Caetano despertou de um sono profundo e se viu em um quarto bastante
aconchegante e higienizado. Tudo era bem conservado e limpo, o clima era
agradável e dava para sentir o perfume das flores que via através de uma ampla
janela, tendo ao fundo uma imagem que mais parecia um quadro pintado a pincel.
Nunca imaginaria acordar em um ambiente assim tão acolhedor, tão confortável e
apesar de estar sozinho sentia-se tranquilo. Ninguém ali para informar-lhe o
que acontecera e o porque de se encontrar em uma cama, onde parecia um
hospital. Não se lembrava de nada, sua mente estava confusa, não tinha a menor
ideia do que possa ter ocorrido com ele.
Passaram-se horas naquele ambiente sem que Caetano ao menos pudesse se
mexer, também não podia, dado o estado de inércia em que se encontrava, com a
mente ainda confusa e lentamente conseguindo lembrar alguma coisa sobre ele. Seu
corpo estava paralisado, um só dedo não conseguia fazer qualquer movimento,
pois tentara inutilmente, não tivera sucesso e se indagava a todo momento: o
que teria acontecido? O silêncio era quebrado apenas pelo canto de pássaros,
não os via mas sabia que através da janela, em algumas árvores, poderiam estar.
Finalmente o silêncio foi quebrado com a presença de uma pessoa que
adentrou o quarto, toda de branco, o que o fez pensar que realmente se
encontrava em um hospital. Ela dirigiu-lhe um sorriso e lhe estendeu a mão, foi
quando ele percebeu que podia também se mexer, estendendo-lhe a mão. Teve a
sensação de sentir seu corpo estremecer e uma alegria momentânea tomou conta do
seu ser. Caetano agora podia olhar ao seu redor, mesmo deitado, tendo a sua
frente aquela moça que o fez mudar de comportamento. Ingeriu um líquido que lhe
foi oferecido por ela, sentiu-se melhor da confusão mental e indagou sobre seus
familiares, começando a se recordar de algo que não estava ainda bem claro no
seu cérebro. Foi aconselhado a permanecer calmo, pois na hora devida seria
cientificado de tudo. A possível enfermeira se retirou e o silêncio voltou a
reinar, tendo Caetano permanecido em novo estado de letargia. Em pouco tempo
adormeceu novamente em vista do efeito do que bebeu.
Novo despertar, o mesmo ambiente que lhe fazia bem, desta vez com várias
pessoas ao seu lado, com sorrisos alegres, de boas vindas, apesar de Caetano
nada entender ainda. Sua mente reage, afloram informações que são do seu
conhecimento e ele se sente triste, não imaginava que fosse parar naquele
local, muito receptivo, é verdade, mas ele não queria. O que ele lamentou
profundamente foi a velocidade que desenvolvia naquele automóvel conversível,
de potência superior aos demais veículos, em uma rodovia deserta, tentando ser mais
veloz que um companheiro que também corria, vindo ambos a colidir num curva em
uma parede de rocha, nada mais se lembrando até acordar nesse quarto.
Questionou sobre os parentes, mesmo já sabendo a resposta que iria ouvir, mas
queria a certeza, poderia estar delirando em um quarto de hospital, moribundo,
apesar de não sentir nenhuma dor, nenhum pedaço do seu corpo faltando. Se
apalpou compulsivamente, sentia o seu corpo normal, sem ferimentos, nada que
pudesse comprovar que estivesse morto. Estava consciente de suas faculdades
mentais, estava agora se lembrando de tudo, da corrida na estrada, do acidente,
enfim, sabia de tudo. E agora? Ouviu tranquilamente a resposta que não queria
ouvir, mas estava consciente dos seus atos e não era hora de reverter a
situação. Encontrava-se em outro plano físico, semelhante ao da Terra, onde as
regras eram outras, muito diferentes e rígidas, só dependendo do próprio
esforço para alcançar um nível melhor, sem nenhuma chance de retorno ao antigo
plano físico.
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