Lea deixou o escritório um tanto
preocupada, os próprios colegas de trabalho notaram que ela não estava em seu
estado normal e até questionaram sobre isso, mas ela afirmou que estava tudo
bem e que não se preocupassem. Aldo foi quem mais se preocupou com Lea, já que
era uma garota desinibida, falante e de repente, num espaço de poucos dias
percebeu sua transformação. Gostava dela, sentia até uma certa atração, mas não
tinha coragem de revelar esse segredo. Enquanto o coração aguentasse ele
ficaria apenas admirando-a, amando-a secretamente, até que um dia esse desejo
explodisse.
No dia seguinte Aldo percebeu Lea um pouco
mais agitada, principalmente depois que recebeu um telefonema. Ela pediu ao
chefe para sair mais cedo alegando mal estar e ganhou a rua. Aldo teve um impulso
e decidiu segui-la discretamente, tendo avisado aos colegas dessa sua atitude.
Viu que ela seguia apressadamente, parando em um determinado local, aguardando
alguns minutos até que um carro parou próximo, tendo saído do mesmo um homem
que se aproximou dela e a beijou na testa. Aldo assistiu aquela cena sendo
acometido de ciúme, mas se controlou. Houve uma conversa ríspida entre eles e
em seguida Lea entrou no carro que partiu imediatamente. Transtornado, Aldo
voltou para o escritório e comunicou o fato aos colegas, que ficaram imaginando mil coisas.
Aldo não dormiu nessa noite pensando em
Lea, naquela cena que o deixou enciumado e magoado. Mas não podia cobrar nada
dela, não a namorava, não tinha motivos para lhe pedir satisfações. O seu
coração estava sentido, amava secretamente aquela moça, tinha vontade de contar
para ela o quanto a amava, porém a sua timidez impedia, mas ele iria tentar vencer
esse medo e declarar o seu amor, custasse o que custasse.
Na manhã seguinte Aldo chegou cedo no
escritório, queria ver o semblante de Lea, queria ser o primeiro a saber o que
acontecera. Ela não apareceu para trabalhar, o que deixou ele mais preocupado
ainda. As horas se passaram e nada de Lea aparecer, deixando todos com uma
interrogação devido ao fato do relato de Aldo e também por não conhecerem o tal
homem que lhe dera carona.
Os jornais do dia seguinte deram uma
notícia trágica que abalou todo o pessoal do escritório. Um corpo de mulher
fora encontrado sem vida em um local ermo, apresentando ferimentos provocados
por arma de fogo. E esse corpo era o de Lea, aquela criatura que gozava do
prestígio de todos os colegas, aquela moça alegre que conversava com todos e de
repente se viu fora de si, abatida, preocupada com algo que não era do
conhecimento desses amigos.
O enterro teve o comparecimento de todos do
escritório, além de familiares e amigos. Todos sentiram a falta dessa pessoa
tão distinta, tão querida, que ficaram questionando qual seria o motivo da sua
morte. Nesse dia o chefe do escritório decretou folga para os funcionários em
homenagem ao evento fúnebre de uma integrante de seu quadro.
(Obs.: o mistério desta
história será desvendado no próximo conto: O SEGREDO DE LEA. Aguardem).
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