quinta-feira, 29 de março de 2012

ALUCINAÇÃO

    A chuva fina no final da tarde fez Wagner parar embaixo de uma marquise. Estava a poucos metros do estacionamento onde deixara o carro. No prédio defronte uma jovem também se protegia da chuva, usava um xale e com certeza sentia frio. Seus olhares se cruzaram e Wagner se entusiasmou quando ela esboçou um leve sorriso. Um sorriso que pareceu hipnotizá-lo, fazendo-o nem perceber que a chuva cessara. Consultou o relógio e olhou o céu, as primeiras estrelas começavam a brilhar.
    Antes de seguir seu caminho fitou o outro lado da rua, para o prédio onde a moça lhe oferecera um sorriso. O local estava deserto, nem sinal dela. Ficou curioso e procurou localizar seu paradeiro. O prédio estava fechado e seria impossível ter se desviado para outro local. Teria sido ilusão de ótica? Saiu intrigado e se dirigiu para o estacionamento onde pegaria o carro.
    A chuva voltou e a noite caiu rápido. Dessa vez a chuva estava mais forte e na estrada teve que dirigir devagar, pois os veículos em sentido contrário o ofuscavam com faróis altos. A escuridão o preocupava e de repente um vulto na estrada deu com a mão. Ao aproximar-se viu que era aquela mesma moça que passava a chuva no prédio defronte. Ficou impressionado e, quase parando, olhou pelo retrovisor, percebendo que estava tendo uma alucinação. Como poderia aquela jovem estar ali se a viu bem atrás? Acelerou o carro, se arriscando com o trânsito complicado, os faróis altos e a chuva grossa.
    Chegou em casa finalmente, a chuva dava sinais de que diminuía, mas o seu semblante era de admiração. Estacionou o carro na garagem e entrou na residência, ainda com cara de espanto.
    Não conseguiu dormir naquela noite, ficando até altas horas pensando naquela figura misteriosa, no seu sorriso e na possibilidade de encontrá-la novamente.
    No dia seguinte Wagner trabalhou normalmente, mas não esqueceu a imagem da moça que o deixou impressionado. Largou do trabalho e percorreu o mesmo caminho do dia anterior, já preocupado com aquela pessoa. Dessa vez não chovia, o horário era o mesmo e a frente do prédio onde a vira estava vazia. Respirou aliviado, poderia seguir tranquilamente para o estacionamento em busca do carro. Lá chegando, teve uma grande surpresa, quase perdendo o fôlego. Ali estava a moça, com o mesmo xale, aquele mesmo corpo magro e o mesmo sorriso que entusiasmou ele.
    Fechou os olhos, não querendo  acreditar no que via. Estaria tendo uma alucinação? Visivelmente abalado, olhando atentamente para o carro, constatou que ali não havia ninguém, tendo sido vítima de imaginação. Quase não conseguiu dirigir imaginando que a qualquer momento ela poderia surgir do nada. Em casa tomou um calmante e foi dormir, porém o sono não veio. Começou a ouvir batidas na porta, sons estranhos e vozes que pronunciavam seu nome, tudo fruto da sua imaginação.
    No consultório médico, bastante nervoso, Wagner fora orientado para tirar umas férias, viajar, descansar e aproveitar alguns dias em ares diferentes, tomando os remédios prescritos.
    Fechou o apartamento onde morava só e viajou para a casa de seus pais, em outra cidade. Depois de alguns dias voltou à sua rotina. Aparentemente tudo estava normal para Wagner, não mais viu aquela moça estranha, procurando sempre uma companhia para afastá-lo da solidão, talvez sendo ela a responsável por suas alucinações.

quarta-feira, 28 de março de 2012

A VINGANÇA DE UM EX-PRESIDIÁRIO

   
     O grande portão foi aberto e Charles saiu, levando uma bolsa com alguns pertences. O sol já estava alto, fazia um calor infernal, mas ele parou para uma observação do local. Estava deixando a penitenciária depois de onze anos de reclusão em regime fechado. Respirava agora aquele ar puro, diferente do ar da fétida cela em que se encontrava. Tinha motivos para se tornar um novo homem, seguir um novo rumo e esquecer tudo o que passou ao longo desses anos.
    Sua cabeça fervilhou quando lembrou aquele trágico dia. Jamais imaginaria que o desfecho seria aquele. Camilo era o capataz de uma fazenda e lhe devia uma certa quantia. Acertara com ele para receber o dinheiro em determinado local, em terras da fazenda. Chegando ao local se deparou com Camilo e outro elemento, notando que ambos estavam armados. Charles achou que não receberia o valor que lhe cabia e a aproximação mal intencionada do devedor o fez recuar. De súbito Camilo puxou o revólver e disparou na sua direção, não acertando por ele ter se esquivado, momento em que conseguiu agarrar o desafeto e segurar sua arma. Nesse momento a arma disparou atingindo o capataz no peito, que foi a óbito, quase que imediatamente. O outro elemento, vendo o parceiro estirado com o sangue jorrando, apontou sua arma para Charles e apanhou a outra que estava no chão. Detido, teve que se ver com a polícia.
    Charles passou a mão na cabeça e olhou para o portão da penitenciária. Não desejava mis voltar para esse inferno que roubou parte de sua vida. O tiro havia sido acidental, porém ele foi considerado culpado tendo em vista a testemunha ocular do fato ter acusado Charles de criminoso, ocultando a verdade.
    Caminhou calmamente pela rua até chegar num vilarejo muito conhecido por ele. A sua velha casa estava ali, a sua frente, como esperando o seu retorno. A porta estava aberta e uma velha senhora estava sentada na sala. Ao vê-lo, admirou-se, não esperava que ele chegasse naquele momento. Chorou copiosamente ao ver seu filho na sua frente, abraçando-o com carinho. Charles verteu algumas lágrimas também, mal conseguindo ficar de pé. Sentou-se e respirou profundamente. Precisava agora de um bom banho e uma cama macia para descansar o corpo maltratado.
    Charles abriu os olhos e bocejou, espreguiçando-se ainda debaixo do lençol. Levantou-se, tomou banho e foi para a mesa tomar café. Já passava das oito horas, havia dormido o suficiente para deixar o corpo em forma. Sua mãe sempre acordava cedo mas deixou ele dormir até mais tarde.
    Da janela Charles observou a paisagem, acendendo um cigarro e dando boas baforadas. Além de um morro ficava a fazenda onde sua ruína teve início. Perturbou-se com a lembrança da morte de Camilo e um pensamento ruim aflorou em sua mente. Será que o homem que o delatou ainda estaria lá? Fez essa pergunta para si próprio. Teve vontade de ir até lá mas conteve o desejo, poderia complicar-se.
    Na cidade a notícia de sua soltura já era conhecida. Charles ficou sabendo porque algumas pessoas comentaram com sua mãe. Mas ele precisava retomar suas atividades de comerciante e abrir a loja fechada durante o tempo de sua reclusão. O estabelecimento carecia de limpeza e sortimento de mercadorias. Tinha que ir até a cidade.
    Depois de tudo organizado, Charles sentou-se na frente da loja para aguardar os primeiros clientes. Um velho amigo seu que passava pelo local, ao vê-lo, dirigiu-se para a loja. Cumprimentou-o e começaram a conversar, relembrando os velhos tempos. Justo era seu nome e ele estava a par de toda a situação passada por Charles, confiava demais nele e ficara indignado com a prisão do amigo. Conhecia os passos do hoimem que incriminou Charles, já teve vontade de fazer justiça com as próprias mãos, mas se conteve. Agora toca no assunto e planejam uma vingança para punir o desafeto.
    Dois dias depois Charles não abriu a loja. Um cartaz avisava que tinha ido fazer compras para repor o estoque. Acompanhado de Justo, pararam em um trecho da estrada deserta, debaixo de uma árvore. Aguardaram a passagem do homem que delatara um inocente e o fizera cumprir uma pena injustamente, quando se tratando de legítima defesa não seria necessária a sua condenação.
    O homem aproximava-se sem de nada desconfiar. Quando passou pelo local onde Charles e Justo estavam escondidos, foi abordado pelos mesmos. Tentou reagir mas foi ferido com um tiro na coxa. No chão, sangrando, reconheceu aquele que testemunhou contra, colocando-o na cadeia. Mesmo ferido tentou reagir novamente mas foi surrado, vindo a desfalecer. Como o sangramento era grande, tiveram certeza que o mesmo não escaparia com vida. Deixaram o corpo ali e seguiram para a cidade.
    Charles abriu a loja normalmente e atendeu alguns clientes. Em pouco tempo a notícia correu de boca em boca, o boato era geral. O corpo do capataz da fazenda fora encontrado por caçadores, que comunicaram o fato à polícia. A princípio o caso foi notificado como assalto seguido de morte, mas como o morto foi testemunha  de acusação de um crime, a polícia convocou Charles para prestar depoimento como suspeito. Ele negou o crime e a polícia, sem provas, não teve como prendê-lo.
    Não foi uma medida correta, mas Charles vingou-se da acusação injusta eliminando aquele que destruiu sua vida, agora sendo retomada com o seu trabalho.   

terça-feira, 27 de março de 2012

AH! ESSE TEMPO

ah! esse tempo sem compaixão
está me afastando do passado
me sinto triste sendo dispensado
das coisas que deixei lá atrás
ah! esse tempo injusto, ingrato
me joga no futuro todo chato
sem me dar tempo de ver o presente
quero voltar, ver tudo novamente
sentir outra vez aquele cheiro antigo
a robustez de um jovem saudável
ver a saudade vindo brincar comigo
mesmo que eu sofra um grande castigo
ah! esse tempo parece querer complicar
querer que me afaste dos sonhos
tirando lágrimas de olhos tristonhos
não permitindo que veja o que ficou
ah! esse tempo me deu a fraqueza
deu cabelos brancos e pouca beleza
como querendo que esqueça quem sou

TRAIÇÃO E SEPARAÇÃO

    Pierre só esperou o avião decolar para ter a certeza de que sua esposa já estava bem longe. Ela estava indo visitar uma irmã que se encontrava enferma no Rio de Janeiro, sem previsão de voltar logo, já que ia depender do estado de saúde dela.
    Dentro do avião Suzana deixou cair algumas lágrimas por gostar muito da irmã, viúva e com um filho pequeno. Não tinha mais ninguém para lhe dar apoio, além de uma vizinha muito caridosa. Prestaria assistência a irmã e aproveitaria para conhecer a cidade, um antigo desejo seu.
    No estacionamento do aeroporto Pierre, dentro do carro, ficou imaginando o que fazer naquele momento. Pegou o celular e fez uma ligação rápida, em seguida partiu. Cerca de vinte minutos depois estava diante de uma casa e uma bela mulher veio ao seu encontro. Saiu do automóvel, abraçou-a e deu um longo beijo. Entraram e ele foi servido com uma dose de whisky, sentado confortavelmente em um sofá. Neide era o nome da sua amante, dona de uma elegância invejável, afinal tinha um padrão de vida muito bom, trabalhava e ainda tinha os recursos dele. Da sala para o quarto foi uma questão de minutos e logo dois corpos nus estavam abraçados em uma cama espaçosa.
    No Rio de Janeiro Suzana desembarcava ostentando um largo sorriso e alguns minutos depois já tomava um táxi rumo à casa de sua irmã. Lá chegando foi recebida por Suely, sua irmã, visivelmente abatida, mas que procurava aceitar esse momento em sua vida. Abraçou-a e beijou o sobrinho, cumprimentando a vizinha que ali estava cuidando dela.
    Pierre deixou a casa de Neide e seguiu para o trabalho, um confortável escritório onde trabalhava como gerente de uma grande empresa de construção civil. Teve um dia de trabalho comum rodeado de vários empregados. No final do expediente pegou o telefone e ligou para a esposa, que atendeu o celular e informou que estava tudo bem e que iria começar as providências para a assistência à irmã.
    Os dias se passaram e Suely teve uma melhora considerável, sendo tratada por um médico de confiança, deixando Suzana mais tranqüila. Teve tempo para conhecer o Rio visitando seus pontos turísticos e suas belas praias. Em uma semana ele desfrutou de momentos agradáveis, mesmo com a irmã em recuperação. Chegando a hora de retornar ao Recife, Suzana resolveu fazer uma surpresa ao marido, dizendo que só retornaria na semana seguinte.
    Tomou o avião naquele mesmo dia, chegando por volta das 16:00 h. Apanhou um táxi e se dirigiu para sua residência. No trajeto ela reconheceu o carro do marido à sua frente e ia pedir ao motorista do táxi que parasse adiante, na frente do seu carro, quando observou que uma mulher estava ao seu lado. Ficou curiosa e decidiu seguir o carro dele. Para sua surpresa e raiva ao mesmo tempo, o carro dele entrou em um motel. Fula da vida, já expondo ao profissional do táxi a sua situação, pediu para o mesmo aguardar, sendo atendida. Foi uma espera de quase duas horas, mas para ela ia valer a pena. Quando o carro do marido se preparava para sair, ela ficou na frente aos gritos, expulsando a mulher de dentro aos puxões de cabelos. Foi uma cena lamentável que ela própria nunca esperava.
    No dia seguinte, depois de explicações e discussões, Suzana decidiu sair de casa, acertando com um advogado a separação, viajando novamente para o Rio de Janeiro, onde tentaria acertar sua vida morando com a irmã, que mais do que ele precisava de sua ajuda.
    Pierre não conseguiu se justificar e teve que engolir a ira da esposa, coberta de razão. Traição se paga com separação, preço que ele teve que pagar.

segunda-feira, 26 de março de 2012

VISITA AO HOSPITAL

   
    Ivo abriu suavemente a porta do quarto. Olhou atentamente aquela figura sobre o leito de um hospital, quase não o reconhecendo. Sentiu vontade de chorar mas se conteve para não agravar a situação do enfermo. Era Luiz que ali estava, acometido de uma doença  respiratória que o vitimara há cerca de um ano. Um sorriso meio amargo se via no rosto do doente e uma grande vontade de lutar contra o mal foi demonstrada em suas palavras, numa dicção um pouco arrastada por conta da falta de ar.
    Em tempos passados Ivo e Luiz foram companheiros de trabalho e praticavam futebol juntos, além das farrinhas nos finais de semanas. Muitas vezes chegavam bêbados em casa, sendo repreendidos pelos pais. Essa rotina se prolongou por muitos anos, até que Ivo, tendo concluído o curso superior, arranjou um emprego e foi trabalhar em outro estado, onde passou a morar. Nunca mais teve contato com Luiz, que sentiu a ausência do amigo mas continuou sua vida boêmia.
    Bastante emocionado, Ivo apertou a mão do amigo enfermo e desejou melhoras, ficando de voltar o mais breve possível para encontrá-lo restabelecido. Fora avisado do caso através de um outro amigo, que pediu para que viesse visitá-lo quando fosse possível, o que realmente aconteceu e até em curto espaço de tempo.
    Sozinho no quarto, Luiz ficou pensativo. Com a saída de Ivo, que necessitava voltar para seu estado e trabalhar, algumas lágrimas rolaram pelas suas faces, afinal era um amigo e tanto que deixara o seu trabalho em outro estado e viera visitá-lo, saber de sua saúde. Relembraram aos risos as peripécias vividas, os momentos alegres com as garotas, as farras e as brincadeiras da turma jovem. Luiz estava ciente que havia exagerado na bebida, no cigarro, nas noites em claro, tudo por causa dessas malditas farras. Agora ele compreende que eram as malditas farras as responsáveis pela sua doença.
    Passou-se cerca de um mês e Ivo resolveu fazer uma nova visita ao amigo acometido de problemas respiratórios. Preferiu fazer uma surpresa esperando encontrar Luiz já restabelecido ou pelo menos numa situação bem melhor. Como da primeira vez, dirigindo-se ao quarto, abriu a porta bem devagar, já sorrindo, porém o que viu foi uma cama vazia, deixando ele surpreso. Imaginando que Luiz já havia recebido alta, dirigiu-se até uma enfermeira e indagou sobre Luiz, sendo informado que o mesmo havia falecido logo cedo e que o corpo já tinha sido retirado do local. A família fora avisada e iriam providenciar o sepultamento. Abalado, Ivo procurou a família e participou do evento fúnebre, lamentando uma perda tão preciosa.
    Ivo imaginou sua vida se não estivesse tão dedicado ao trabalho, fora das farras, mudando até o seu ritmo de vida. Tinha deixado de beber em demasia, não tinha muitos amigos farristas e passava a maior parte do tempo concentrado no trabalho, tomando uma cervejinha apenas de vez em quando. Talvez essa mudança tenha ajudado ele a ter uma vida mais saudável, o que não aconteceu com Luiz, que bebia quase todos os dias e no final de semana o consumo do álcool era bem maior.

PAOLA, A SOLITÁRIA

    Sentada na classe, olhar firme na lousa, Paola ouvia atentamente as explicações do professor. Cursava o segundo ano de Medicina e seu sonho era se tornar uma médica que atendesse a classe menos favorecida, um desejo que pouca gente se interessa. Ainda na flor da idade, com seus 19 anos, era uma moça tranqüila, não tinha namorado, pouco ia a festas e estava sempre no seu quarto estudando, revisando uma matéria ou passando a limpo algum trabalho da faculdade.
    Alguns colegas viam Paola como uma pessoa dedicada aos estudos e preocupada com o futuro, enquanto a maioria apenas zoavam, a chamavam de chata e a tachavam de solitária, pois nunca estava em grupo, procurando ficar afastada e falando somente o necessário com os poucos amigos de verdade.
    Lá fora, um jovem de seus vinte e poucos anos aguardava pacientemente a saída dos alunos, consultando o relógio vez ou outra. Era Fábio, um velho conhecido de Paola, que morava perto de sua casa. Morria de vontade de namorá-la, mas ela não lhe dava bola.
    Tocou a campainha e todos se retiraram da sala, ficando apenas Paola organizando alguma coisa antes de arrumar sua pasta.
    Fábio, inquieto, estranhou por não ver Paola sair. Dirigiu-se para o corredor por onde saem todos os alunos. Viu que Paola saía de uma sala e a cumprimentou, se alegrando com o seu sorriso um tanto reservado. Saíram juntos, ele pediu para acompanhá-la. No caminho ele insistiu que gosta dela e implorou para que namorassem, sendo recusado nessa investida. Outras tentativas aconteceram, no entanto sem sucesso. Paola continuava firme na sua decisão, o que deixava Fábio bastante chateado a cada dia.
    O tempo passou e finalmente um dia muito especial chegou para Paola, aquela moça simples, calada e sempre com poucos amigos. Enquanto todos comemoravam, gritavam, se abraçavam e bebiam no bar, ela permanecia quieta, sempre na dela, portadora de uma solidão que só ela saberia explicar. Mas estava alegre, havia conseguido o que tanto desejava.
    Em casa a alegria de seus pais era grande, finalmente a filha única dava um grande prazer para eles, se tornava uma doutora. Um jantar especial foi servido pela empregada da casa, em homenagem a mais nova integrante da Medicina, aquela que iria cuidar da saúde das pessoas, principalmente aquelas de poucos recursos que procuravam o serviço público.
    Alguns anos se passaram e Paola foi convidada para atuar numa cidadezinha do interior, nos arredores de sua cidade. Foi uma experiência muito boa e que deixou-a bastante feliz, pois estava tendo contato com pessoas pobres, pessoas que ela jurou um dia ajudar.
    Paola estava satisfeita com aquele trabalho, numa cidade interiorana bem agradável, onde podia desfrutar de um clima agradável e nas horas de folga sempre dava um passeio pelo parque e ruas arborizadas, uma característica do local. Já haviam se passado vários anos e ela estava acostumada com aquela cidadezinha tranqüila, o que fez ela se mudar para lá. Morava sozinha e com seus quase quarenta anos nunca tinha se casado nem tampouco arranjado alguém para conviver. Teve alguns namoros passageiros, mas nada de compromissos sérios, estava acostumada já com a vida solitária e achava que era melhor só do que mal acompanhada.
    Um certo dia Paola resolveu dar um passeio na cidade grande, onde morou quando era jovem.  Caminhava tranqüila por uma praça quando seu ombro foi tocado por u’a mão e um tom de voz grave chamou o seu nome. Virou-se um pouco assustada e quase não reconheceu a pessoa. Era Fábio, seu antigo admirador, que a reconhecera. Não foi difícil para Paola reconhecê-lo, apesar do tempo que passou sem encontrá-lo. A barba branca e o corpo franzino, esquelético, deixou-a bastante impressionada. Ficou com pena e deu atenção a ele. Sentados em um banco falaram de suas vidas e relembraram os tempos quando ela freqüentava a faculdade.
    Depois de um certo tempo Paola resolveu se despedir, pois teria de voltar para sua cidade. Ficou sentida com a situação do antigo amigo, que nunca se casou pensando em desposá-la um dia. Como não a vira mais e sabia que jamais a teria em seus braços, Fábio passou a beber diariamente, alimentando também o vício do cigarro. Anos a fio passou dias e noites em farras, companheiro apenas da bebida e do fumo, que terminaram comprometendo a sua saúde.
    Já em casa Paola ficou pensativa com a situação de Fábio. Poderia até ajudá-lo de algum forma, não se comprometendo em nada além disso, mas ficou só no pensamento, pois não retornara à cidade de origem, desde que seus pais faleceram. Sozinha naquela cidade e morando em lugar confortável, já havia decidido manter esse tipo de vida.
    A solidão nem sempre é ruim para as pessoas, mesmo quando percebe que a idade vai avançando. Para Paola, que faz caridade para um abrigo de idosos, onde é considerada como uma mãe e investe lá algum dinheiro, já se prepara para viver ali quando não tiver mais condições de se manter sozinha.

domingo, 25 de março de 2012

DESILUSÃO EM DOSE DUPLA

  
     Marcos estava feliz, nunca se sentira tão eufórico como agora. A manhã estava bonita, o sol brilhava e o vento parecia envolvê-lo com o perfume das flores do jardim. Dias antes havia conhecido uma garota, iniciaram um papo bem legal e passaram momentos para ele inesquecíveis. Lucy era um doce de menina, demonstrou grande carinho e correspondeu aos beijos dele. Sua vida mudara desde então, assobiava músicas durante o banho, ia para o trabalho mais alegre, imaginando o momento de encontrar a sua querida Lucy.
    Repentinamente teve um sobressalto, pensou na hipótese de não encontrá-la hoje, já que estava decidido a fazer-lhe uma surpresa. Nas mãos tinha um lindo buquê de flores que acabara de comprar na esquina. Se arrumara com a melhor roupa, após ter tomado o café da manhã, pois queria impressionar aquela que lhe dera atenção, que havia dado um impulso no seu modo de viver, coisa que ele tanto desejava e que agora o destino lhe presenteou.
    Chegou a hora de sair, seu coração palpitava forte, parecia um jovem indo ao encontro da primeira namorada. Era um domingo como tantos outros, quando acompanhado da mãe se dirigia para a missa, na igreja que ficava a duas quadras de sua casa. Era um compromisso que não podia faltar, assim sua mãe o educara, temente a Deus e cumpridor dos mandamentos divinos. Mas esse era um dia especial, obtivera a autorização da mãe para ir a esse encontro tão desejado, tão falado, o que a deixou bastante gratificada, afinal o filho merecia uma mudança de hábitos, merecia ter uma vida mais independente, precisava conhecer o verdadeiro sentido do amor e essa moça, que ela ainda não conhecia, poderia até fazê-lo feliz, poderia fazê-lo ver o mundo de uma forma mais clara, mais objetiva. Já quase beirando os trinta anos de idade não havia conhecido alguém que o tirasse de uma tristeza interior, que o fizesse esquecer de vez uma desilusão ocorrida há cerca de oito anos, quando amou uma garota sem ser correspondido, causando um grande sofrimento que o deixara abatido, sem forças para encarar a vida. Quando ela foi embora foi como se o mundo tivesse acabado para ele.
    Marcos seguiu a passos firmes pela rua pouco movimentada. Segurava com muito cuidado o buquê de flores que ofertaria a namorada, que conhecera há poucos dias, que demonstrara ter afeição por ele, apesar do pouco tempo. Assim ele imaginou que seria o seu relacionamento com Lucy, um amor que estava nascendo, que estava matando aquele sentimento ruim que ainda existia dentro dele e que o faria um novo homem.
    Lucy já estava no portão quando ele chegou em sua casa, esboçando um leve sorriso, não aquele sorriso que ele esperava, com mais entusiasmo, mas que deu para fazê-lo sorrir também. Entregou para ela o buquê e fez menção de beijá-la, mas esse gesto não se concretizou. Lucy, com aparência mais séria, educadamente virou o rosto e baixou a cabeça, deixando Marcos completamente estupefato. Foi como se o mundo tivesse desabado sobre ele ou se uma grande ferida se abrisse fazendo-o sentir dor. Não queria acreditar, seus olhos se negavam a aceitar essa situação. Um pesadelo parecia assustá-lo outra vez.
    Mara era uma garota alegre quando enamorou Marcos, curtia a vida com bastante alegria, mas no fundo não gostava dele, queria apenas dar vazão aos seus desejos, talvez precisasse só de uma companhia que ele interpretou como um romance, apesar de se beijarem, de se abraçarem, de saírem juntos, o que marcou muito a sua vida. Esse tempo passou, mas ficaram as lembranças que não foram esquecidas totalmente.
    Lucy enfim levantou a cabeça, fixou bem o olhar sério em Marcos e falou secamente, sem se importar com os seus sentimentos:
- Não posso mais ficar com você.
Aquilo foi como um tiro de misericórdia, já que Marcos tinha esperança dela recuar, de mudar seu pensamento. Compreendeu então que Lucy tomara aquela decisão movida por um sentimento antigo de amor por um ex-namorado que tinha entrado novamente em sua vida. Gostava dele, apesar de ter sumido depois de uma briguinha simples e uma ausência de alguns meses. Voltava agora, arrependido, caindo nos braços de Lucy, que muitas vezes sonhara com isso. Conheceu Marcos e se dedicou a ele para fugir, talvez, do desprezo, da solidão.
    Marcos agora estava ciente de que não adiantava insistir, de tentar rever a garota, que na realidade amava outro homem. Mais uma vez chorou copiosamente, sentiu um grande impulso para não mais querer viver.
    Em casa, aos prantos no quarto, reviveu aqueles momentos tristes quando Mara o deixara, quando sua vida se tornara um inferno e que só o tempo amenizou. Conheceu Lucy e tudo se repetiu, deixando ele no desespero, numa situação que só quem sente é quem sabe dizer.
    O destino se mostra aparentemente muito duro com as pessoas, mas ninguém sabe o motivo para isso. Todos nós temos os nossos momentos de tristezas, de desilusões, mas o tempo é soberano para consertar os erros do presente e quem sabe essa não seja a forma de fazer Marcos procurar o caminho certo que o levará para a felicidade?

sexta-feira, 23 de março de 2012

ENFIM A VITÓRIA

os últimos estampidos foram ouvidos
a revolta agora estava terminando
muita destruição, o povo chorando
choros convulsivos de alegria e tristeza
sentimentos misturados num belo amanhecer
como se a manhã conivente quisesse nos agradecer
enfim a liberdade que tanto se esperava
mesmo com corpos estendidos no chão
enfim a votória de um povo, de uma nação
que durante décadas sofreu com corruptos
com uma elite que esbanjava no poder
sem poder exigir nem também se defender
uma ditadura cruel que matava e oprimia
prendia pessoas de bem sem motivo algum
encarando a pobreza como coisa comum
mas a luta enfim teve um grande êxito
os anos se passaram, as mentes amadurecendo
a revolta era necessária, o povo estava querendo
sem derramamento de sangue era impossível vencer
agora é recolher os corpos, limpar o sangue do chão
enaltecer a nossa bandeira, acordar toda a nação
cantar o hino nacional, defender a nossa honra
somos um povo ordeiro, rumo à glória
se preparar para o trabalho, enfim a vitória



terça-feira, 20 de março de 2012

TÂMARA - A FORÇA DO AMOR


    Faltavam poucos minutos para Tâmara sair, mas lá fora um carro buzinava insistentemente. Da janela do primeiro andar ela acenou pedindo para aguardar, já que dava os últimos retoques na maquiagem. Precisava estar linda e elegante numa cerimônia tão importante: um casamento. Pedro, seu amigo de faculdade, teve que esperar, apesar de apressado.
    Olhou-se no espelho, ajeitou o cabelo e deu um sorriso radiante. Enfim, estava pronta. Sairia agora para prestigiar o casamento de sua melhor amiga, Shirley, que morava no mesmo bairro. Estudaram juntas numa escola particular, tinham um bom relacionamento e nada impedia que essa amizade se prolongasse.
    Já dentro do carro, sorrindo para Pedro, disse da grande alegria de participar desse casamento tão esperado, apesar de não conhecer o noivo. Shirley era um pouco misteriosa e recentemente desmanchara um namoro de vários anos, ficando por certo tempo curtindo essa desilusão. Pouco tempo depois anunciou para Tâmara que conhecera um rapaz, muito simpático, iniciando aí uma relação que terminou em namoro. Fez segredo para Tâmara, alegando que ela o conheceria no dia do casamento, o que realmente iria acontecer dentro de poucos minutos. A curiosidade deixou-a um tanto perturbada, mas aceitou o desejo da amiga. Conheceria durante a cerimônia o tão falado noivo de Shirley.
   Entrou na igreja já pensativa, mas esboçou um sorriso alegre, cumprimentando as pessoas presentes. No altar estava o noivo, sorridente, aguardando a chegada da sua noiva. Seu olhar e o de Tâmara se cruzaram e um ar de inquietação tomou conta de ambos. Não restava dúvida, Tâmara conhecia muito bem aquele homem que estava prestes a dar um “sim” para sua amiga Shirley. Visivelmente abalada deixou cair duas lágrimas e um semblante de tristeza se instalou nela. Levantou-se calmamente e se dirigiu para a saída da igreja. Pedro, que estava ao seu lado, nada compreendeu. Só tentou fazê-la voltar, mas em vão. Tâmara saiu já chorando, tomou um táxi e se dirigiu para casa. No quarto, aos prantos, ficou por determinado tempo.
    Na igreja o casamento estava para ter início. O padre já se preparava para o evento, momento em que a noiva já percorria o caminho do altar, ao som da marcha nupcial. A alegria estava estampada no rosto de Shirley, que de nada suspeitava. Sabia que seu noivo, Gustavo, tinha namorado uma moça da cidade, rompeu com ela, porém nunca declinou seu nome. Pedira até que esquecesse esse fato.
    Em casa, Tâmara sofria calada, rios de lágrimas desciam pelas suas faces, fazendo-a lembrar os doces momentos de amor ao lado de Gustavo, que a amava e prometera só com ela se casar. Porém, devido a conflitos entre os dois, o relacionamento terminou e ele fora para bem longe, dizendo que sempre a amaria. O tempo passou e Tâmara acabou esquecendo esse amor, que agora aflorou com toda a força. Ela não sabia então o que fazer.
    O padre começou a cerimônia. Gustavo e Shirley estavam juntos, prontos para o casório, mas o ar estranho dele fez o religioso questionar sobre o que estava acontecendo. Gustavo então caiu em prantos e assumiu publicamente que não queria mais casar, o que surpreendeu tanto Shirley como todos os convidados. Sem dar explicações saiu da igreja cobrindo o rosto, deixando sua noiva também aos prantos. A cerimônia foi cancelada e as pessoas presentes começaram a se retirar do templo.
    Talvez movida por um sexto sentido, já tendo trocado de roupa, Tâmara saiu de casa, dirigindo-se para a igreja, onde esperava presenciar a cena feliz do seu ex com a sua melhor amiga. Uma surpresa aguardava ela no trajeto para o local, quando Gustavo vindo em sua direção, sem nada pronunciar, abraçou a ex-namorada, sendo correspondido pela mesma, chorando ambos em plena via pública.
    Shirley era amparada por familiares e amigos, sendo conduzida para sua residência. Essa grande decepção a deixou bastante abalada, os motivos não foram esclarecidos e Shirley se limitou apenas a se trancar no seu quarto e chorar até a última gota de lágrima.
    Na rua, bastante arrependido, Gustavo implorou o amor de Tâmara, pedindo para que se casasse com ele. Ainda tomada de grande surpresa, ela disse que iriam conversar, mas que o amava muito também e que a sua aparição repentina deixou entre ela e a sua amiga uma situação constrangedora e que fatalmente iria esbarrar numa quebra de amizade que teria que sustentar. Afinal o amor é uma coisa, às vezes, difícil de ser compreendida e que só os dois amantes saberão que caminho deverão percorrer.
    Passaram-se alguns meses e Tâmara e Gustavo assumiram o romance na maior tranqüilidade. O mundo para eles se transformou, foi como se um novo tempo vigorasse, imaginaram que nada havia acontecido de anormal e o casamento fora enfim marcado.
    Shirley, já recuperada da humilhação que passou diante da sociedade, procurou viver uma vida mais isolada, freqüentando apenas a faculdade junto com Carlos, que lhe deu a maior força e a confortou nos momentos difíceis. Nunca mais vira Tâmara, apesar de estudarem na mesma faculdade, pois mudara de horário para evitar o confronto. Pedro, amigo de Tâmara, também amigo de Shirley, ficou numa situação um tanto complicada, pois não queria criticar nem uma nem outra, nem tampouco levar informações para ambas. Nutriu um ódio tremendo da então ex- amiga ao saber dos detalhes que destruíram seu casamento com Gustavo.
    Afinal chegou uma data tão esperada, tão desejada por Tâmara e Gustavo. Um casamento que unirá os dois para sempre. Não naquela igreja, palco de decepções, tanto para Tâmara quanto para Shirley. Escolheram uma igrejinha simples, um pouco mais longe, para evitarem o assédio de algumas pessoas que apoiaram o outro lado da situação, também para que tudo transcorresse na paz, na tranqüilidade. E assim aconteceu.
    Os anos se passaram e Tâmara formou-se em Arquitetura, tendo conseguido um bom emprego numa empresa de grande porte. Ao lado do marido Gustavo foram morar em outro estado, vivendo ambos na maior tranqüilidade conjugal, trabalhando e almejando terem filhos em breve.
    Um certo dia Tâmara foi convidada por um engenheiro da Prefeitura da cidade para fazer um trabalho de arquitetura, para que uma grande praça tivesse uma urbanística que impressionasse os visitantes. O trabalho foi aceito e o contrato firmado. Após a execução do serviço, Tâmara se dirigiu ao Departamento Financeiro da Prefeitura para receber o cheque no valor acordado. Quem lhe entregou o cheque surpresa e ainda guardando um pouco de ressentimento? Shirley. O destino as uniu para que as mágoas fossem esquecidas, para que os sentimentos melhorassem, para que tivessem a oportunidade de ouvirem explicações uma da outra. Shirley já estava casada, formada em Engenharia Civil e conseguira um alto cargo na Prefeitura dessa cidade. Algumas lágrimas rolaram de ambas as faces, u’a mão afagou a outra rival, agora com o perdão mútuo. O destino é assim, nos coloca em situações difíceis, nos prega peças, porém o mais importante é compreendermos que o verdadeiro amor não sucumbe e talvez tenha sido melhor para Shirley, que encontrou uma pessoa capaz de fazê-la feliz, uma felicidade que reina na vida de Tâmara também.   

TRISTE PASSADO

sentado na cadeira o velho observa a rua
crianças brincam numa algazarra total
vez ou outra abre um sorriso, coisa natural
parece divertir-se com as brincadeiras infantis
não ousa irritar-se, parece acostumado
pensa no seu passado, não tanto iluminado
como o presente desses meninos agora
na cadeira, imóvel, não pode sequer andar
vê o mundo dessa forma, mas pode sonhar
pode imaginar estar naquele meio pulando
corre para um lado, xinga um amiguinho
o rosto estampa alegria, nunca está sozinho
diferente do seu passado distante
quando um grave acidente privou-o da locomoção
fora atropelado por um carro na contra mão
um triste passado que roubou sua alegria
que só o tempo pode agora aliviar
resta agora um pouco de vida para aproveitar

segunda-feira, 19 de março de 2012

MALU E O MAR

o mar revolto espantou Malu naquela noite
a pequena embarcação estava descontrolada
à deriva, deixou a moça bem preocupada
jovem ainda, almejava realizar seus sonhos
nunca se vira em situação tão perigosa
temia por sua vida, mas era corajosa
sabia que os familiares a esperava, a amava
e tinham muitos motivos para estarem juntos
para falarem da viagem, entre outros assuntos
o mar castigava a embarcação frágil
sentia que estava perdendo a esperança
tentava ser forte, lembrou-se de quando criança
chorava em situações difíceis, era insegura
ficar só para ela era uma amargura
a tempestade jogou bastante água na cabine
imaginava o destino perturbando sua paz
suas lágrimas desciam mas se sentia capaz
enfim o vento amansou, calmaria no mar
um leve sorriso em Malu, hora de descansar
a tranquilidade voltou, para ela e o mar
já pode sorrir de verdade, já pode sonhar

domingo, 18 de março de 2012

TENTATIVAS


RESOLVI MINHA VIDA, VOU PARAR DE SOFRER
TENTEI MUITAS VEZES ACREDITAR EM MIM
MAS AGORA VOU FIRME, VOU CONSEGUIR SIM
É A ÚLTIMA TENTATIVA PARA O MEU BEM
MESMO QUE COM ISSO EU VIVA NA SOLIDÃO
SEM TENTAR SABER O PORQUE, A RAZÃO
PREFIRO ESQUECER O PASSADO, NÃO AMAR
PODER VER O SOL NASCER, A LUA CLAREAR
TENTEI SER FELIZ AO LADO DE ALGUÉM
TENTEI FUGIR, ME ESCONDER, TROPECEI PORÉM
NÃO HÁ MAIS MOTIVOS PARA CONTINUAR TENTANDO



AQUELES OLHOS VERDES

momentaneamente meu cérebro deu pane
fiquei parado como se estivesse hipnotizado
por um par de olhos, bem aqui do meu lado
lindo momento, olhos verdes que jamais esquecerei
foi como se me fulminasse em plena rua
em passos lentos, sob o clarão da lua
sumindo e me deixando ali perplexo
não consigo imaginar que isso aconteceu
talvez fosse miragem, fruto de sonho meu
coisas que povoam minha mente fraca
brincam com meus sentimentos, me iludem
me fazem delirar e em seguida somem
fiquei feliz com aqueles olhos verdes
me deixaram estacionado no tempo, na vida
penso nela, imaginação que não será esquecida

sexta-feira, 16 de março de 2012

UMA JANELA NO PASSADO

abri uma janela no meu passado
e vi um menino alegre brincando
não tinha sonhos, a infância desfrutando
corria no terreiro fazendo algazarra
era pobre, morava num quartinho
ficava pensativo quando estava sozinho
sempre estudioso, o primeiro da classe
tinha medo da rua, andava com os pais
sair sem destino certo, isso jamais
era peralta como tantas outras crianças
jogava bola muito contente e sempre sorrindo
não tinha moleza, antes das dez já estava dormindo
gostava dos irmãos, às vezes arengavam
mas é coisa de criança, isso acontece
o tempo passa, um outro mundo aparece
não é mais criança, agora um rapazinho
já anda na rua, vai à venda sozinho
da janela fico olhando toda essa beleza
foi um lance do passado, isso aconteceu
e quero dizer a vocês, esse menino sou eu