segunda-feira, 29 de julho de 2013

NOTÍVAGO

a rua deserta e a madrugada fria
pela primeira vez me faz ter medo
a rua que tanto conheço me faz tremer
e ainda está muito longe o amanhecer
em passos lentos eu ando
em falta com a minha sensatez
vendo que essa minha embriaguez
não me leva a lugar nenhum
sou um notívago inveterado
rasgo noites e madrugadas
as emoções, minhas camaradas
me acompanham em brindes diários
o hálito que exalo me sufoca
me faz pensar em mudar
imaginar uma cama quentinha e macia
mas esse vício cruel me alicia
se aproveita da minha fragilidade
um ser sem valor a percorrer a rua
em busca do agasalho do lar
sem ter alguém para quem apelar
molhado da chuva fina que cai
quase nada vendo pela frente
um pobre coitado, um demente

domingo, 28 de julho de 2013

O TREM APITOU

o trem apitou     
piuiiiiii!... piuiiiiii!...    
aquela “reca” de meninos correu pra estação
estava a postos para qualquer informação
naquela cidadezinha do interior
já era um fato corriqueiro
os pirralhos visavam o dinheiro
razão dessa “danação” toda de meninos
chegavam viajantes de outras cidades
com pacotes e malas carregando
e os moleques quase implorando
se ofereciam para ajudar
era como se fosse dia de festa
quando o trem chegava apitando
na estação os fedelhos logo chegando
e enchendo os bolsos de pratas
o trem apitou
piuiiiiii!... piuiiiiii!...
ele agora vai embora
até a próxima sem demora

sexta-feira, 26 de julho de 2013

DE OLHOS FECHADOS

Sentado na varanda e sozinho
Olhando a perfeição da natureza
Paro para pensar na vida
Que me presenteia com tanta beleza
Nesse momento eu fecho os olhos
E mergulho num mundo diferente
Longe da avareza e do desamor
Onde o ser de Deus é temente
E sabe conquistar seus valores
De olhos fechados eu imagino
Uma vida cheia de ternura
Em contato com anjos celestes
Afastando de nós a amargura
Extirpando todos os males da Terra
Permaneço então de olhos fechados
Quase acordado, quase sonhando
Querendo nosso mundo também assim
No silêncio da minha varanda pedindo
Para todos, não somente para mim
Que aqui se cultive só o amor

ATRAVÉS DA JANELA

Através da janela aberta
Dar pra ver no céu a lua brilhando
Numa noite que pareço estar sonhando
Nem posso contar as estrelas
Que são tantas a cintilarem
Tenho a impressão que piscam pra mim
Sou um feliz convencido, sou assim
Aqui no quarto tem alguém comigo
Alguém que voltou, que agora me ama
Quando estou olhando o céu ela me chama
Me convida para o amor
Para momentos que só a nós interessa
Imagino que sente ciúmes da lua
Ou até de uma estrela que brilha
Para ela eu sou a sua maravilha
Já que voltou apenas para me ver
Sentiu saudade, sentiu um desejo
De colar o seu corpo ao meu
Ela é minha, sou todo seu
E através da janela tem a lua
Tem estrelas que contemplam nosso amor
Que recomeçou com toda sua força


quarta-feira, 24 de julho de 2013

NA ESQUINA DA VIDA

  
Na esquina da vida
Eu parei
E meditei
Voltar ou seguir em frente?
Uma dúvida na cabeça
Muitos sonhos
Alguns tristonhos
O que a vida me ofereceu
Na esquina da vida
Parado
Desolado
Pensando numa solução
E agora, o que fazer?
Decido então ir em frente
O mundo não acaba
Mesmo que eu tropece
Pois cada um merece
Deixar a esquina da vida
Fazer valer o seu sonho

sexta-feira, 19 de julho de 2013

QUANDO FALO...


   Por que as pessoas gostam tanto de mentir? Será que elas tem alguma OPINIÃO a respeito da mentira?
   QUANDO FALO OPINIÃO eu me refiro ao comportamento delas perante os amigos, acho que pretendem demonstrar algo que não está AO ALCANCE.
   QUANDO FALO AO ALCANCE quero dizer o seguinte, essas pessoas se sentem bem ENGANANDO O POVO com suas falácias.
   QUANDO FALO ENGANANDO O POVO eu me lembro logo dos políticos que usam desse artifício para tentarem SUBIR NA VIDA às nossas custas.
QUANDO FALO SUBIR NA VIDA, é óbvio que todo mundo quer, mas tem que ser de maneira correta, AGINDO HONESTAMENTE para com a sociedade.

   QUANDO FALO AGINDO HONESTAMENTE, quero dizer de acordo com a lei, sem prejuízo do próximo. E por aí vai.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

D O R A

  O tempo passou e Dora continuava sendo aquela criatura doce, meiga com todo mundo, atenciosa, tinha o maior prazer em atender a um chamado de quem quer que fosse, independente de idade, cor ou sexo, pois para ela a criatura humana era muito importante, merecia toda a sua atenção.
  As lembranças do passado estavam sempre presentes em sua mente, gostava de relembrar os doces momentos de sua vida desde os tempos de adolescente, quando conheceu Éder, que a cortejava e admirava o seu trabalho voluntário em uma creche mantida por uma igreja católica. Perdera os pais muito cedo, sendo criada por uma tia, católica fervorosa. Com a morte da tia passou a se dedicar exclusivamente ao cuidado com crianças carentes, morando na própria creche já que não dispunha de recursos financeiros para alugar uma casa. Pouco tempo depois casou-se com Éder, que veio a falecer em menos de um ano de união, o que a deixou muito triste, porém consolada com os desígnios da vida. Viúva aos 25 anos, Dora fez um pacto com Deus para se dedicar ao evangelho com as crianças.
   Hoje, depois de longos anos, já quase beirando os setenta anos, Dora viu muitas daquelas crianças deixarem a creche, tomarem outros rumos, algumas já casadas e com filhos, tratando-a como uma mãe.

AMOR INGRATO

   O frio da noite estava quase congelando o rosto de Jesse, encostado em um poste observando o outro lado da rua, mais precisamente um prédio antigo de dois andares. Usava uma capa por cima do terno cinza e tinha um único objetivo a sua permanência ali, naquela rua pouco movimentada, com poucos carros circulando e um ou outro pedestre em passos apressados devido ao horário adiantado. Jesse consultou o relógio pela terceira vez, estava impaciente, queria sair dali logo assim que tivesse início a sua tarefa.
   Havia saído de casa há cerca de uma hora, estava transtornado e decidido no que iria fazer, porém nada demonstrou para a esposa, de quem gostava muito, mas desconfiava do seu comportamento. Beijou-a ao sair dizendo que iria tratar de um assunto com um amigo. Laura lhe dava a maior atenção e carinho, era muito risonha e tinha muitos amigos no trabalho, onde desempenhava a função de secretária. Jesse não gostava de um determinado rapaz que trabalhava com Laura, já o vira na cidade casualmente almoçando com a esposa, o que lhe deixou chateado, mas ela afirmava que era uma simples amizade. Jesse amava perdidamente essa mulher, só não tinha coragem de questioná-la, de procurar saber a verdade, até que certo dia, após segui-la secretamente, viu quando entrou em um motel com esse rapaz. Foi o estopim para tomar uma decisão.

   Um carro parou diante do velho imóvel e um rapaz desceu. Jesse se posicionou atrás do poste para não ser visto. Era o rapaz que o traía, fazendo o seu sangue gelar. O carro se foi e o rapaz se preparou para abrir o portão. Jesse colocou a mão no bolso da capa e segurou a arma, estava a poucos metros da possível vítima, não poderia errar o tiro. Um pensamento repentino lhe veio à cabeça: se matasse aquele rapaz poderia ser descoberto, seria preso e perderia o amor de Laura, sua doce amada, a mulher da sua vida e seria impossível viver sem a sua companhia. Voltou atrás na sua decisão, preferiu o amor de Laura, mesmo não tendo a coragem de questioná-la sobre a sua infidelidade, já que a amava loucamente e temia perdê-la. Entrou no carro que estava estacionado bem próximo e se dirigiu para casa. Laura o recebeu com um sorriso nos lábios e um abraço afetuoso. Era tudo que Jesse queria, sentia o maior prazer em estar nos braços da esposa. Beijou-a apaixonadamente ainda no portão, fazendo amor assim que entraram no quarto. De certa forma Jesse era um homem feliz mesmo enfrentando esse drama, mesmo com esse amor ingrato que Laura lhe ofertava. 

terça-feira, 16 de julho de 2013

MULÉ DE ZONA


   Fiquei abilolado cum a histora dum amigo meu, quando a rente bibia num bar lá do meu interiorzin, na roça mermo. Sabe cumé qui é, a rente toma uma, toma ôta e a cunversa vai chegano, vai contano coisa pa mode tomar o tempo, ne? Inté fiquei na dúvida se divia acreditar ou não, mas terminei acreditano. Num é qui esse meu amigo arrumou uma mulé de zona e botou dento de casa?! Pois é, cunhiceu essa mulé na zona, coisou cum ela num sei quantas vez e acabou gostano da danada, qui pu siná era muito bunita, sem falar ôtas coisa qué pa respeitar ele. Meu amigo tava muito sastifeito cum a nova isposa, qui dexô a zona pa se dedicar a ele, cum todo conforto. Bem, ele qui sabe, cada um qui iscolhe de quem vai gostar, mas eu num topava isso não, só qui ninguém deve dizer qui dessa água num beberei.

ATAQUE MORTAL


um animal matreiro
nem desconfia do perigo
o descuido está consigo
percorre a planície devagar
esse majestoso alce
sozinho procurando alimento
a fome lhe causa sofrimento
e se descuida da guarda
uma fera atrás da moita
aguarda o momento propício
um leão de porte avantajado
também com fome e desesperado
quer transformá-lo em almoço
o sol é quente, o vento parado
o alce parece algo temer
mas ele precisa comer
tem que correr o risco
chega o momento, o leão parte
precisa acalmar seu estômago
o alce corre, o leão já perto
só os dois naquele deserto
o mais fraco cai sob poeira
tenta encontrar alguma maneira
de evitar o golpe fatal
em vão! seu pescoço é destroçado
o sangue jorra e o leão faminto
almoça tranquilamente o alce

segunda-feira, 15 de julho de 2013

AOS MEUS AMIGOS INGRATOS

Aos meus amigos ingratos
O meu cordial bom dia
Sempre com um sorriso a oferecer

Minha impressão é que estão entretidos
Estudando, trabalhando, viajando...
Um motivo qualquer deve existir
Sei que é perfeitamente possível

A paz eu desejo para todos vocês
Minha amizade em primeiro lugar
Instrumento de nossa antiga união
Gostaria de pedir-lhes apenas atenção
O mínimo possível já me contenta
Será como uma bênção do céu

Isto não é uma simples brincadeira
Não teria jamais essa capacidade
Garantindo que amo a todos
Rezando sempre à noite por vocês
A minha intenção é apenas despertá-los
Ter com vocês um melhor contato
O que me daria um imenso prazer
Sabendo que meu desejo foi atendido

domingo, 14 de julho de 2013

PÂNTANO


pântano em silêncio sepulcral
banhado pelo clarão da lua cheia
um ambiente de beleza sobrenatural
só animais sobrevivem, é normal
é seu mundo, seu território de caças
o ser humano não adentra, só observa
não deve interferir nessa reserva
a noite se vai, o dia amanhece
agora o sol é quem toma conta
o calor de certa forma apronta
espantando os bichos das tocas
é hora de agir, de procurar comida
a espécie mais lenta será engolida
é a lei do pântano, é a natureza
cada um por si nesse reino cruel
pode ser triste, pode ser anormal
mas é a lei em vigor no pantanal

sexta-feira, 12 de julho de 2013

LUZIA VOLTOU

   Quando o telefone tocou os olhos de Paulo se encheram de lágrimas, estava aguardando esse momento fazia tempo, até imaginava ele nunca tocar. Estava sentado na varanda da enorme casa, tendo a sua frente o espetáculo maravilhoso do por do sol, com mil pensamentos na cabeça e o olhar perdido no horizonte, tendo despertado agora com o telefone chamando. Quis hesitar em atender mas a vontade de falar com alguém era bem maior, muito esperada e poderia resolver o seu problema, tirá-lo dessa solidão que tanto o maltratava, que tirava o seu sono transformando suas noites mal dormidas num verdadeiro sofrimento.
   Luzia tinha ido embora fazia anos, era a sua grande paixão, se davam muito bem, porém um motivo bobo causou a separação de ambos, o que deixou Paulo bastante transtornado, pois amava demais essa mulher que o abandonara. A infelicidade tomou conta dele, mesmo ela dizendo, antes de partir, que iria pensar no caso, afinal também gostava dele. O passar dos anos havia deixado Paulo quase sem esperanças, aquele telefone sempre fora um elo de comunicação entre Luzia e ele, poucas pessoas ligavam e esse aparelho era muito especial para o casal, por isso que aguardava ansiosamente ele tocar e a voz do outro lado ser a de sua amada.

   Venceu a ansiedade e mesmo com as mãos trêmulas pegou o telefone. Seu coração batia descompassadamente até dizer “alô”. De início um silêncio como se alguém quisesse somente ouvir a sua voz, ter a certeza de que era ele, somente ele. “Alô”, respondeu a outra voz do do outro lado, uma voz feminina, fazendo com que o coração de Paulo pulasse pela boca. Enfim era ela, Luzia, que decidira voltar, movida pelo amor que sentia, pela saudade que também a torturava. Ela voltou, decidiu dar uma chance para Paulo e esquecer o motivo bobo que os separara.