segunda-feira, 23 de abril de 2012

O QUE EU PENSO

☆ Às vezes fico imaginando como a ingratidão me assusta, como existem pessoas que não são dignas de uma boa amizade, preferindo se esconderem atrás de uma falsa imagem. O mundo está cheio de criaturas assim, sem conceitos formados, sem uma ...estrutura capaz de se transformar, presas a algo que talvez nem elas saibam. É triste dizer que todos os dias cruzo com gente dessa estirpe e tenho de dar um bom dia ou outro cumprimento qualquer.

PODEM ME CHAMAR DE CHATO, DE MORALISTA, DE METIDO, PODEM XINGAR À VONTADE, EU NÃO LIGO NÃO! EU DIGO O QUE PENSO, ESCREVO O QUE ME VEM NA CABEÇA. BOA NOITE PRÁ VCS, MEUS QUERIDOS COMPANHEIROS DO FACE!

★☆★ Palavras são levadas pelo vento, ações sempre ficam no pensamento. A vida é uma caixinha de surpresa, não nos é permitido abrí-la imediatamente. Quando abrimos, no decorrer do tempo, vamos observando que nem sempre era o que desejávamos, pois as mutações ocorrem com o seu conteúdo, apesar de fazermos todo o possível para lapidarmos aquilo que achamos necessário. ☆★☆

☆ Estou saturado de tanta hipocrisia, de tantas manifestações de falso apoio ou de apoio pela metade. Pessoas "por fora" de determinadas situações apresentam suas opiniões achando que estão certas e no entanto "chutam fora do gol", pois só sabe onde o calo aperta quem calça o sapato apertado. Entendo que cada um sabe o rumo que deve tomar, doa em quem doer. ☆

Calem a boca aqueles que só sabem emitir opiniões que apenas lhes satisfazem, sem terem o prévio conhecimento da realidade dos fatos. É muito fácil aconselhar, porém é muito difícil compreender a dor alheia, já que não a sentimos na pele.

◆ Amar a Deus e amar o próximo é realmente uma grande necessidade do ser humano, é a coisa mais importante da vida. Sem esse ideal o homem é incapaz de viver em comunidade, é falho, é indigno de constituir uma família. Melhor viver só, isolado da sociedade ou ao lado de pessoas do seu nível.

♥ Se as pessoas compreendessem o significado do amor o mundo não seria tão desigual. O amor e o respeito andam por caminhos diferentes quando deveriam andar juntos.

☆ Onde anda dona Perfeição? Alguém sabe dizer? Muita gente não se lembra mais dela, coitadinha! Tão boazinha, tão bonitinha, mas tão escondidinha!!!

Hoje vc pode estar chorando por uma coisa que no futuro pode ser uma felicidade. As lágrimas de hoje podem estar machucando seu coração, mas amanhã essas mesmas lágrimas podem estar consolando ele.


★★★ ➜ Quando a gente muda o tempo muda. MENTIRA! O tempo é imutável, as pessoas é que são cretinas querendo mudar o tempo. O mundo também não muda, pois essas mesmas pessoas cretinas querem também mudar o mundo.

A poesia é bela, é a fantasia da alma, é um mundo que criamos inicialmente para nós mesmos e depois transmitimos para as pessoas. Poucos entendem o verdadeiro significado de nossos pensamentos retratados em frases que emocionam. Estou ainda aprendendo sobre esse mundo, escrevendo ao meu modo. Com a sua opinião, quem sabe eu possa aprender mais e, talvez, lhe transmitir algo que desconheça?


Eu sinto que alguma coisa vai mudar na minha vida. Quando a gente toma uma decisão, o que importa é que tudo corra bem. Eu tomei uma decisão, pois entendo que ninguém deve ficar parado vendo a banda passar. Numa luta desigual vence o mais sensato, vence o que soube escolher sua arma para lutar.

terça-feira, 17 de abril de 2012

NÃO ME PERGUNTE


Não me pergunte
Por que descem lágrimas dos meus olhos
Molhando meu rosto com tanta emoção
Deixando meu semblante ora feliz ora não
Não saberei dizer a razão da minha felicidade
Nem por que muitas vezes estou triste
Uma coisa ou outra, nada disso existe
Não me pergunte
Por que às vezes me sinto tão só
Mesmo vendo tanta gente do meu lado
Minha tristeza pode ter começado no passado
Posso estar vivendo uma vida em vão
Mas tudo tem um recomeço, posso imaginar
É só sentir o sabor da vida, poder sonhar

sábado, 14 de abril de 2012

LIGIA, EXEMPLO DE AMOR

    
    O avião desceu suavemente no aeroporto de Salvador. Da mirante de uma área superior Nélio ficou observando a aeronave taxiar na pista até chegar ao local de desembarque de passageiros. Sabia que dele desceria sua irmã Lígia, que tanto admirava, apesar de não ser filha de sua mãe, pois seu pai casara-se novamente com a morte da primeira esposa, a mãe de Lígia. Correu até a saída de passageiros para encontrar a irmã. Ao vê-la abraçou-a carinhosamente, já que fazia anos que não a via, por conta de desavenças familiares. Lágrimas nos olhos dela demonstravam a sua tristeza nessa viagem, vinda do Recife para o enterro de seu pai que falecera devido a uma enfermidade grave.
    Na sua cidade, Lígia já estava muito preocupada com o agravamento da doença de seu pai e com a notícia do falecimento comprou imediatamente uma passagem para Salvador com a finalidade de dar o último adeus a quem lhe dera a vida, apesar de furtar-se em várias ocasiões de apoiá-la, satisfazendo assim a vontade de sua segunda esposa, que nunca gostou dela.
    Chegaram a uma residência próxima da casa onde morava a viúva, já que Lígia não poderia ficar na casa da madrasta. Ali morava uma família que gostava de Nélio e que se prontificou a hospedar sua irmã pelo tempo que ela quisesse. Apesar de separados por muitos anos, os irmãos pareciam nunca terem estado longe um do outro, pois conversavam apenas por telefone, tendo eles uma grande afeição mútua. Quando Nélio deixou o Recife junto com o pai, tinha apenas dez anos e Lígia catorze, ocasião em que permaneceu no Recife, indo morar com uma tia. Fazia mais de dez anos que a mãe dela falecera e a convivência com a madrasta era insuportável, mas Lígia levava a vida numa boa sem dar atenção às provocações da madrasta.
    Lígia ficou imaginando o dia em que sua mãe faleceu, vítima de complicações pulmonares, doença que a penalizou por vários anos. O pai, em pouco tempo, arranjou outra mulher, com quem se casou três meses depois. Lúcia era uma mulher arrogante e que não foi muito com Lígia. Dessa união nasceu Nélio, que conviveu com ela até o dia de Lúcia, não mais querendo a companhia dela, resolveu morar em Salvador, sua cidade natal. Os irmãos se gostavam e continuaram se comunicando por telefone.
    No velório de seu pai Lígia chorava baixinho, ao lado do irmão Nélio, que não a largava, despertando ciúmes em Lúcia que não a tolerava. Após o sepultamento Nélio pediu para que Lígia ficasse por mais uns dias, pois sentia bastante saudade dela depois da separação. Ela ficou por mais dois dias, porém tinha de voltar para o Recife para continuar seus estudos.
    Na hora da partida Nélio estava ao lado de sua irmã no aeroporto e a abraçou com carinho, prometendo voltar a vê-la. Agora sem seu pai voltaria para o convívio com a tia e ele continuaria com a mãe em Salvador.
    Passaram-se alguns anos sem se ver, apenas se comunicando por telefone. Nélio era sempre criticado pela mãe quando conversava com a irmã, mas ele não dava atenção, apenas respeitando-a como filho.
    Certo dia Lígia recebeu uma ligação do irmão comunicando que a mãe se encontrava bastante doente, sendo internada em estado grave. Era uma doença que necessitava de transfusão de sangue e estava difícil conseguir o tipo sanguíneo que a salvaria. Ela procurou saber o tipo e por ironia do destino era o mesmo tipo seu. Imediatamente se prontificou a viajar para Salvador e se deslocou até o hospital onde Lúcia estava internada. Foram feitos os procedimentos de praxe e o sangue de Lígia foi doado para Lúcia, completando uma quantidade mínima que existia no hospital. A madrasta, ao ver Lígia, ficou espantada e chorou bastante.
    No dia seguinte Lígia estava ao lado da madrasta no leito do hospital, confortando-a e desejando a sua melhora. Nélio ficou bastante emocionado com essa situação, vendo sua mãe sendo salva pelo sangue da enteada que tanto desprezara. Ao saber que Lúcia já se encontrava fora de perigo, ela beijou carinhosamente a testa daquela que nunca soube odiar e se despediu, prometendo voltar para vê-la recuperada.
    Um mês depois Lígia recebeu uma visita inesperada. Era Lúcia que chegava em sua residência, onde morava com a tia. Abraçou-a carinhosamente e convidou-a para morar junto com o irmão, um grande desejo dele. Poucos dias depois essa nova família, unida e feliz, comemoravam a nova vida em Salvador.

AH! SAUDADE

na parede da sala um retrato
no coração amargurado uma saudade
há tempo não sei o que é felicidade
volta e meia me deparo com a tristeza
me atormenta e não sai do meu lado
quer me ver fora de mim, descontrolado
sabe da minha fraqueza e se aproveita
fazendo com que nunca esqueça esse amor
que partiu para o além deixando a dor
em um coração apaixonado, em frangalhos
resta agora dribrar a saudade e viver
esperar o tempo passar e esquecer
ah! saudade que sufoca e me faz chorar!
queria poder te dominar, jogar no chão
ah! saudade, por que não sai do meu coração?

sexta-feira, 13 de abril de 2012

MAYRA, AMOR E ARREPENDIMENTO

    Mayra passou as mãos nos cabelos diante do espelho e viu uma realidade nua e crua, ensaiou um ar de melancolia mas percebeu que era em vão. O tempo foi o grande responsável por essa transformação na sua vida, por essa imagem que agora parece querer assustá-la, mostrando algumas mechas brancas tão naturais em seus cabelos. Tentou chorar, fez biquinho, mas imaginou que não iria resolver nada, apenas iria deixá-la chateada.  Se conteve e saiu da frente do espelho. Olhou o relógio na parede, passava das cinco da tarde, estava próximo de Lucas chegar, a estas horas ele já devia estar a caminho.
    Longe dali Átila manuseava alguns papéis no conforto do seu escritório. Parou um instante e olhou pela janela, percebendo que a noite já caía. Pegou o telefone e fez uma ligação. Falou algumas palavras de carinho mostrando um sorriso quase infantil.
    Lucas abriu a porta da casa e viu que a esposa falava com alguém ao telefone, mesmo assim abriu um sorriso e aproximou-se dela, beijando sua testa. Mayra ficou um pouco sem graça, pois não imaginava que aquele telefone fosse tocar naquela hora. Se despediu rapidamente e desligou.
    Durante o jantar Lucas perguntou com quem ela falava, isso na maior simplicidade. Ela fitou o marido com um largo sorriso e disse que uma amiga a havia convidado para um chá no dia seguinte à tarde, mas que ia pensar se iria. Casados há mais de dez anos esse casal vivia uma vida tranqüila, sem filhos e apenas ele trabalhando como funcionário público.
    No dia seguinte Lucas saiu para o trabalho, beijando Mayra e avisando que não viria para o almoço em casa por conta de uma reunião importante. Ela o acompanhou sorrindo até o portão, lamentando ter que almoçar sozinha. Entrou e foi ler alguma coisa, folheando algumas revistas sentada no sofá. Alguns minutos depois o telefone tocou, fazendo-a atender prontamente. Era Átila que lhe sussurrou algumas doces palavras, deixando-a sorridente. Esticou-se no sofá e ficou a conversar com ele, que estava na frente da casa e vira seu marido saindo para o trabalho. Perguntou se poderia entrar e ela meio receosa autorizou. Discretamente ele entrou e envolveu-a num abraço caloroso, seguido de um longo beijo. Pouco tempo depois estavam na cama trocando carícias, bem diferentes das de Lucas, um momento realmente de grande prazer para Mayra, que aceitava essa situação sabendo que estava errada, que tinha alguém que dava amor, não um amor tão apaixonante, cheio de doçuras, como as palavras de Átila, mas um amor cheio de respeito e de  responsabilidade, mas ela preferia um amor meio selvagem, às escondidas, com palavras doces.
    Na reunião Lucas conversava com várias pessoas no auditório da repartição, em meio aos chefes e diretores, sendo aplaudido em diversas ocasiões quando suas opiniões eram aceitas. Pouco mais das treze horas alguns diretores decidiram sair para um almoço em um restaurante da cidade, após a reunião, entre eles Lucas.
    Em casa Mayra foi convidada por Átila para saírem, aproveitarem a tarde, já que o marido dela não viria para o almoço. Ela não preparara nada já que a intenção dele era levá-la para um restaurante, onde tomariam um drink e almoçariam. Mayra mandou ele aguardar na sala enquanto se arrumaria. Dentro de um vestido elegante se olhou no espelho, passou as mãos nos cabelos e sorriu. Ficou séria repentinamente quando viu as mechas brancas sendo alisadas pelos seus dedos macios. Sentiu vontade de chorar, pensou no tempo que passou, no marido que estava no trabalho, na idade que estava avançando, pensou em nunca ter tido filhos e no desejo reprimido de tê-los. Agora não teve jeito, as lágrimas rolaram por suas faces, estava se sentindo uma inútil, uma pessoa falsa. Era uma traidora que não merecia perdão, imaginou que se Lucas soubesse alguma coisa a respeito não saberia o que poderia acontecer. Decidiu por fim a tudo isso, a todo esse sofrimento, afinal ela era uma mulher casada, tinha um marido amoroso que não merecia ser tratado dessa forma. Sentiu remorso e caiu em prantos, se sentindo a pior das mulheres, uma vagabunda. Tirou o vestido bonito e vestiu uma roupa simples, enxugou as lágrimas e despachou Átila quase o enxotando, que ficou sem entender nada. Não queria mais vê-lo, nunca mais, pediu que a esquecesse pois não voltariam mais a se verem. Tomou coragem, queria ser agora aquela mulher carinhosa para o marido, lhe dedicar todo amor que for possível. Talvez fosse esse o motivo dessa união não apresentar o resultado que ela esperava, fugindo então para outros braços em busca de algo que poderia estar ali perto dela, bem juntinho. Lucas sempre foi amoroso, se não dava o que ela queria talvez a culpa não fosse só dele, ela poderia colaborar, saber cativá-lo e era isso que faria daqui prá frente. Passaria uma borracha no seu passado, seria uma nova mulher, dedicada única e exclusivamente para seu marido, reconhecendo que esse amor poderia ser eterno, poderia proporcionar momentos de felicidades. Valeria a pena mudar esse comportamento vulgar, essa atitude mesquinha.
    Lucas chegou já à noite, cansado, se auto avaliando como um funcionário exemplar que fora elogiado pelos seus superiores. Recebeu um beijo carinhoso de sua esposa amada, que o abraçou com bastante emoção, como concordando com tudo que dizia, deixando-o surpreso. Seu sorriso era bastante nítido, sua euforia era grande e seu amor por Mayra era tudo que necessitava para ser um homem feliz. A noite foi maravilhosa para ambos e dois corpos nus se abraçaram varando a madrugada.

terça-feira, 3 de abril de 2012

A VINGANÇA DE NILO


    Nilo parou diante de uma vitrine. Através do vidro podia ver as pessoas no interior da loja. Um sujeito bem vestido lhe chamou a atenção, trouxe um lembrança para sua memória já tão congestionada por milhões de informações as mais diversas, tal qual um computador de última geração. Não restava dúvida de que aquela era a pessoa que tanto procurara, que tanto se empenhou para localizá-la e agora o destino lhe dava de presente. Estava ali, na sua frente, pronto para ser justiçado pelo mal que causou a sua família.
    A casa era enorme, comportava uma família composta de sete pessoas. Nilo tinha seus dezesseis anos e morava com os pais, além de três irmãos e um cunhado, companheiro de uma irmã sua. Seu cunhado, Hélio, era o tipo do sujeito aproveitador que conseguiu conquistar o coração de sua irmã Nélia, a mais velha dos irmãos. Brigavam com freqüência, brigas que eram amenizadas com a interferência de seu pai, que tolerava aquele homem em seu lar para que a filha ficasse em suas vistas, temendo um mal maior se ela fosse morar fora. Nélia gostava muito do companheiro, apesar das constantes discussões, sendo ele uma pessoa bastante violenta e apreciador da vida boêmia.
    Certo dia Hélio chegou em casa e não encontrou Nélia, que tinha ido a casa de uma amiga. Mais ninguém estava na residência e ele esperou a mulher bastante irritado. Nilo chegara da rua e tinha se dirigido para seu quarto, onde se dedicou aos estudos. O cunhado não percebeu sua chegada e em poucos minutos Nélia chegou, quando teve início uma discussão que terminou em agressão por parte do truculento Hélio, cobrando ciúmes dela. Em dado momento ele empurrou-a com força, indo ela projetar-se ao chão, batendo com a cabeça, fazendo o sangue jorrar em abundância. Com os gritos Nilo saiu do quarto e viu aquela cena degradante, percebendo que o cunhado fugia apressado, após pegar alguns pertences. Correu para pedir ajuda, conseguindo socorrer a irmã que infelizmente não resistiu aos ferimentos, vindo a falecer antes de chegar ao hospital. Os pais ficaram bastante abalados, ficando sob o efeito de calmantes. Hélio tomou sumiço e nunca mais foi visto.
    Diante daquela figura, daquele homem truculento que tirou a vida de sua irmã, Nilo tremeu, não teve condições de imaginar o que poderia fazer naquele momento. Cinco anos se passaram deixando uma angústia na família, principalmente nele, que jurara um dia encontrá-lo e esse dia chegou. Aguardou ele sair, disfarçando-se, e o seguiu. Andou alguns quarteirões e entrou em um hotel. Fingindo ser um amigo, Nilo procurou saber o quarto e para lá se dirigiu. Simulando ser uma entrega de encomenda do hotel, bateu na porta. De óculos escuros e boné não foi reconhecido, entrando no quarto. Fingiu que tirava algo de uma bolsa que carregava e manuseou alguns papéis, depositando tudo sobre uma mesinha, onde apanhou um cinzeiro de vidro e desferiu rapidamente um golpe na cabeça de seu ex-cunhado, tendo o mesmo perdido os sentidos. Amarou e amordaçou Hélio, aguardando que ele recobrasse a memória. Quando tornou a si Hélio, ainda sentindo dores, reconheceu Nilo, que afirmou taxativamente que iria eliminá-lo. Colocou uma substância corrosiva em seus olhos, que já andava sempre com ela, pois sabia que não teria coragem de matar aquele homem. Em seguida soltou-o e se retirou do local, antes avisando que se dissesse alguma coisa a respeito, ele o denunciaria como o assassino de Nélia, já que a polícia nunca o havia localizado.
    Os funcionários do hotel foram chamados por ele, que pediu ajuda, não explicando o que tinha havido, receoso de ser preso, pois sabia que era um foragido da lei.
    Do lado de fora Nilo observava a movimentação no hotel e viu que uma ambulância levou Hélio para um hospital. Seguiu até lá e informou a um policial a situação daquele paciente, que foi logo identificado e custodiado, aguardando ser medicado para depois prestar contas a justiça.

OLHANDO A VIDA

   
    Eu olho a vida como se olha o relógio, vendo o tempo passar como os ponteiros de horas e minutos numa trajetória interminável.
    A música é suave, não tem voz, apenas instrumentos não barulhentos para não perturbarem meus ouvidos sensíveis.
    Rego essa vida com umas boas chuveiradas diariamente para afastarem as mazelas que dela sempre tentam tirar proveito.
    Eu olho a vida de uma maneira pessoal, como todo mundo faz, querendo que as coisas mudem, que o verdadeiro sentido dela aflore e que contamine os demais seres humanos.
    Na rua o barulho dos veículos me incomoda, o vai e vem das pessoas me deixa confuso, afinal não sei o que elas querem. Parecem autômatos sendo manipulados por controle remoto.
    Eu olho a vida como as batidas do meu coração, muitas vezes aceleradas, fugindo do ritmo normal, por conta do estresse, esse mal tão natural e que ninguém percebe que está sendo vítima dele.
    Ouço a minha música, preferencialmente não muito alta, pois quem mais precisa dela é minha alma. Ela é quem sente a emoção e o prazer, transmitindo para o meu cérebro, que curte pacientemente.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

O DESTINO DE MARION

   
    Os sinos da pequena igreja badalavam naquela alegre manhã de domingo. Da janela do primeiro andar de um casarão de estilo colonial, em cores suaves, a menina-moça Marion olhava o movimento das pessoas se dirigindo para a missa. Cavalheiros e senhoras, de braços dados, além de algumas crianças, atendiam o chamado do pároco. Todos adentraram a casa de Deus e a extensa e larga rua ficou praticamente vazia, vendo-se apenas alguns comerciantes expondo suas mercadorias nas calçadas.
    Marion ficou ali por certo tempo, já ia sair da janela quando uma charrete se aproximava. Um jovem bem vestido a guiava e parou quase na frente do casarão, descendo e instintivamente olhou para cima, como a observar o imóvel. Seu olhar cruzou com o de Marion que ficou perturbada. Ninguém jamais a olhara daquela forma, homem nenhum demorou tanto encarando uma beleza natural. Como que paralisada, Marion tentou desviar o olhar mas não conseguiu. Logo ela, uma moça pobre, sem nunca ter conhecido o amor, apesar de possuir uma beleza invejável. Achou estranho aquele comportamento e se afastou da janela, indo dar continuidade aos seus afazeres domésticos.
    Depois do almoço, quando deixou a cozinha em ordem, Marion saiu para o jardim e sentou-se num banco, pondo-se a pensar na sua vida, em como fora parar ali. Era ainda uma criança quando sua mãe viúva falecera e ela não tinha parentes próximos, vindo a ser adotada pela família Dantas, proprietária do casarão. Ali permanecia há mais de sete anos, ajudando nos serviços domésticos. Estava tão absorta em seus pensamentos que nem notou que alguém a observava. Era o rapaz da charrete, que se encantara com a sua beleza e queria conhecê-la. Marion tomou um susto e quase desmaiou quando ele se aproximou e disse um “oi” para ela. Mesmo envergonhada conseguiu trocar algumas palavras com o estranho, que se mostrou cortês, manifestando o desejo de voltar a vê-la. A conversa foi rápida e dona Creuza, sua tutora, vendo-a ali mandou que entrasse.
    O dia amanhecia quando Cláudio, instalado num imóvel ali próximo, tomava o seu café.  Ficara encantado com aquela jovem e sentia vontade de vê-la novamente. Ali estava em casa de parentes, havia chegado de outra cidade para tratar de negócios, onde demoraria poucos dias. Após a refeição pegou a charrete e se dirigiu para o centro, mas antes parou em frente ao casarão. Marion estava na janela como a esperá-lo. Trocaram olhares e ela respondeu ao seu aceno. Nesse momento dona Creuza observou a cena e proibiu a moça de dar atenção àquele moço.
    Cláudio já estava de partida e não mais vira Marion, percebendo que a janela estava sempre fechada e no jardim também não a via. Seguiu esperançoso de retornar em breve e encontrá-la de qualquer jeito.
    Dona Creuza precisou viajar mas ficou preocupada com Marion. Não queria que ela se iludisse com aquele rapaz, pois conhecia-o um pouco e sabia que não era partido para ela. Resolveu levá-la na viagem, que seria longa, e deixou a moça em uma fazenda de  um irmão, recomendando que cuidasse dela. Marion foi forçada a obedecer e passou a morar nesse novo lugar, sabendo que não mais veria o rapaz.
    Passaram-se alguns dias e dona Creuza voltou para sua cidade, deixando a menina-moça na fazenda, mesmo a contra gosto. Cláudio aparecia sempre na cidade para resolver seus negócios, mas não via Marion. Ficou sabendo que ela fora mandada embora, não tendo notícia do seu paradeiro.
    Na fazenda Marion estava se sentindo como uma prisioneira, mesmo tendo liberdade para sair. Certo dia, não mais querendo aquele tipo de vida, resolveu fugir, pegando alguns pertences e tomando o caminho que levava até o centro daquela cidade. Caminhou por cerca de uma hora, onde conseguiu carona numa charrete que a deixaria na cidade onde morava antes. Porém, antes de chegar na cidade cruzou com outra charrete e viu uma pessoa que passara a morar no seu pensamento. Ali na sua frente estava Cláudio, o moço da charrete, que se surpreendeu ao vê-la. Marion não conseguiu conter a emoção e desceu da charrete, agradecendo pela carona, embarcando então na charrete do homem que mexera com seu coração. Expôs os fatos para ele, que resolveu levá-la para sua cidade, pois estava se dirigindo para lá, vindo da cidade onde a conhecera e tentava inutilmente localizá-la. Ela aceitou o convite e ambos iniciaram um novo percurso, uma nova vida que talvez mudasse o destino dela.
    Chegaram na propriedade do rapaz, sendo recebidos pelos seus pais, que se surpreenderam com a atitude do filho, mas deram toda atenção, instalando a moça num aposento e sendo cientificados da situação dela.
    Morando na propriedade do rapaz a quem se dedicara, Marion nem percebeu o tempo passar e quando deu fé estava de casamento marcado, enviando convite para a família Dantas, que a criou. Todos ficaram surpresos na cidade e o casamento se realizou, tendo a felicidade sido companheira do casal por longos anos.

SUA LEMBRANÇA


Partiu... nunca mais vai voltar
Apenas a saudade vai ficar
Sua lembrança vai me acompanhar
Com certeza com você vou sonhar
Onde quer que esteja estaremos juntos
Seu corpo agora não mais me serve
Será destruído embaixo da terra
Mas a alma tem vida, não se encerra
Estará sempre presente no pensamento
Sua lembrança vai me confortar
Vai me dizer que você está bem
Que desta vida não escapa ninguém

CHEGOU A SAUDADE


Chegou quem eu não queria
Chegou quem tanto me fez sofrer
Chegou essa saudade abusada
Lembrando quem eu tentava esquecer
Eu já estava me acostumando
Fazendo de conta que não existia
Então caladinha chegou a saudade
Me fez tropeçar e perder o dia
Agora já não sei o que faço
Procuro um jeito de me libertar
Peço que a saudade vá embora
Quero ficar sozinho, preciso tentar
Chegou a saudade para me iludir
Chegou de mansinho, não fez sermão
Chegou só para me enlouquecer
Tirando o sossego da minha solidão

domingo, 1 de abril de 2012

BASTA OLHAR O CÉU

parei para olhar o lindo céu azul
algumas nuvens brancas, imagem formosa
aí veio a brisa sorrateira e fogosa
me emvolveu e beijou o meu rosto
despertou o meu eu, libertou minha alegria
me fez acreditar que nem tudo é sonho ou orgia
é um prazer que a vida oferece a todos
basta procurar um lugar calmo e solitário
olhr o céu e sentir-se um missionário
pensar em Deus, deixar fugir a tristeza
pode até imaginar que isso é melancolia
mas os bons fluidos resgatam sua alegria
basta olhar o céu e sentir a brisa

CULTO PARA UM ANJO

os últimos raios de sol quase me ofuscavam
o campo santo mergulhava em silêncio total
eu insistia no contato o anjo e o mortal
na frente da lápide olhava o seu nome
imaginava os momentos que a tinha nos braços
parecia ver seu sorriso, seu andar, seus traços
era como se ela estivesse ali presente
o peso da saudade agora me mata
o tempo me julga, me joga nessa vida ingrata
me faz sofrer por tê-la ferido, abandonado
me traz sempre aqui para cultuar seu nome
a vontade de viver foi embora, a paz me some
sou apenas um solitário sem rumo certo
como seria bom se o tempo voltasse
mesmo que com isso minha vida custasse
cultuo apenas meu anjo nesse momento
sou refém do tempo e suporto o sofrimento
por tê-la abandonado quando não devia
meu culto é para você, meu anjo querido
talvez um dia a você eu possa estar unido

O SEGREDO DO PORÃO

    A velha casa de campo estava abandonada há anos, desde que seu antigo proprietário falecera, vítima de um mal súbito naquele imóvel imenso, em terras outrora cultivadas, com empregados e hoje entregue a herdeiros que não dão a devida atenção. Fazem algumas visitas muito raras apenas para se certificarem de que está tudo em ordem. Nessa manhã, Jair resolveu entrar na velha casa, em busca de algo que um sonho havia lhe revelado. Não sabia o que, mas tinha a impressão que era coisa de valor.
    Tinha sido um dia normal para Jair e à noite, um pouco cansado, resolveu se deitar cedo. O sono não tardou e ele se viu na frente da casa de campo abandonada. Sonhava que estava ao lado de um senhor que pedia para pegar algo que lhe pertencia e que estava guardado no porão. Entrou e se dirigiu ao local indicado. Quando tentou levantar a tampa que dava acesso ao mesmo, uma viga de madeira se desprendeu do alto e lhe atingiu na cabeça, deixando-o prostrado no chão. Acordou nesse momento de um sonho ruim. Passou a mão na cabeça para se certificar se fora realmente um sonho.
    Diante da casa Jair hesitava, não estava muito a fim de entrar para procurar o que lhe fora revelado em sonho, mas por impulso adentrou a casa e parou diante da tampa do porão. Viu que tinha bastante poeira, mas pôs a mão na tranca para levantá-la. Um estalo se ouviu e uma viga de madeira, como no sonho, se desprendeu do alto, quase o atingindo na cabeça. Por um triz escapou da morte, visto que a viga era grossa e pesada. Saiu ileso, apenas com pequenos arranhões. A entrada do porão ficou obstruída e ele sozinho não podia fazer nada. Voltou para casa sem mais se preocupar com o assunto.
    Durante o jantar Jair comentou o ocorrido com os familiares, falando também do sonho que tivera e todos pediram que ele tivesse cuidado. Chegou a hora do sono e ele foi dormir sem se lembrar mais do fato. Sonhava agora com o falecido pai, que lhe pediu para não mexer em seus pertences lá no porão. Acordou um tanto assustado, já que nunca sonhara com o pai desde que falecera, naquele mesmo local, quando passou mal, ali expirando.
    Passaram-se alguns meses e a família resolveu vender a propriedade. Uma imobiliária se encarregou da venda, que em poucos dias foi consumada. O novo proprietário, após uma reforma na casa, devolveu os pertences que se encontravam no porão, entre eles alguns documentos e objetos de estimação.
    Decorridos três meses da ocupação, a casa já apresentava um novo visual, estava mais arejada e com pessoas morando e trabalhando na plantação. Jair passava pelo local e teve uma boa impressão da antiga casa de campo mas ficou curioso com o sonho que tivera por duas vezes. No primeiro um senhor queria resgatar algo que lhe pertencia e no segundo o pai lhe pedira par não mexer em seus pertences. De repente viu uma movimentação de policiais na casa e que saiam com um saco, onde continha alguma coisa estranha. Procurou se certificar e soube que se tratava de uma ossada que fora encontrada na parede, em uma espécie de gaveta no porão, onde iniciavam uma pequena reforma.
    A família de Jair foi então intimada para prestar depoimento, mas ninguém soube informar nada, já que a única pessoa que tinha acesso ao porão já era falecida e o caso foi encerrado.
    À noite, depois do jantar, Jair ficou pensativo com aquela situação e foi dormir com aquilo na cabeça. Não conseguia imaginar o que acontecera. Deitou e entrou em sono profundo. Começou a sonhar com aquele senhor que queria algo que se encontrava no porão. No entanto ele estava agora mais tranqüilo e lhe dizia que o que queria já foi retirado de lá. Jair ficou intrigado e acordou assustado, lembrando da ossada que a polícia encontrara. Pouco tempo depois foi vencido pelo sono e novamente sonhou, dessa vez com o pai, que lhe dizia que aquele era um antigo desafeto, referindo-se a ossada, que tentara lhe roubar, sendo morto em legítima defesa. Seu pai então resolvera emparedar seu corpo numa gaveta aberta e cuidadosamente fechada, nunca despertando suspeitas. Fizera isso para evitar complicações sem revelar nada para ninguém.