segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

ESTRANHO ENCONTRO

Além da Imaginação

    Eu estava à passeio, em Sertânia, interior de Pernambuco, pois um amigo havia me convidado para  passar o fim de semana na fazenda do sogro dele, que é um dos grandes criadores de gado do alto sertão.
    O clima estava agradável, apesar do sol quente que castigava o agreste. Adorei o mugido dos bois e o panorama maravilhoso dos morros e matas logo de início.
    Era sábado e assim que almoçamos demos um giro pela cidade. Lá pelas quatro estávamos em um bar, tomando umas cervejas com alguns parentes de meu amigo. Na mesa ao lado um homem de seus quarenta e poucos anos me olhava insistentemente. Fingi não ter notado e fiquei à espioná-lo discretamente nos momentos quando ele tirava a vista de mim. Eu e o pessoal já estávamos para sair quando ele aproximou-se:
    - Desculpe incomodá-lo, mas você não é o filho de dona Dilza, que       mora no Recife?
    Respondi afirmativamente e procurei logo saber quem era ele, se era alguma pessoa conhecida ou parente que eu não conhecia e não me lembrava no momento.
    - Eu sou um velho conhecido de sua mãe. Morei muito tempo em Goiana, cidade onde você nasceu. Meu nome é Tiago Ferreira.
    Para mim ele continuava sendo um estranho, pois eu não me lembrava dele, apesar de ter dado muita informação de minha família e que realmente era verdade. Confirmei suas declarações e nos despedimos, já à noitinha, pois meu amigo tinha algo para resolver e eu não poderia ir até a residência de Tiago, que havia me convidado para jantar e conhecer sua esposa e filhos. Mas no dia seguinte eu estava certo de encontrar-me com ele, no mesmo bar, para irmos até sua casa.
    No dia seguinte eu não pude encontrar-me com Tiago, pois meu amigo teve que regressar logo ao Recife, atendendo um chamado telefônico de urgência, e eu teria que ir com ele, é claro.
    Na viagem eu discuti o assunto com meu amigo, lembrando as palavras de Tiago. Confesso que fiquei surpreso com aquelas afirmações tão estranhas, principalmente pelo fato dele ter-me reconhecido já adulto, pois se ele me conheceu mesmo eu poderia ter uns quatro ou cinco anos ainda, era muito pequeno.
    Em casa eu tive uma grande surpresa que quase caí de costas: “Tiago já morreu há mais de um ano” – disse mamãe, mostrando depois algumas fotografias que temos em casa e que logo reconheci Tiago. Realmente mamãe havia conhecido Tiago Ferreira e tudo que ele falou foi confirmado por ela. Só não entendo o fato de ter encontrado ele em Sertânia, se a viúva ainda reside em Goiana e sempre escreve para mamãe.

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