, não se realizaram e eu me vi perdido, enfrentando uma situação constrangedora. Resolvi sair de casa numa certa manhã chuvosa, pus um casaco e caminhei até uma praça. A chuva fina que caía eu ignorei, para mim era como se não estivesse chovendo. Sentado em um banco imaginei o passado, tentei entender a razão desse sofrimento e cheguei à conclusão de que “já era”, nada vai fazer a vida sorrir para mim.
     A chuva passou e eu ainda sentado no banco lamentando a minha trajetória nessa vida, sem chance alguma de me dar bem. “Já era” a minha alegria, a minha vontade de viver em paz. Voltei para casa depois desse desabafo comigo mesmo.

CONVERSA COM O MAR


     Atravessei a Av. Boa Viagem e me dirigi para a areia da praia. Diante do mar, desse mar azul que parecia me convidar, eu imaginei um monte de coisas, esqueci até os problemas que me afligiam, coisas do dia-a-dia, que todo mundo passa. O barulho dos carros não me perturbava, nem me dei conta de que ali perto de mim existiam muitas pessoas, eu me sentia só, apenas o mar azul para o meu deleite, para com ele conversar e expor meus desejos. Danem-se todos que aquii estão, danem-se os problemas, nada vai me impedir de sonhar por alguns minutos, talvez horas, ali na areia somente escutando o som das ondas que se quebravam aos meus pés. Logo cedo tinha ido ao centro do Recife e havia me chateado com um problema que enfrentei, mas relaxei, fui mais forte, procurei driblá-lo e eis-me aqui apreciando o mar azul de Boa Viagem e sentindo a brisa agradável me acariciar. Logo mais retorno a minha rotina.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

O OUTRO EU


   De novo me vejo com esse problema, a minha mente teima em querer que eu aceite que existe um outro eu dentro de mim e que me impele a ser como ele. Fico angustiado, me inclino a mudar meu comportamento, mas no fundo não é o meu desejo. Também não concordo com o outro eu, que é mais arrogante, metido, que faz o que vem na cabeça, quer esnobar, ser independente de tudo, o que na minha concepção não é justo. Sou uma pessoa simples, não tenho lá esses recursos financeiros todos mas dar para levar a vida do meu jeito, enquanto o outro eu quer ser importante, dominador, quer ostentar uma riqueza que só na imaginação é possível. Aqui pra nós, esse outro eu não bate bem da bola, é muito presunçoso.

terça-feira, 21 de maio de 2013

CAOS NO TRÂNSITO


    Quando saí da clínica de fisioterapia no finalzinho da tarde, parecia que os últimos raios de sol ainda brilhavam, pelo menos foi essa a impressão que tive, ao ganhar a rua e andar pelo Parque Amorim, aqui no Recife. Quando cheguei no ponto do ônibus da Av. Agamenon Magalhães, a noite já havia caído completamente e as pessoas se acotovelavam na calçada estreita que divide as faixas de circulação dos veículos. Uma verdadeira multidão esperando ônibus que demoravam, mas o verdadeiro motivo estava ali diante dos nossos olhos, era só ver que o engarrafamento estava causando transtornos e os motoristas com certeza aborrecidos. Aquela área do Recife estava um caos, geralmente nesse horário entre dezessete e dezenove horas o trânsito fica insuportável. Como não pago passagem apanhei um coletivo que me deixou em Afogados, seguindo de lá em outro para o meu bairro.

RETRATO DA CIDADE


    Carros em marcha lenta em ruas estreitas, transeuntes num vai e vem em meio ao trânsito desorganizado, flanelinhas oferecendo vagas em locais proibidos, comerciantes de bugingangas anunciando produtos em promoção, o retrato de uma cidade no dia a dia, a maneira honesta de sobrevivência. No bairro de São José, no Recife, é quase uma rotina para quem precisa por ali transitar, seja no caminho para o trabalho, para resolver algum negócio ou simplesmente para fazer compras.

   No pátio do Mercado de São José o movimento é grande, pessoas se esbarram, topam em tabuleiros de mercadorias enquanto outras pesquisam preços. Em frente da igreja, na praça, algumas prostitutas se oferecem, alguns pivetes ficam de olho em distraídos para lhe tomarem pertences.

   Já na Av. Dantas Barreto eu me preparo para tomar o ônibus depois desse “passeio” forçado onde fui comprar frutas para suco. Esse retrato da cidade está vivo em minha mente.

sábado, 18 de maio de 2013

IMAGINAÇÃO


    Olhava o mar da sacada do apartamento, o sol da manhã me esquentava depois de um sono agitado, confuso. A noite anterior me deixara exausto, tinha bebido, apenas alguns goles de whisk. Na avenida carros circulando, pedestres caminhando pela calçada. Um jovem estacionou a moto para conversar com a namorada, entre abraços e beijos, um bêbado passou por eles e arriscou um olhar e algum comentário, mas nem foi percebido. Na areia da praia alguns banhistas no deleite, algumas crianças brincando na areia e um vai e vem de homens e mulheres. Minha atenção foi despertada por uma jovem solitária sentada na areia, fazia movimentos nas nãos como acenos. Na minha imaginação eram para mim, já que seu olhar era para o prédio onde eu estava. Talvez precisasse de companhia, de alguém para expor algum assunto. Resolvi descer, ver de perto essa moça, tomando o elevador bem depressa. Em poucos minutos eu estava na praia após atravessar a avenida. Mas... cadê a moça? Não a encontrei apesar de ter ido exatamente ao local visto da sacada do apartamento. Procurei por alguns minutos e desisti, voltando para a sacada do meu ap, de onde a vislumbrei acenando e olhando para o prédio. Uma cena incrível que me deixou desnorteado, confuso. Lá estava ela na areia e até ensaiou um “vem cá” com uma das mãos. Não resisti e voltei para a praia e mais uma vez a desilusão de não encontrá-la. Regressei como um bobo e novamente na sacada pude ver que lá estava ela. Sorria como uma debochada, estava se divertindo comigo. Fui até a sala e tomei uma dose de whisk para acalmar, regressando para a sacada. Ela não mais estava lá, fiquei mais confuso ainda. Talvez eu não estivesse dormido direito depois de uma noite em claro. Talvez tivesse sido vítima da minha imaginação.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

CHUVAS NO RECIFE



   O estalo de um trovão me acordou em plena madrugada. A chuva forte caía impiedosamente no Recife e a frieza da hora me fez adormecer novamente só acordando pela manhã para tomar conhecimento dos alagamentos que causaram transtornos na cidade e região metropolitana. Nem consegui deixar as netas no colégio de carro, pois as ruas do bairro de Areias nunca alagaram como agora e o jeito foi voltar para casa.
   O caos foi total, paralisou o trânsito, impediu pessoas de chegarem ao trabalho, as estações do metrô ficaram com água quase pelo joelho e a chuva impiedosamente caindo. Em casa fiquei e não saí para canto algum, só acompanhando as notícias pelo Facebook e pela TV.
  Sexta-feira, 17 de maio de 2013.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

ENFRENTANDO A CHUVA


     Quando saí do consultório do oftalmologista, no COPE da Conde da Boa Vista, a noite já havia caído há tempo. A chuva forte castigava o Recife com vontade mesmo, o que me fez aguardar alguns minutos, mas a minha impaciência foi mais forte e eu decidi me molhar um pouco correndo até o ponto do ônibus. A avenida estava alagada e fui obrigado a caminhar como Jesus, por sobre a água, só que os meus pés afundavam. Todo encharcado esperei alguns minutos pelo ônibus, embarcando em seguida e me dirigindo para casa. Ainda enfrentei chuva quando saltei em Areias, mas ainda bem que não peguei uma gripe. Enfim cheguei ao lar, doce lar são e salvo para um jantar delicioso e um descanso merecido.

DO TERRAÇO DO MEU AP


     O sol clareia o terraço do meu ap e na sala eu tomo o último gole de café, de onde vejo o mar esverdeado de Boa Viagem. Vou até o terraço e vejo no horizonte um cargueiro que se destina ao cais do Porto do Recife. Sete andares abaixo a avenida que dar acesso ao centro, com veículos circulando, além de transeuntes que atravessam fora da faixa de segurança. Levanto a cabeça e encaro essa visão panorâmica do oceano e seu infinito. Uma cena que me faz sonhar e imaginar aquele imenso espaço marinho sob o meu poder. Volto a mim com o barulho ensurdecedor de uma moto em alta velocidade, um louco sem amor a vida, talvez querendo mostrar seu poderio no comando de uma máquina possante. Olho o relógio, hora de sair para o trabalho e enfrentar o trânsito caótico da cidade.

terça-feira, 14 de maio de 2013

AINDA SOBRE A VIOLÊNCIA URBANA


    O governo federal precisa tomar urgentes providências para sanar de uma vez por todas o problema da violência urbana no Brasil, uma vez que esse mal está se alastrando rapidamente e destruindo famílias. Não enxerga quem não quer, quem não tem compromisso com a população deste país chamado Brasil, pois se sintonizassem os vários canais de televisão, no horário de almoço, veriam que a criminalidade não tem fim e que esse “Pacto pela Vida” é apenas um slogan para o governo do estado de Pernambuco pousar de bonzinho, de cuidadoso com os direitos e a segurança do cidadão.
   O programa de Cardinot, exibido pela Record, mostra que diariamente ocorrem crimes e assaltos, o mesmo acontece no programa de Sérgio Dionízio (Plantão 190), exibido pelo SBT, além de outro programa policial transmitido pela Band, todos no mesmo horário, ou seja, a partir do meio dia, de segunda a sexta-feira. Será que esses crimes são “inventados” pelos jornalistas que noticiam? Será que o governo do estado está falando a verdade ao informar que o índice de homicídios caiu? O “Pacto pela Vida” realmente funciona? Eu tenho minhas dúvidas, pois num país onde a corrupção anda solta, onde os políticos não querem ter responsabilidades com o povo brasileiro, fica difícil de se aceitar o que dizem.
   No próximo ano o Brasil vai sediar a Copa do Mundo, um evento que vai trazer muitos turistas para assistirem aos jogos, muito dinheiro está sendo gasto com obras que só estão em andamento por causa disso. O povo nordestino está sofrendo com a seca, o gado está morrendo e a população da cidade é quem está arrecadando donativos e água para amenizar a situação, obrigação que seria do governo, que nada faz.
   A bandidagem cresce a olhos vistos e o governo faz de conta que está tudo bem, oferecendo uma falsa segurança e enviando recursos financeiros para coisas supérfluas. Fica aqui o meu repúdio.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

MUNDO ESTRANHO


mundo estranho, céu sem estrelas
onde nem o sol clareia
apenas meu pensamento vagueia
em busca de paz de espírito
ou de algo que não sei explicar

mundo estranho, talvez não exista
mas o imagino mesmo assim
traz grande conforto pra mim
me faz fugir deste mundo arrogante

mundo estranho, apenas minha presença
mesmo sem estrelas no céu
talvez em mim exista um véu
que não me deixa enxergar sua beleza

ALCOOLISMO


duas garrafas de cachaça
e algumas outras de cerveja
um porre e tanto num corpo emagrecido
uma vida na rua, um homem esquecido
dúvidas, mágoas, falta de amor
longe da família, perto da bebida
para ele não existe outra saída
prefere essa vida sem sentido
farrapo humano resistindo ao tempo
o álcool alivia sua dor, seu sofrimento
sem futuro vive somente o momento
sabe porém que o fim logo chegará

domingo, 12 de maio de 2013

POEMA PARA A MULHER


senhora, mãe dos homens
um encanto de femininidade
bela não só na sua mocidade
mas em todos os momentos da vida

representante do sexo frágil
mas na realidade é bem mais forte
que qualquer homem com seu porte
que não conhece a dor de ser mãe

é presença constante, é dádiva
é o que precisamos no amor
gera filhos sentindo a dor
que em alívio logo se transforma

merece uma rosa e todo carinho
por ser delicada como uma flor
sabe ser compreensiva e dar calor
a quem nos seus braços procura refúgio

quinta-feira, 9 de maio de 2013

ENCONTRO COMIGO MESMO


    Me olhei no espelho e imaginei que poderia ser outra pessoa, ter novas atitudes, mostrar então um semblante que pudesse agradar a todos. Minha vida estava um caos, faltava equilíbrio emocional, as pessoas não me entendiam bem e até se recusavam a me dar um simples “bom dia”. Fui até o quarto e abri o guarda-roupas, escolhi um terno que estava guardado há anos e vesti, saindo em seguida sem rumo. Após andar um pouco pela cidade parei de frente a um restaurante, entrei, após decidir comigo mesmo, que ali estava o outro eu, aquele com quem eu iria “conversar” e assim mudar a minha vida. Sentei numa mesa reservada e solicitei ao garçom dois drinks, alegando que esperava alguém. Sorvi o meu drink e “conversando” comigo mesmo prometi que seguiria novos rumos nessa trajetória terrestre. Tomei o segundo drink e saí desse “encontro” com uma nova mentalidade, alegando ao garçom que a pessoa esperada não pudera vir.

TEU NOME


lembranças de tempos bons
que marcaram a minha vida
hoje muito isolada e sofrida
nada restou, apenas a saudade
saudade que maltrata meu peito
quando chamo teu nome do meu jeito
aquele jeito carinhoso de te chamar
teu nome me ajuda a sobreviver
me faz ver um novo amanhecer
e imaginar tua presença comigo
choro baixinho, olho teu retrato
coisa rotineira, é um fato
é meu modo de te cultuar
chamando teu nome eu aprendo
que sem ti não vivo e me arrependo
de ter perdido aqueles bons momentos
quando vivíamos juntos no amor

S O N H O



   Hoje eu acordei com uma enorme sensação de felicidade, com uma alegria que não tinha mais tamanho. Eu havia me olhado no espelho e descobrira que havia remoçado muitos anos, isso mesmo, eu estava bem jovem. Joguei o travesseiro para cima, pulei em cima da cama e gritei bem alto como um louco. A ducha fria na minha cabeça não fazia nenhum efeito nessa manhã chuvosa, saí para a rua e cumprimentei todo mundo, nem ligava para a chuva que me molhava. Entrei em lojas, brinquei com crianças, subi num poste e dancei na frente dos carros em plena avenida. Todos me olhavam admirados mas ninguém entendia nada, pois só eu sabia a razão dessa algazarra toda.
    O dia passou, não liguei para nada, não sentia fome e nem parava para descansar, apenas ficava a perambular pelas ruas me sentindo a pessoa mais feliz do mundo. De repente minha cabeça começou a rodar, a vista escureceu e eu... acordei assustado com a mulher batendo em meu rosto e dizendo: acorda que já são sete horas e você precisa levar as netas no colégio. Foi uma decepção muito grande, mas valeu esse sonho, serviu para eu meditar e saber que na velhice a gente também pode ser feliz.

terça-feira, 7 de maio de 2013

CAMINHADA DIUTURNA


um galho seco sendo pisado
e aquele barulho característico
em meio ao silêncio um tanto místico
quando se ouve a minha respiração
ora acelerada, ora pausada
em intervalos que sofre variação
o caminho é longo mas preciso seguir
a noite já já chega e eu estou só
tenho medo, na garganta sinto um nó
e uma sensação de que algo vai acontecer
minhas mãos suando e o corpo e tremer
respiro vendo o dia ainda claro
com poucas nuvens no céu
onde surgirão estrelas que vão brilhar
mesmo sem a lua para me acompanhar
nessa caminhada diuturna e perigosa
pisando em pedras e galhos secos
fazendo o coração bater forte, acelerado
sentindo ele às vezes lento, quase parado
dependendo do estado de perturbação
do meu cérebro que tudo comanda
enfim a noite chegou e me abraçou
senti um friozinho, a tensão recomeçou
me envolveu em dúvidas, mas não parei
segui em passos firmes, mesmo cansado
tentando enganar a mim mesmo motivado
pela força de vontade que ainda resta
e que encerrará essa longa caminhada

A CABANA



o candeeiro aceso
e uma chama nitidamente parada
nenhum movimento
nenhum vento
total silêncio na cabana abandonada
uma noite de lua
uma noite como outra qualquer
na companhia
até chegar o dia
de uma bela e sensual mulher
uma cabana pequena
um sonho para nunca esquecer
um amor furtivo
um homem cativo
da orgia até o amanhecer

domingo, 5 de maio de 2013

O CARACOL



    Era uma vez um caracol, um bichinho pequeno que ninguém dar valor. Esse era um caracol mais esperto, mais cheio de desejos, com vontade pra tudo. Já foi responsável por vários outros caracóis que por aí ainda devem estar, vivendo suas vidas cada um à sua maneira.
    Durante suas várias caminhadas por aquele terreno quase deserto, com algum mato, o pequeno molusco terrestre descobriu que por ali passava uma estrada, mas pouco via um automóvel passar, apesar de ser pavimentada. O caracol também viu que do outro lado  da estrada existia uma casa, diga-se de passagem, uma bela casa. E na parede dessa casa deu para ele vislumbrar que existiam muitos caracóis, alguns até chegando perto da estrada. Nosso amigo caracol do lado de cá ficou admirando por vários dias aquela paisagem e com uma vontade louca de ir para lá, mas tinha medo de atravessar a estrada, temia não dar tempo de atravessar e vir um carro doido e esmagá-lo. O molusco ficou impaciente vendo o dia passar, a noite chegar e ele naquela concha, sua casa própria, querendo satisfazer esse grande desejo e sem coragem. Não conhecia essa estrada e ouviu falar de relatos sobre vários caracóis que se aventuraram na travessia e se deram mal, foram esmagados por pneus em alta velocidade. Agora ele estava ali, na beira da estrada que acabara de descobrir, além daquela bela casa que avistara do lado de lá. Queria atravessar mas faltava coragem, temia ter o mesmo fim dos outros.
    Mais alguns dias se passaram e o molusco tomou uma decisão: iria atravessar a estrada e ir ao encontro dos outros caracóis, lá do outro lado. Reuniu forças e partiu para a aventura esperando obter êxito nessa caminhada lenta que, segundo seus cálculos, duraria uns dez minutos mais ou menos. Avançou na estrada deixando aquele rastro pegajoso, carregando aquela concha-casa que agora parecia pesar bastante. Engraçado, antes ela nunca havia lhe dado essa impressão e logo agora quando decidiu se aventurar a desbravar o outro lado, esse peso na sua consciência. Esqueceu o problema e seguiu adiante, observando que ao longo daquela estrada de piche tinham várias carcaças machucadas de caracóis que tentaram passar e foram esmagados. Pelo menos não via nenhum carro o nosso molusco medroso, poderia seguir tranquilo em sua aventura. Mas de repente ouviu uma buzina, era um carro com certeza, que azar! Lá vem o danado, ele viu e foi sua última visão. Mais um corpinho foi esmagado por um automóvel que cismou de passar por ali logo agora.

PARA ONDE FORAM OS DEUSES?


    Me acostumei desde pequeno a apreciar aquele sorriso maravilhoso estampado num rosto meigo, coisa que me causava tamanha emoção. Era um rosto que eu apenas imaginava, tinha criado ele em minha mente.
    Um outro rosto estava bem nítido no meu pensamento, eu o havia pintado de verde para se destacar, para que eu pudesse vê-lo com mais clareza.
    Eu os chamava de deuses, pois despertavam em mim uma sensação de tranquilidade, de alegria e eu não conseguia viver sem essas presenças. Mas o tempo passou e eu me vi envolto em outras coisas da vida, porém não os esquecendo, estava com eles bem guardados no meu cérebro. O primeiro eu chamava de AMOR por ser o responsável pela união das pessoas e o segundo de ESPERANÇA por fazer com que essas pessoas tivessem fé em realizar os seus desejos.
    O tempo passou e hoje eu os procuro e não encontro, apesar de saber que existem. Não vejo mais aqueles rostos que me causavam emoção, que me transportavam para um mundo imaginário, onde apenas eu habitava. Sei que não mais os vejo por um único motivo: as pessoas mudaram, deixaram de ter sentimentos, vivem como autômatos, são materialistas. Onde será que se escondem os deuses que me faziam tão feliz?
    Espero que um dia essas pessoas mudem, voltem a ser o que eram antes, pois só assim eu vou ver novamente aqueles rostos do AMOR e da ESPERANÇA.

sábado, 4 de maio de 2013

JURO QUE NÃO QUERIA GOSTAR DE VOCÊ


   O caminho deserto e escuro não me fez temer de percorrê-lo, pois estava decidido a chegar ao meu destino. Imaginava mil coisas durante o trajeto, mas não me preocupava com o que poderia acontecer, queria mudar a minha rotina, sair daquela mesmice, provar algo diferente, que eu pudesse depois até me vangloriar, apesar de não ser do meu feitio.
   Bati na porta daquela casa humilde sentindo o coração bater em descompasso, percebendo que as minhas pernas tremiam. Logo ela se abriu e aquela figura que eu havia visto há alguns dias na cidade, em pleno movimento do comércio, me fitou quase assustada, talvez não esperando a minha visita. Aquele mesmo olhar malicioso, cheio de mistérios, aquela mesma boca carnuda que tive vontade de beijar, aquele sorriso alucinante de quem faz um convite para o amor, tudo isso me fez estremecer mais ainda.
   Laura era seu nome. Conversamos por algum tempo na cidade e marcamos depois esse encontro. Tivemos pouco tempo para trocarmos palavras pelo fato do local não ser apropriado e ela estar com pressa. O desejo de conhecê-la melhor era demais, pois ela havia me cativado nesse encontro, com esse olhar e esse sorriso.
   Mas ali estava eu, diante daquela beleza feminina, diante daquele mesmo semblante de mulher sensual. Toquei levemente o seu rosto e senti que reagia com estímulos que me fizeram sentir enorme tesão. Nos abraçamos, apesar dela se sentir insegura, com algum receio. Em seguida foi o momento ideal para beijá-la com ardor, com toda volúpia. Laura nada falava, nem mais ria, pois estava envolvida num clima misterioso, talvez tentando entender o que estava acontecendo. Eu também assim me sentia, sem querer acreditar nesse momento mágico. Fechei a porta e procurei controlar meus movimentos, esse estado de ação que me perturbava. A noite estava linda e precisávamos aproveitar, apesar do silêncio que ali reinava. Bocas que quase não pronunciavam palavras, olhos que apenas se olhavam, mãos que se tocavam suavemente e dois corpos juntos a sentirem desejo. Não durou muito e já estávamos na cama fazendo amor gostoso, com toda vontade, parecíamos um vulcão em erupção.
   Enfim o dia raiou e o sol atravessou a brecha da janela nos acordando para a realidade. Ela me pediu que fosse embora, que a deixasse em paz. Eu também não queria que aquilo tivesse acontecido, mas aconteceu. Eu já estava gostando dela, do seu jeito especial, bem misterioso, que me fez correr um risco que poderia ser evitado. Vi suas lágrimas rolarem pelo rosto, lágrimas de arrependimento, fruto de um momento impensado. Juro que não queria gostar tanto assim, de me expor em uma situação difícil, mas a vida tem certas armadilhas que nos fazem cair, que nos perturbam emocionalmente. Saí dali entre feliz e infeliz. No dia seguinte nos cruzamos na cidade mas não nos falamos, ela estava acompanhada do marido. Assim decidimos, não dar vazão a um amor louco, sem futuro. Deixei-a viver sua vida.