sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

PESADELO


    O carro seguia tranquilamente pela estrada deserta e Brígida nem desconfiava do que iria encontrar pela frente. Havia discutido com o companheiro e saíra de casa, sem rumo, até que resolveu pernoitar em uma pousada fora da cidade e agora retornava com o firme propósito de eliminar quem lhe nachucara, quem havia lhe causado tanto sofrimento. Paulo era assim, bem agressivo, do tipo que não respeita mulher, tendo Brígida se apaixonado por ele sem conhecer o outro lado dessa pessoa.
    O carro já se aproximava da cidade e Brígida deu uma última olhada no porta-luvas. Lá estava a arma que iria fazê-la vingar-se das humilhações sofridas. Estava tão ansiosa para chegar que não se preocupou com a velocidade, estava a 120 por hora e numa curva deu de cara com o velho caminhão de Paulo, que vinha em sentido contrário. A batida foi inevitável e Brígida apenas vislumbrou uma nuvem escura e um calor demasiado e mesmo assim não sentiu nenhuma dor. Seu cérebro ficou confuso e por alguns minutos pareceu que nada havia acontecido, o seu corpo permanecia do mesmo jeito e os veículos envolvidos no acidente estavam perfeitos, o que deixou-a sem saber o que fazer.

    Aos poucos foi recuperando a consciência e notou que dentro do caminhão havia uma pessoa e era Paulo. Sua ira voltou fazendo-a retornar ao carro e abrir o porta-luvas. Lá estava a arma que foi logo segura por ela, dirigindo-se na direção de Paulo, que já saía do velho cminhão. Apontou para o companheiro, acionou o gatilho mas nada aconteceu, deixando Brígida furiosa. Ele olhou para ela com um riso meio amarelado e tentou abraçá-la, mas ela se recusou a ter o seu contato, insistindo em tentar atirar e nada. Paulo fez ela entender que já estavam em outro plano físico, ainda perturbado com a situação. Brígida chorou e lamentou por tudo, jogando a arma longe. Nesse momento deixou-se abraçar por Paulo, que chorava junto com ela, apesar de não estarem entendendo muito essa situação tão estranha.

    Batidas na porta do quarto acordaram Brígida, tirando-a de um pesadelo muito ruim. A dona da pousada ouvira gritos e correu em direção ao quarto onde ela pernoitava. Brígida levantou-se assustada e abriu a porta, sendo acalmada pela senhora que providenciou um copo d’água. Lembrou-se já refeita que tudo fôra um sonho e agora pensaria melhor antes de agir contra o companheiro. Tentaria uma conversa e avaliaria a possibilidade de continuar com Paulo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário