O avião bimotor decolou de Belém por volta
das nove da manhã com destino a Teresina, levando cinco pessoas incluindo o
piloto. Quando sobrevoava a selva amazônica a pequena aeronave apresentou um
defeito em um de seus equipamentos, fazendo-a perder altura e cair na selva.
Com o impacto da queda, derrubando árvores, a mesma se incendiou, matando
quatro de seus ocupantes, salvando-se apenas Hermes, que fotografava a área.
Sangrando e com vários ferimentos conseguiu rastejar para distante do fogo,
momento em que o aparelho explodiu. Nada se aproveitou do avião e Hermes ficou
sem saber o que fazer, vendo as horas se passarem e não ter nenhuma ajuda.
Conseguiu estancar o sangramento e perto de um riacho descansou um pouco,
apesar de estar temeroso, pois poderia surgir algum animal feroz ou ser picado
por alguma cobra. Após se refazer do susto decidiu caminhar, procurar algum
tipo de ajuda, chegando a alguma aldeia. Andou algumas horas e já pensando em
parar, cansado, percebeu uma abertura numa espécie de paredão, com folhagens na
frente. Foi até lá para investigar e resolveu entrar, vendo que se tratava de
um túnel. Hermes seguiu em frente naquele caminho úmido e escuro, queria ver
até onde ia. Caminhou por algum tempo, não estava mais aguentando, mas enfim
uma claridade no fim do túnel lhe animou. Chegou na saída, percebeu um lugar
bem claro e com muitas árvores altas. O cansaço o fez cair e perder os
sentidos.
Despertou em uma espécie de cama de capim,
algumas pessoas ao redor, deixando-o espantado e receoso. Logo percebeu que
eram do bem e que tinham tratado dele. Suas roupas eram outras e foi obrigado a
tomar algo que não conhecia, um caldo grosso e verde, quente, que ao final o
deixou mais tranquilo. Não entendia nada do que falavam, era uma língua
estranha e o maior desses seres podia ter no máximo pouco mais de um metro, se
sentia um gigante na frente deles, mas tinha de ficar quieto, pois eram em
grande quantidade, homens e mulheres e possuíam armas estranhas que ele nunca
tinha visto.
Alguns dias se passaram e Hermes chegou a
conhecer o lugar onde existiam lindas cachoeiras, belos lagos e habitações
semelhantes as dos indígenas. Alimentou-se bem durante esse tempo a base de
frutos e tubérculos. Comeu frutas que não conhecia, mas como não entendi a língua
dessa civilização, não podia saber do que se tratava.
Uma certa manhã Hermes foi chamado pelo que
imaginava ser o chefe daquele povo pequeno. Foi obrigado a sentar em uma
espécie de espreguiçadeira e a tomar um caldo quente, meio grosso e de cor
avermelhada. Obedeceu, sabia que não seria nada demais. Alguns minutos após, Hermes
sentiu uma sonolência e acabou dormindo.
Acordou algumas horas depois, próximo ao
local onde caíra o seu avião, com pessoas lhe transportando para um
helicóptero. Percebeu que estava com as mesmas vestes do dia do acidente. Não
conseguia dizer nada e se sentia atordoado, sem poder falar uma única palavra.
Já no hospital, tendo sido medicado e com a mente em perfeitas condições de
funcionamento, contou a sua história mas ninguém acreditou. Foi informado pelos
amigos que foi resgatado no mesmo dia do acidente e que foi encontrado
desacordado naquele local. Hermes garante que tudo foi real, porém se supõe que
a pancada na cabeça possa ter feito ele delirar e imaginar coisas.
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