sexta-feira, 28 de setembro de 2012

2045 – O QUE RESTOU DO PLANETA TERRA

    Após conectar os minúsculos fios ao aparelhinho, que levava informações ao seu cérebro através de um chip instalado em seu corpo, Kim cerrou os olhos e viu as cenas mais impressionantes da história do planeta Terra. Eram cenas chocantes, cenas tão aterrorizantes que fariam chorar qualquer ser humano de algumas décadas atrás, mas ele estava preparado psicologicamente para enfrentar essa realidade estarrecedora que culminou com a destruição em massa de muitos países do nosso planeta. As imagens eram captadas pelo centro ótico e projetadas nas pálpebras. Com os olhos fechados Kim assistiu aos horrores como se estivesse em um cinema. Conectadas ao sistema outras pessoas também viam as cenas chocantes.
    O tempo atual era o ano de 2045 e Kim acabara de chegar do planeta Marte, onde estava vivendo atualmente com boa parte da população da Terra, pessoas que escaparam da quase destruição do nosso planeta, catástrofe causada pelos próprios terrestres durante o conflito mundial no ano de 2015, época em que já prevendo uma situação perigosa para o planeta, Kim resolve semanas antes enviar aqueles que quisessem ir para o planeta vermelho, onde se constatou após estudos ser perfeitamente possível viver, tendo apenas as pessoas a necessidade de usar um equipamento para auxiliar na respiração, por ser o ar diferente da Terra.

    As cenas vistas por Kim e por seus companheiros de viagem, dentro da sua nave espacial, pousada em um ponto estrategicamente escolhido, poderiam ter sido evitadas não fosse a ganância e a prepotência de governantes de países ditos desenvolvidos, como por exemplo os Estados Unidos da América, o primeiro a ser riscado do mapa. Em seguida vieram a Inglaterra, França, Japão, China e outros que guerrearam entre si causando mortes em grande número. Os cidadãos que não quiseram se envolver no grande conflito se refugiaram em montanhas e bosques de outros países e mesmo assim muitos pereceram. Grupos militares e civis, com ajuda de governantes de países vizinhos, iniciaram uma grande viagem ao espaço e o destino era o planeta Marte, já conquistado pelo Capitão Kim, um dos poucos militares que não se envolveram no conflito mundial. A grande maioria da população da Terra teve a vida ceifada nessa guerra imbecil e as poucas pessoas que conseguiram escapar vivem em Marte e lamentam o que ocorreu no planeta Terra, hoje destruído e em fase de reconstrução, um trabalho promovido por Kim, que ora visita seu ex-planeta.

    As grandes construções da Terra caíram como castelos de areia, todo o sistema de comunicação foi desativado com a destruição dos satélites da órbita terrestre, o fogo queimou matas e secou rios, vidas humanas eram ceifadas impiedosamente ante olhares estarrecidos de retirantes. Essas foram as cenas que fizeram Kim quase chorar e que foram gravadas por câmeras especiais colocadas em aeronaves protegidas a certa altura do chão e enviadas ao planeta Marte, onde ele aguardava ansiosamente o desenrolar dos acontecimentos.

    2045 foi um ano de tristeza para Kim, quando de sua visita ao seu planeta, praticamente destruído, nada restando de pé, totalmente sem vida, animal ou vegetal. Restava agora saber por onde começar, o que fazer para que o planeta Terra volte a ser como era antes, bonito e cheio de vida, de uma beleza sensacional que foi varrida por conta da incompetência de seres ditos humanos que não souberam preservá-la.

OS VERDADEIROS FILHOS DO AMOR


 São aqueles cujas mães se dedicam integralmente a eles, dando amor e proteção com suas presenças, dando carinho e não se distanciando de seus filhos, diferentemente do que vemos hoje. Mães verdadeiras são essas que permanecem em seus lares cuidando do bem estar dos rebentos e não aquelas que os deixam com parentes e seguem para o trabalho. Filhos do amor são aqueles que nasceram de casamentos ou uniões estáveis e não aqueles que se tornaram frutos de namoros sem responsabilidades, vindos ao mundo sem o necessário desejo, sem serem programados para isso. 

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

MEU ERRO



M eu erro foi pensar que
A quele beijo pudesse representar a
R ealização de um sonho, o belo
I nício de um romance que nunca
A conteceu entre nós.

C onheci você, conheci o amor, um
A mor que não tinha reciprocidade
N esse nosso viver e que
D oía bastante em minha alma,
I mpossibilitando meu coração de
D ar tudo de mim, de fazer com que
A ceitasse ser feliz comigo.

V eio então a angústia e a sua
I nsensatez foi notada por mim,
E sse momento me transformou
I mpedindo que continuasse a amá-la.
R esignado, busquei outro rumo e
A ssim saí à procura de paz.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

A VINGANÇA DAS MULHERES JOGADAS AO MAR

    O mar agitado estava ali, diante dos olhos de Rudy, um homem grosso e de atitudes estranhas. De pé na embarcação contemplava aquele mundo de água salgada, ali estava o seu meio de vida como embarcado, passando mais tempo no mar do que em terra. Jamais caíra uma única lágrima de seus olhos por não possuir sensibilidade por outro ser humano, ria muito pouco e estava sempre metido em confusões no navio. No entanto Rudy era um excelente profissional, estava sempre disposto para o serviço, o que agradava o seu chefe, o que evitava a sua punição. Não tinha família formada, apenas um irmão que não sabia o paradeiro, motivo de mantê-lo mais tempo no trabalho em alto mar, mesmo nas horas de folga.

    O navio atracou no porto e Rudy desceu para aproveitar a folga. Acostumou-se a bebericar nos bares da área portuária sempre na companhia de prostitutas, dando um jeitinho de levar uma para o seu camarim horas antes da partida do navio. Tinha a conivência de alguns companheiros para essa empreitada, afinal teria pela frente uma viagem longa e uma mulher escondida iria satisfazê-lo plenamente, fazendo inveja aos demais. Rudy transava diariamente com a prostituta e quando aproximava-se o momento de atracar novamente em outro porto, ele alegou para ela que iria trocar de camarim, enfiando-a em um saco para que não fosse vista durante o trajeto. Era o momento exato de jogá-la no mar, afinal  não lhe serviria mais. Ele a enganara com promessas de uma vida melhor em outras terras, afogando-a dessa maneira. Inúmeras foram as vezes que Rudy praticou esse crime, muitas foram as mulheres que se deixaram levar por falsas promessas de uma vida decente e de mordomias e perderam suas vidas enfiadas em sacos e indo parar no fundo do mar.

    Certo dia Rudy se desentendeu com um companheiro e foram às vias de fato. Bebiam discretamente e ele já se encontrava quase bêbado. Aqueles que não se davam bem com Rudy aproveitaram a ocasião para espancá-lo, já que ele mal conseguia ficar de pé. Com um soco certeiro Rudy foi atingido e caiu, bateu a cabeça e ficou imóvel. O sangue jorrou e foi constatado um corte profundo em sua fronte, o que o levou a óbito. Preocupados com essa ocorrência seus companheiros, mais que depressa, enfiaram-no num saco e o jogaram no mar, limpando o sangue que estava no convés. Rudy já sem vida foi parar no fundo do mar e quando o navio atracou no porto seguinte todos desceram e ninguém notou a sua falta. No retorno para a embarcação todos pensaram que Rudy se perdera em terra e o seu desaparecimento foi oficializado pelo comandante.

    Rudy acordou imaginando ter passado um bom tempo em estado de demência, não se lembrando claramente do que ocorrera. Sabia que estava em alto mar e que havia entrado em luta corporal com companheiros de serviço na embarcação, mas não lembrava o motivo e não sabia em que lugar se encontrava agora. Sentia falta de ar como se algo ou alguém o sufocasse. E lentamente foi recobrando a razão, vendo em seguida uma porção de mulheres ao seu redor, rostos que ele identificou prontamente. Elas riam cinicamente da sua situação e Rudy nada podia fazer, pois seu corpo parecia paralisado, ele não conseguia fazer nenhum movimento.

- Onde estou? – perguntou ele. As mulheres continuavam com a sessão de sadismo, debochando dele, que já sentia vontade de chorar.

- Vocês estão mortas! Eu as joguei no mar! Me deixem! – gritou. Tudo em vão, elas apenas riam.

    Rudy foi então colocado em um saco e arrastado para um lugar distante onde existia um lago. As mulheres lhe disseram que ele iria ter uma segunda morte, mais dolorosa, mais terrível. Jogaram então ele de uma parte alta e Rudy se viu afundando em águas escuras, sentindo uma horrível falta de ar, além da impossibilidade de qualquer reação. Pagou caro o preço de seus crimes, pois além de ser jogado já morto no mar, foi novamente jogado nesse lago misterioso e profundo. Nada mais ele viu após esse episódio.

domingo, 23 de setembro de 2012

HOMEM x MULHER – NINGUÉM CONHECE NINGUÉM


Dizem que a mulher
Do homem só conhece dez por cento

Mesmo assim é um tormento
Ela xinga, pega no pé

Quer saber onde ele esteve
Se por acaso contato manteve

Com algum rabo de saia
 

Dez por cento é muito pouco
Coitada da pobre mulher

O homem raparigueiro só quer
Motivo pra arrumar outra

Portanto minha prezada senhora
Atenda o marido sempre na hora

Não arranje desculpa na cama
 

Mulher também engana
E o homem nem desconfia

Bota chifres em pleno dia
Quando ele está no trabalho

Ninguém conhece ninguém
Eu vou até mais além

Cada um que cuide do seu

terça-feira, 18 de setembro de 2012

EU E A LUA


A força do vento joga as águas
Contra as pedras, que suavemente

Me molham, ali sentado e sozinho
Apenas tendo a lua como companheira

Clareando o meu corpo imóvel

Olhando o vazio e escuro mar
Vislumbrando só pontos de luz

De embarcações que navegam
Para algum lugar distante

Não estou só, estou com a lua
Essa minha amiga solitária

Que me faz escutar o som das águas
No silêncio de uma noite

Num recanto onde ponho pra fora
As minhas lembranças, os meus anseios

A minha vontade de gritar
Naquele imenso e escuro mar

Onde só a lua poderia escutar meu apelo
As palavras seriam em vão

Serviriam apenas para extravazar
O meu descontentamento, a minha solidão

Nem estas palavras sem rimas
Vão poder me dar alegrias

Vão levar até a lua o meu pensar
Pode até alguém achar sem nexo

Não ver sentido no que digo
Mas a lua é testemunha visual

Ela que me clareia e me faz
Vir aqui neste canto desabafar

Eu e a lua somos a verdade
Somos a razão para levarmos a alguém

A maneira do nosso pensar
Eu no meu silêncio, a lua na sua solidão

ESTRANHA PAIXÃO

    Era uma noite fria de agosto e eu me debrucei na janela da minha casa para olhar a rua, não especificamente a rua, mas uma casa que ficava quase em frente a minha. A minha casa ficava numa parte alta e eu tinha o privilégio de ver toda a movimentação da rua, inclusive das casas vizinhas e uma delas era o meu foco de observação. Ali morava uma garota que havia se mudado há pouco tempo e havia despertado a minha atenção, inexplicavelmente eu havia me apaixonado por ela sem ao menos conhecê-la, sem ao menos ter um contato. Simplesmente eu havia decidido que gostava dela, que ela seria a minha escolhida e nada ou ninguém iria impedir que esse meu desejo se realizasse. Eu ainda nem sabia o seu nome, não sabia nada sobre ela, apenas uma garota era o que sabia e que só olhou para mim uma única vez e foi esse o momento que despertou o meu estranho interesse. Da janela dava para observar atentamente os seus movimentos, apesar de não serem frequentes, pois muitas vezes eu não a via por ali, não sabia se estava em casa, se havia saído, porém o simples fato de visualizar o seu lar já me satisfazia um pouco, pois mentalizava ela ali no jardim ou na janela, olhando para mim e respondendo aos meus acenos.
    No dia seguinte lá estava ela, sentada no terraço e eu esperando que olhasse na minha direção, mas nada, parecia que eu não existia no seu campo de visão. Com o passar dos dias descobri o seu nome: Kátia. Achei lindo esse nome, como tudo era lindo vindo dela, até mesmo a sua teimosia em não olhar para mim. Eu nem quis imaginar a possibilidade dela ser comprometida e talvez isso nem me interessasse muito, pois de qualquer forma eu já a tinha, eu já dominava os seus passos na sua casa, já a tinha sob o meu poder, mesmo sendo um poder ilusionário.

    Certo dia eu a vi sair sozinha e resolvi segui-la. Meu coração estava aos pulos, dava a impressão que iria saltar pela boca, estando eu em seu encalço. Tentei aproximar-me mas ela foi mais rápida e apanhou um táxi. Foi embora a minha grande oportunidade de conhecê-la de verdade, quem sabe de poder tocar suas mãos e olhar de perto o seu sorriso. Éramos jovens e eu calculava ela ter a mesma idade minha. Assim como eu descobri o seu nome através de vizinhos, iria tentar outra investida e com certeza outra oportunidade haveria de surgir. Com efeito, na tarde do dia seguinte eu ficara propositadamente nas proximidades da sua casa, dava algumas voltas, ia lá e cá, até que Kátia saiu, dirigindo-se a uma padaria que ficava na esquina. Aproximei-me rapidamente e criei coragem para dizer um “olá!”. Ela me olhou um tanto assustada e dirigiu-me suas primeiras palavras, dizendo que não falava com estranhos. Aquilo me deixou um pouco sem jeito e me abalou profundamente, pois eu não esperava que reagisse dessa maneira. Mas eu a perdoei, já que na realidade ela não deixava de ter razão. Voltei para casa decepcionado, me sentindo um fracassado, sem querer novamente tentar outra investida.

    Passaram-se mais alguns dias e eu continuava a observá-la da minha janela, imaginando suas palavras a mim dirigidas, mesmo sem o sorriso que era esperado. Era a segunda vez que Kátia me olhava e a primeira vez que me dirigia palavras, mesmo não sendo o que eu queria ouvir. Não a via com a mesma frequência que via antes, parecia que estava se escondendo de mim e eu fiquei bastante enciumado quando vi um rapaz entrar em sua casa e abraçá-la, na minha vista, no terraço da sua casa. Fiquei constrangido e não fiquei mais na janela, preferindo uma leitura qualquer no meu quarto. Dias depois fiquei mais triste ainda quando percebi que Kátia havia se mudado repentinamente. Nunca soube o motivo.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

K Á T I A


no clube o conjunto tocava alegremente
era uma música lenta, internacional
e eu estava ali por um motivo especial
queria ver Kátia, minha paquera
eu a namorava sem ela saber
seguia seus passos, queria entender
o porquê dessa minha paixão
pouco a cumprimentava, tinha receio
de me infiltrar em seu meio
mas amava secretamente essa miragem
não a tinha de verdade, mas criei coragem
tomei mais um gole de cerveja e me aproximei

larguei os amigos, a noite era minha
olhei o seu corpo sensual, hesitei porém
Kátia seria minha, de mais ninguém
mas cadê a coragem que não chega?
ela está sozinha, quem sabe esperando
que a chame para dançar, implorando
voltei para a mesa, outro gole ingeri
o conjunto já tocava outra música, embalada
fazendo Kátia dançar solta no salão
outra investida, segurei  a sua mão
convidei-a para a dança, eu estava tremendo
ela aceitou, colei então meu corpo no seu
no entanto sou um rapaz que emudeceu
queria lhe dizer algo, qualquer coisa
enquanto sentia seu perfume inebriante
e Kátia se soltou, ficou mais radiante
acho que gostou de dançar comigo
consegui coragem e sussurrei no seu ouvido:
“você é linda, meu coração está agradecido”
ela sorriu e me olhou emocionada
transformou minha vida, tudo que eu queria
agora tenho Kátia, meu orgulho, minha alegria

sábado, 15 de setembro de 2012

QUEM NÃO TEM DINHEIRO


Já diziam as pessoas
No tempo da minha avó

Quem não tem dinheiro

Faz do cu candeeiro

Quem não tem colírio

Usa óculos escuros

Quem não tem dinheiro

Não precisa se preocupar

Quem pode, pode

Que não pode se sacode

Quem dar o que tem

Fica sem um vintém

Quem não tem dinheiro

Fica olhando outro ter

Ou faz de conta que tem

Só para agradar alguém

Quem tem com que me pague

Não me deve nada

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

EM BUSCA DA FELICIDADE


 

 


Eu estou triste, pensativo
Minha alegria para longe foi embora
  Não sei o que fazer... e agora?
Busco algo para me satisfazer
Uma coisa que não seja um sonho
Sonhar é bom mas quero realidade
Cair na real de verdade mesmo
Amar e ser amado, ter felicidade
  Mas ela se foi, me deixou assim
Dúvidas, pensamentos que maltratam
Agonias incessantes que me consomem
  Que me fazem esquecer de mim
Fragilizando este solitário homem
Enquanto ela não sei onde está
Longe é só o que eu sei dizer
Infeliz talvez sem minha presença
Com outro alguém que nem a ame
Ingrata, quero agora que me chame
Diga que vai voltar, é tudo que quero
A minha busca não vai cessar
Diga que é um sonho e vai acordar
E me devolver a minha felicidade

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

EU NÃO ESPEREI

eu não esperei a noite deitar
me deitei primeiro
fui mais ligeiro
no quarto a morena gostosa estava
na cama quente e macia
meu desejo agora ela alivia
não mais importa o tempo
eu não esperei pela noite
queria o amor ainda de dia
como fogo que ali ardia
meu mundo ali era outro
eu não esperei que ela chamasse
caí direto em seus braços
apertei o nó em nossos laços
para que o tesão não fugisse
eu não esperei muito tempo
para fazer este poema
o amor é sempre meu lema
 

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

VIVER A VIDA

  
   Todos nós passamos por metamorfoses, por transformações que muitas vezes não aceitamos, achamos que estamos sendo injustiçados, mas os designios divinos são perfeitos, se encaixam perfeitamente onde nós, sozinhos, não conseguimos ter sucesso. A vida é bela, seus momentos são lindos e devem ser vividos da melhor maneira possível, independente do que passamos, do que sofremos, do que achamos que não podemos fazer. A natureza é perfeita, nada está errado, faça chuva ou faça sol, tudo está dentro do que a vida pode nos oferecer e o corpo aguentar. Nunca reclame, viva a vida com intensidade, se encaixe na perfeição mesmo com seus erros, pois eles, com certeza, serão consertados.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

A VISITA DE EXTRATERRESTRES


    A base espacial brasileira estava em plena atividade e a cabine de comando de operações, chefiada pelo Major Douglas, composta por oito homens, era só alegria, pois haviam acabado de saber que a nave “Etedlav” estava a caminho da Terra, vinda do planeta “Seugirdor”, situado fora do nosso sistema solar. Estamos no ano de 2034 e a base espacial está localizada em alto mar próximo a Ilha de Fernando de Noronha, em Pernambuco. Os contatos foram perdidos devido a uma pane no sistema de telecomunicações, sendo restabelecidos graças à intervenção do Major Douglas, experiente navegador espacial que havia feito o convite para que habitantes daquele planeta viessem conhecer a Terra de perto, pois já dispunham de informações bastante privilegiadas a nosso respeito. Era uma visita de cortesia que teria de ser paga também com outra ao planeta “Seugirdor”. Nas próximas horas a nave interplanetária estaria pousando na base brasileira e seus tripulantes sendo recepcionados amigavelmente.
    Há cerca de cinco anos atrás o Major Douglas havia feito uma viagem ao planeta “Seugirdor”, ou seja, em 2029, quando trouxe de lá conhecimentos importantes na área de telecomunicações e ciências, que nos presenteou com avançados sistemas de comunicação à distância, o que nos permite agora comunicação direta com vários planetas e nos possibilita viagens constantes através do espaço. No campo das ciências temos a cura de várias doenças e a prevenção de muitas outras. Hoje não temos mais pessoas com deficiências físicas, cegos e aleijados não são mais vistos no planeta Terra devido a avançada técnica de recuperação esquelética, com implantes de ossos artificiais.
    Enfim a nave “Etedlav” pousa magnificamente na base, em pleno Oceano Atlântico. Em forma quase oval e de cores brilhantes, nunca vistas em nosso planeta, a gigantesca nave é recebida pelos nossos heróis espaciais com toda pompa. Seus habitantes, homens semelhantes a nós, junto com suas mulheres e falando uma língua universal, ocupam seus lugares em cabines especialmente preparadas, de onde nem precisam sair para conhecerem o nosso planeta, simplesmente pelo fato de verem em telas de alta definição todos os cantos da Terra através de câmeras instaladas nos mais diversos lugares do mundo. Assim também é no seu planeta, pois copiamos esse sistema tão importante para utilizarmos de maneira racional.
    Após visitarem a Terra e ficarem a par de todos os acontecimentos do nosso planeta, nossos ilustres visitantes partiram em paz e recebidos os nossos agradecimentos prometeram voltar em outra oportunidade.

FUGINDO DA MORTE


    Mayara entrou rapidamente na cabana trancando bem portas e janelas. Estava assustada e ofegante após correr alguns metros, segurando nas mãos trêmulas uma espingarda que usava para caçar. Costumava usar essa cabana quando de suas caçadas, geralmente acompanhada, mas nesse dia decidira sair sozinha, pois conhecia bem as redondezas e essa cabana abandonada era um ponto de descanso, já que ficava em terras da fazenda de sua família. Ela se posicionou atrás de um sofá e ficou na espreita, a qualquer momento poderia aparecer alguém a sua procura, pois tinha acabado de matar um sujeito que estava com dois outros que lhe abordaram naquela região deserta.
    Mayara caminhava tranquilamente à procura de caça quando se deparou com três desconhecidos mal encarados, pessoas que nunca tinha visto na região. Ela estava a cavalo e os sujeitos a pé quando eles pediram que ela parasse. Um deles tentou puxá-la pela perna quando recebeu um pontapé no rosto. Um outro então desferiu-lhe um golpe pelo outro lado, fazendo-a quase cair do animal. O terceiro elemento puxou a arma e atirou contra ela, ferindo-lhe o ombro, momento em que ela revidou e atirou em seguida, atingindo-o no peito mortalmente. Vendo-se em desvantagem atiraram no cavalo que caiu ferido derrubando Mayara. Mesmo assim ela conseguiu se desvencilhar dos homens e correu mata a dentro, indo alojar-se na cabana que ficava ali perto.
    Escondida atrás do sofá, bastante temerosa, ela esperava pelo pior, com certeza eles apareceriam, mas o silêncio era sepulcral, tudo parecia calmo, sem nenhum ruído estranho. Súbito um cachorro latiu e fez Mayara estremecer, em seguida ela ouviu barulho de galhos sendo pisados. Teve então certeza que os elementos estavam ali fora, queria pegá-la. Manteve a calma e permaneceu quita, queria dar a impressão de que não estava ali, porém eles perceberam que ela ali se encontrava e um deles gritou:
- “Sai daí, puta safada! Sabemos que está aí!”
Ela gelou mas continuou calada aguardando os acontecimentos.
- “Nós vamos comê-la e depois matá-la!”
Permaneceu em silêncio, sempre com a arma engatilhada, apesar de estar sentindo dor com o ferimento no ombro, mas ainda bem que foi de raspão. Sangrava um pouco e ela estancava com a blusa. A porta foi então chutada com violência e escancarou-se, surgindo após alguns minutos um dos homens, que adentrou a cabana mas recebeu um certeiro tiro na cabeça, fazendo-o tombar sem vida. O último elemento, já enfurecido e demonstrando total descontrole, começou a atirar aleatoriamente para dentro da cabana, sem no entanto conseguir atingi-la. Em seguida acendeu uma tocha e jogou para dentro, fazendo a cabana incendiar-se. Com a fumaça Mayara começou a tossir e o único recurso era tentar escapar daquele inferno que começava a arder. Com bastante habilidade dirigiu-se para os fundos e esperou os movimentos dele. Percebendo que ele se encontrava do lado, abriu uma janela do lado oposto e pulou, ganhando a mata. Foi seguida pelo sujeito que disparou um tiro que lhe atingiu a perna, fazendo-a cair. Conseguiu arrastar-se pela mata com o indivíduo em seu encalço, amarrando um pedaço de blusa na perna para estancar o sangue que jorrava. Tentou arrastar-se mais um pouco e viu que estava perdendo as forças, resolvendo ficar ali parada esperando que ele surgisse. De fato ele apareceu na sua frente e imaginou que estivesse morta ou desfalecida. Já estava a poucos metros de Mayara quando ela reuniu forças e disparou a espingarda, atingindo-o no rosto. O homem caiu ensanguentado, momento em que surgiram pessoas da fazenda que escutaram os tiros, após verem o casebre em chamas. Mayara foi então socorrida por essas pessoas conhecidas.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

UM LEVE TOQUE


(U)m leve toque em sua mão
(M)acia, que me deixa emocionado
(L)indas unhas coloridas, fico admirado
(E)m sua boca um leve toque
(V)ejo de perto seus olhos nos meus
(E) sinto seu hálito embriagante
(T)oco de leve seu cabelo elegante
(O) perfume é sempre inigualável
(Q)uero tocar de leve seu corpo
(U)ní-lo ao meu com prazer
(E) num leve toque estremecer

A MULHER QUE DORMIU COM O DIABO


    A manhã cinzenta de agosto era um prenúncio de chuva, apesar de já ter chovido um pouco durante a noite. Pelas ruas enlameadas de um vilarejo um carro da Polícia circulava vagarosamente, parando em frente ao portão de uma antiga mansão onde morava um senhor de atitudes estranhas. Um corpo de mulher encontrado nos jardins da residência era então recolhido, apresentando sinais de estrangulamento. Questionado sobre o fato o Senhor Walt nada soube explicar, apenas informando que ouvira barulhos e gritos na noite anterior.
    Sentada na varanda de sua casa, que ficava em frente a mansão, Samantha tudo observava, estava a par dos fatos estranhos que ali aconteciam com mulheres, apenas com mulheres. Essas pobres criaturas eram atraídas para aquele local e dificilmente eram vistas novamente com vida. As poucas que escapavam contavam histórias horripilantes e jamais se atreviam a sequer passar pelo local. O Senhor Walt nunca foi acusado pelos crimes, nada era provado contra ele, continuando imune a qualquer acusação. Pouco circulava pela cidade, principalmente durante o dia, o que era raro. Preferia a calada da noite e as ruas silenciosas, quando era visto e temido, vestindo uma capa preta e um chapéu também preto. A luz dos lampiões não chegavam ao seu rosto, os seus passos eram quase lentos, porém rapidamente sumia da visão humana num piscar de olhos. Usava às vezes um automóvel preto e quando adentrava ou saía da sua mansão ninguém via quem abria e fechava o imenso portão de ferro.
    Samantha sentia uma irresistível atração pelo Senhor Walt, ficava horas na varanda só a espioná-lo, quando ali ele estava, ora na sacada do imóvel, ora na janela. Parecia gostar de ser admirado por ela, parecia tentar atraí-la para si, essa era a idéia de Samantha. Tinha certeza que aquele homem solitário matava mulheres, amando-as primeiro, sentindo o perfume de seus corpos, para em seguida estrangulá-las, muitas vezes sumindo com os corpos. Mas ela tinha vontade de chegar bem perto dele, queria atraí-lo em vez de ser atraída, queria descobrir a razão daqueles crimes.
    Geralmente era o que acontecia, a Polícia recolhia os corpos, investigava mas nada encontrava que pudesse incriminar o Senhor Walt. O homem era bastante esperto, sabia eliminar qualquer pista que porventura pudesse ser encontrada. Mas Samantha sabia da sua culpa, sabia que ele era o grande responsável pela matança. Sonhara inúmeras vezes sendo possuída pelo Senhor Walt apesar de detestá-lo, porém uma estranha força a induzia a ir até ele, a impulsionava para os seus braços, tentava sua mente para seduzi-lo, mesmo tendo consciência de que poderia estar assinando a sua sentença de morte.
    A chuva caiu forte, encharcou a já enlameada rua do vilarejo, onde a Polícia acabara de recolher mais um corpo. Samantha a tudo assistiu da sua varanda, olhava atentamente a mansão, os movimentos do Senhor Walt. Muitas vezes da sua janela ele se deixava observar, parecia sentir prazer com isso, estava certo de que a atraía, de que seria a sua próxima vítima. Pareciam estar sintonizados mentalmente, Samantha e o Senhor Walt tinham uma certa atração mútua, uma coisa que eles mesmo não sabiam explicar.
    A chuva passou e ela decidiu que essa noite poria tudo em pratos limpos, resolveria de uma vez por todas essa questão, saberia o que realmente se passa na cabeça doentia desse homem cruel, desse assassino de mulheres. Esperou a penumbra da noite e se vestiu de uma forma que o deixasse excitado, se mantendo provocante, dando toda impressão de que queria ser atraída por ele. Desceu e ganhou a rua, não se importando que a lama sujasse os seus sapatos, indo então ao seu encontro. Ele percebeu que ela era uma vítima fácil, sabia que Samantha havia resistido muito aos seus apelos mentais, mas agora finalmente ela caíra na armadilha, teria o mesmo fim das outras. Não seria mais necessário ficar olhando aquela mulher na varanda de sua casa, ela estava ali bem perto, vindo ao seu encontro, para os seus braços e depois para a morte. Iria saciar então esse antigo desejo sexual que tanto esperava e Samantha sabia, mas ela vinha preparada, tinha uma carta nas mangas, não se entregaria assim facilmente.
    O portão se abriu e ele saiu, sempre era assim quando saía em busca de suas vítimas. Aproximou-se de Samantha sem mostrar totalmente seu rosto, deixando que ela apenas visse o seu sorriso falso na penumbra, na sombra do seu chapéu. Levou-a para dentro imaginando que ela estava hipnotizada pelo seu olhar. Abriu a porta da mansão e adentraram encontrando a sala com pouca luz, abraçou-a, sentiu que aquele corpo era totalmente seu. O Senhor Walt então afastou levemente o véu que Samantha usava, cobrindo sua testa, percebendo um desenho tatuado que o deixou perplexo, parado, sem conseguir fazer nenhum movimento mais. Era uma cruz que o fez perder toda a sua coordenação, todo o seu poder, ficando à mercê dela, que o levou para o quarto, posicionando-o na cama. Tomaram um drink naquela cama macia, confortável e quente, tendo Samantha total confiança de que sairia com vida dali, pois a cruz tatuada em sua testa o dominou, quebrou sua força mental. Ele confessou que jamais gostara de mulher por ter sido enganado por algumas delas e tendo grande prejuízo financeiro, prometendo eliminá-las para saciar essa psicose, esse trauma que se abateu em sua vida. Dormiram tranquilamente após Samantha descobrir que o Senhor Walt estava dominado por uma entidade satânica e que ela deveria acabar com a matança de mulheres.
    O dia amanheceu, a chuva persistia deixando a rua quase intransitável. Um carro da Polícia parou novamente na frente do portão da mansão, pois alguém teria chamado essa viatura, que agora recolhia mais um corpo, só que desta vez não era um corpo de mulher e sim o corpo do Senhor Walt, que tinha uma estaca cravada em seu coração. Da janela da sua casa Samantha a tudo assistia e como sempre ninguém soube informar nada a respeito do crime.