domingo, 7 de dezembro de 2014

UMA SOMBRA ATRÁS DA CORTINA

   Era a primeira vez que Beatriz dormia sozinha em seu novo quarto. Seus pais haviam acabado de comprar uma casa e tiveram o cuidado de decorar o quarto da filha de apenas sete anos, comprando móveis novos e instalando uma cortina na janela que dava para o jardim onde existiam algumas árvores. A primeira noite foi uma maravilha, ela adorou, se sentindo até independente em seus novos aposentos, porém na segunda noite algo chamou a sua atenção quando uma sombra por trás da cortina da janela se movimentava estranhamente. Beatriz sentiu medo e levantou-se apressadamente, indo em direção ao quarto dos pais. Questionada sobre essa decisão ela nada falou, limitando–se apenas a conter o medo e pedir para dormir com eles.
   Os pais de Beatriz estranharam o fato dela não mais querer dormir em seu quarto a partir da noite seguinte, apesar de presenciarem ela entrar no quarto furtivamente como se estivesse investigando alguma coisa. Novamente questionada ela resolveu dizer o que havia acontecido na segunda noite. Os pais riram quando a filha falou sobre a sombra que se movimentava por trás da cortina da janela de seu quarto. Naquela noite decidiram por fim a essa situação e ver o que realmente estava acontecendo. Realmente constataram que uma sombra quase em forma humana parecia mexer-se atrás da cortina, mas não era nada mais, nada menos do que a sombra de um galho sob o reflexo da luz que vinha de um poste na rua.

   No dia seguinte o galho da árvore foi cortado e Beatriz pôde dormir tranquilamente em seu quarto sem ser importunada pela sombra. Para uma menina se sete anos o problema era aceitável, mas que foi rapidamente resolvido. 

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

NÓ NA GRAVATA

o dia estava lindo, igual a tantos outros
em meu rosto estava estampada a felicidade
mas eu estava inquieto, com muita ansiedade
afinal era um dia especial, eu iria me casar

   a noite chegou, eu precisava então me arrumar
   vestir meu terno, dar início a uma nova vida
   ser um dono de casa ao lado da minha escolhida
   fazer planos, com o tempo criar os filhos

paletó e gravata, faltava somente o nó, eu não sabia
me esforcei para aprender, agora iria tentar
o nervosismo me traiu, eu não podia imaginar
vendo o tempo passando e eu nesse tormento

   mas ela havia me ensinado, tinha toda prática
   segurei a gravata e um arrepio me percorreu
   senti suas mãos me ajudando, foi o que ocorreu
   o nó foi dado certinho, o que me deixou feliz

enfim a igreja com todos os convidados
lá estava eu no altar, a noiva iria esperar
o sonho da minha vida para sempre vou lembrar
vendo a chegada triunfante da futura esposa

   o padre oficializou a união, eu estava casado
   a festa, os presentes, o brinde, muita emoção
   a noite de núpcias, muita alegria num só coração
   as juras de amor, novos caminhos para seguirmos

o tempo passou, os anos correram com rapidez
parece que foi ontem, me lembro com saudade
mas foram de grande valia, digo com sinceridade
a chama do amor foi intensa junto com os filhos

   o destino enfim fez então a sua parte
   me tirou do convívio quem eu tanto amava
   chorei muito, por isso tão cedo não esperava
   e me preparei triste para o seu sepultamento

vesti o mesmo terno quando entrei na igreja
foi como se fosse obrigado a guardar com carinho
faltava somente o nó e eu estava sozinho
não conseguia fazê-lo diante de tanta tristeza

   foi quando algo inexplicável comigo aconteceu
    mãos invisíveis pareciam ajustar a gravata
    foi tudo muito bem planejado, na medida exata
    e no campo santo me despedi da minha querida

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

O VÍCIO DA BEBIDA

o dia amanheceu, Max abriu os olhos lentamente
dormira mal, do dia anterior não lembrava nada
sem forças para levantar e com a mente perturbada
apenas se limitava a olhar a mulher que chorava

   chegara em casa bêbado, nem conseguia andar
   dos braços de amigos foi direto pra cama
   ainda tinha o carinho da esposa que o ama
   que já conhece sua sina, que não ouve conselhos

leva essa vida há anos, perdera até o emprego
tudo culpa da cachaça que destroi o ser humano
não consegue sair dela, entra ano e sai ano
está sempre no boteco da esquina para tomá-la

   é a decepção da família, todos tentam ajudá-lo
   mas o vício é mais forte, controla a criatura
   que bebe diariamente e a vida ainda o atura
   Max se matém vivo, talvez por mais algum tempo

moço ainda, pouco mais de cinquenta anos
mas com aparência de um velho de setenta
que não tem domínio próprio, que não se orienta
que não entende que a saúde é mais importante

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(obra se ficção mas que retrata a nossa realidade)

EM BUSCA DE RESPOSTAS

E u viajei no tempo, tentei tirar dúvidas
M eu pensamento percorreu a imensidão
... do espaço cósmico em busca de respostas
B em que eu gostaria de saber bem mais
U m desejo inexplicável de fazer essa viagem
S onho ou não eu preciso investigar a vida
C onhecer a sua origem com a ajuda de Deus
A imensidão do universo é o local ideal
... para a reflexão, para entender coisas
D e nada adianta deixar a dúvida pairar
E la só atrasa o nosso raciocínio, nos conduz
... por um caminho dentro de dependências
R elutei para por em prática esse desejo
E spio através do pensamento, como se estivesse
S onhando, tudo que acontece no espaço sideral
P osso estar errado, posso não conseguir nada
O importante é tentar, procurar entender coisas
S obre as quais desconhecemos suas origens
T udo tem um sentido e pode ser explicado
A minha busca não cessará, continuará firme
S onhando conhecer verdades pela reflexão 

PRESENTE DE NATAL

P ensei em falar-lhe, dizer o quanto é grande
.. a minha admiração por você
R etribuir o carinho que tem por mim, porém
.. fiquei sem palavras para tal
E sem palavras, o que necessariamente não é fundamental,
.. procurei agir com o coração que é bem melhor
S enti que algo me levava a fazer com que você
.. se sentisse realmente feliz
E sperei o momento oportuno para demonstrar
..o meu amor por você que tanto me ama
N ão duvide disso, apenas observe a ação, o modo
.. como meu coração vai de encontro ao seu
T enha absoluta certeza que o meu amor por você
.. é verdadeiro, é sensível
E aproveitando a época natalina eu quero desejar
.. que a nossa união se perpetue

DE clarando nesse momento que o mais importante
.... é a nossa convivência dentro da paz

N ada vai nos impedir de sermos felizes
A sua existência é o meu presente de Natal
T enho convicção disso e você deve perceber
A cada dia que passa amo você cada vez mais
L emos o pensamento um do outro. Feliz Natal.


DESPERTAR

o canto de um pássaro me fez abrir os olhos
ele anunciava o amanhecer, um novo dia
eu não o via mas elogiava seu canto mavioso
em minha cama eu despertava de um sono gostoso
minuitos depois o sol também anunciava sua chegada

olhei o despertador, eram quase sete horas
o clima gostoso me impedia de deixar a cama
os lençóis quentinhos meu corpo envolviam
mas eu tinha que levantar, ali eles ficariam
me seriam úteis na nova noite de sono

e o pássaro? onde estaria agora?
deve ter ido para outras paragens, voar a toa
despertar outro alguém ainda em sua cama
esse aqui já levantou, de nada reclama
apenas agradecer pelo seu canto, por me acordar

UM CORPO NA ERRATICIDADE

meu corpo está aqui na Terra mas não o vejo
não consigo enxergar o que me pertence
vejo outros corpos, eles se movimentam
acho que não me veem pois não me enfrentam
parecem desconhecer a minha presença aqui

meu corpo está aqui na Terra mas não o sinto
não consigo sentir impacto algum sobre ele
os outros corpos sorriem, alguns se abraçam
com certeza se sentem, felizes se entrelaçam
enquanto bem perto deles apenas observo

meu corpo está aqui na Terra não sei por que
não lembro de nada, não sei qual a razão
de não ver nem sentir meu corpo no espaço
vivendo na erraticidade, preso a um laço
o laço da teimosia de não aceitar a morte

R E A Ç Ã O

R eagiu ao assalto em plena rua movimentada
E m vez de entregar os pertences aos bandidos
A sua vida infelizmente não foi poupada
C aindo por terra com tiro no peito
A violência impera, terra sem lei
O crime banalizado enlutando famílias

O MENINO E A PIPA

sopra o vento, sopra fraco
não consegue o menino subir a pipa
na sombra da calçada eu olho o menino
correndo no sol com seu corpo franzino
tentando fazer o brinquedo ganhar altura

sopra o vento, agora com mais força
dar chance ao menino de fazê-la subir
a pipa está no ar, agora ele pode sorrir
deixar que o vento faça o seu trabalho

da calçada eu imagino a sua alegria
o seu desejo sempre olhando o céu
me fazendo sorrir também com lembranças
de quando menino, alegre e cheio de esperanças
soltando minha pipa, dependendo do vento

da calçada eu sinto o vento que me acaricia
que ajuda o menino fazendo a pipa voar
me sinto um menino também querendo brincar
sorrindo no presente, revivendo o passado

LUA DE FEL

L onge de olhares um casal no leito nupcial
U ma noite propícia para a felicidade
A infelicidade porém chegou primeiro

D ando-lhe um golpe que jamais esquecerão
E sse foi o momento de invasão inesperada

F oi  a noiva brutalmente estuprada
E m frente do marido por malfeitores
L ogo em seguida fugiram galhofando

GOLPE MILITAR

G rande alarido em meio ao povo atônito
O clamor por justiça enfim foi ouvido
L eis sofreram alterações, outras foram extintas
P elas ruas da cidade uniformes verde oliva
E m cada esquina uma blitz, armas ameaçando

M uitas prisões, o Congresso sendo fechado
I mperando a lei da força pela liberdade
L utas armadas em vários cantos do país
I mposição do toque de recolher aos cidadãos
T anques em pontos estratégicos
A proibição do porte de armas aos civis
R icos e pobres com os mesmos direitos

MARIA VIRGEM

era uma vez uma menina bem calma
que quase não falava com ninguém
só saía com a mãe, com o pai também
não tinha amigas, era só dentro de casa
tratada com mimo, a rua não conhecia
desde o amanhecer até quando anoitecia
mas era tranquila dentro da sua inocência
o tempo foi passando e Maria crescendo
descobriu que os peitos estavam aparecendo
crescendo com rapidez e ela admirada
até na genitália surgiram uns pelinhos
ela achou tão macios e bem fininhos
que passou a observar com cuidado
veio aquele fogo e Maria pensou em sair
conhecer as pessoas, um pouco se distrair
os pais não gostaram, assim mesmo deixaram
ser vista pelos vizinhos, com eles conversar
e nesse papo solto Maria chegou a pensar
queria ter um namoro como as outras mocinhas
menina virgem criada com regras viu o coração
bater forte por um rapaz, que emoção
o namoro começou, os pais de olho nela
mas a menina tranquila ficou saliente
abraços e beijos, isso a deixou contente
mudou de comportamento, já conhecia de tudo
falava de sexo com jeito, dominava o assunto
onde tinha uma festinha Maria estava lá junto
um belo dia o destino lhe arranjou confusão
foi na casa do namorado e entre beijo e abraço
ela não resistiu, foi aí que perdeu o cabaço
e agora? todos a conheciam como virgem
o que iria fazer diante dessa situação?
O rapaz, de boa família, não era de enrolação
e se aparecesse barriga ele assumiria
ninguém ficou sabendo e o namoro continuou
a mocinha toda formosa viu que seu corpo mudou
os seios cresceram mais, as pernas engrossaram
todo mundo se admirava com o jeito de Maria
a moça que era virgem, será que ainda seria?
tem segredo que não se guarda muito tempo
o povo é bicho esperto, ele ninguém tapeia
ficou sabendo que em Maria lhe acertaram a veia
o gostoso sapeca iaiá ficou muito frequente
Maria não era mais virgem, o bucho logo cresceu
e nove meses depois um belo menino nasceu
entrou por uma perna de pinto, saiu por uma de pato...

terça-feira, 18 de novembro de 2014

A VIÚVA FOGOSA

Creuza nem deixou o defunto descer pro buraco
Já tava de olho num cabra que fingia chorar
Lágrimas de crocodilo, era de se esperar
Acostumada ao luxo sempre ostentava grandeza
Desfilava com boas roupas, vida de dondoca levando
Diziam que chifrava o falecido, ela pouco ligando

Terminado o féretro ao seu lar retornou
As lágrimas secaram, Creuza não estava chorando
Lembrou-se dos abraços, no cangote alguém fungando
E esse cara que fingia chorar era Manuel
Que foi parar na casa da mulher agora sozinha
Doido para um papo ou para dar uma totinha

Passaram-se alguns dias, a mulher já era outra
Começou a sair e por homens ser paquerada
Danou-se pro shopping, lá já era esperada
Fingia olhar as vitrines, mas nada queria comprar
Não tinha mais compromisso, foi vista até em motel
E sabem com quem? Com o tal do Manuel

Desfilava pelas ruas com ar de menina moça
Manuel por ela já estava apaixonado
Mas por trás ele tava sendo enganado
Pelo jeito Creuza não queria coisa séria
Seu negócio era homem, festa e dinheiro
Tem que rebolar quem quiser segurar seu traseiro

Dona de um corpo belo e invejável
Creuza despertava nos homens admiração
Antes da viuvez vivia mais de encenação
Todos diziam que nunca gostou do marido
Agora livre e desimpedida mostra seu cartaz
Transa com qualquer um, por dinheiro é capaz

Antes vivia embutida por causa do seu marido
Mas hoje é passarinho que teve a gaiola aberta
Quem quiser que fale, sua vida está descoberta
Não interessa a ninguém cuidar da sua vida
Quem tem o que é seu dar a quem quer, não importa
Se achar ruim bata a cara na porta até ficar torta

E L I A N E

Eu vi a porta abrir e ela entrar. Me arrepiei.
--  Havíamos rompido há algum tempo.
Liguei de imediato meu pensamento ao seu.
--  Ela sorriu e me fez um convite aos seus braços.
Imaginei uma cena romântica, nós nos beijando.
--  Mas isso não era real, eu estava delirando.
A minha mente captou essa imagem fantasiosa
. porque ainda guarda ela com carinho.
Não sei por que Eliane se foi e me deixou aqui
-- perdido em ilusões, esperando sua volta.
Eliane, sua lembrança jamais se apagará da minha
-- memória, estarei sempre lhe vendo chegar.

* - * - * - *


(Obs.: escolhi esse nome aleatoriamente, mas se você leitora se chama Eliane, sinta-se homenageada com este acróstico/poema)

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

A ESSÊNCIA DO AMOR

verd(A)deiramente o amor une as pessoas
é  sí(M)bolo da vida, das famílias, do bem
sonh(O) desejado pela sua essência
semp(R)e morando nos corações abençoados

          (A) sua essência é fonte inesgotável de alegrias
(M)erece ser cultuado e compartilhado
(O) único alimento capaz de vencer o mal
(R)eserva constante das forças do bem

     feliz  é  aquele  que  o  pratica,  que am(A)
          que  age  em favor daqueles que  sofre(M)
          é preciso coragem para viver esse  sonh(O)
          e cunprir o que sempre ensinou o Senho(R)
           

domingo, 16 de novembro de 2014

SEXO CEGO

minhas mãos encontram as suas
percorrem seu corpo suavemente
tateiam por suas curvas maliciosamente
corpos nus, as mentes não estão nuas

são mentes envolvidas na escuridão
privadas de uma imagem tão bela
de um mancebo com uma donzela
que tentam enganar a solidão

sussurros ao ouvido, mãos procurando prazer
corpos que se roçam em sofreguidão
buscando na carne a delícia do tesão
tão natural quanto a vontade de viver

o desejo é intenso, rapidamente aflora
nos leva ao gozo, ao ponto final
os olhos não veem esse ato fenomenal
mas os corpos o querem a qualquer hora