Mayara entrou rapidamente na cabana trancando bem portas e janelas.
Estava assustada e ofegante após correr alguns metros, segurando nas mãos
trêmulas uma espingarda que usava para caçar. Costumava usar essa cabana quando
de suas caçadas, geralmente acompanhada, mas nesse dia decidira sair sozinha,
pois conhecia bem as redondezas e essa cabana abandonada era um ponto de
descanso, já que ficava em terras da fazenda de sua família. Ela se posicionou
atrás de um sofá e ficou na espreita, a qualquer momento poderia aparecer
alguém a sua procura, pois tinha acabado de matar um sujeito que estava com
dois outros que lhe abordaram naquela região deserta.
Mayara caminhava tranquilamente à procura de caça quando se deparou com
três desconhecidos mal encarados, pessoas que nunca tinha visto na região. Ela
estava a cavalo e os sujeitos a pé quando eles pediram que ela parasse. Um
deles tentou puxá-la pela perna quando recebeu um pontapé no rosto. Um outro
então desferiu-lhe um golpe pelo outro lado, fazendo-a quase cair do animal. O
terceiro elemento puxou a arma e atirou contra ela, ferindo-lhe o ombro,
momento em que ela revidou e atirou em seguida, atingindo-o no peito
mortalmente. Vendo-se em desvantagem atiraram no cavalo que caiu ferido
derrubando Mayara. Mesmo assim ela conseguiu se desvencilhar dos homens e
correu mata a dentro, indo alojar-se na cabana que ficava ali perto.
Escondida atrás do sofá, bastante temerosa, ela esperava pelo pior, com
certeza eles apareceriam, mas o silêncio era sepulcral, tudo parecia calmo, sem
nenhum ruído estranho. Súbito um cachorro latiu e fez Mayara estremecer, em
seguida ela ouviu barulho de galhos sendo pisados. Teve então certeza que os
elementos estavam ali fora, queria pegá-la. Manteve a calma e permaneceu quita,
queria dar a impressão de que não estava ali, porém eles perceberam que ela ali
se encontrava e um deles gritou:
- “Sai daí, puta safada! Sabemos que
está aí!”
Ela gelou mas continuou calada
aguardando os acontecimentos.
- “Nós vamos comê-la e depois
matá-la!”
Permaneceu em silêncio, sempre com a
arma engatilhada, apesar de estar sentindo dor com o ferimento no ombro, mas
ainda bem que foi de raspão. Sangrava um pouco e ela estancava com a blusa. A
porta foi então chutada com violência e escancarou-se, surgindo após alguns
minutos um dos homens, que adentrou a cabana mas recebeu um certeiro tiro na
cabeça, fazendo-o tombar sem vida. O último elemento, já enfurecido e
demonstrando total descontrole, começou a atirar aleatoriamente para dentro da
cabana, sem no entanto conseguir atingi-la. Em seguida acendeu uma tocha e
jogou para dentro, fazendo a cabana incendiar-se. Com a fumaça Mayara começou a
tossir e o único recurso era tentar escapar daquele inferno que começava a
arder. Com bastante habilidade dirigiu-se para os fundos e esperou os
movimentos dele. Percebendo que ele se encontrava do lado, abriu uma janela do
lado oposto e pulou, ganhando a mata. Foi seguida pelo sujeito que disparou um
tiro que lhe atingiu a perna, fazendo-a cair. Conseguiu arrastar-se pela mata
com o indivíduo em seu encalço, amarrando um pedaço de blusa na perna para
estancar o sangue que jorrava. Tentou arrastar-se mais um pouco e viu que
estava perdendo as forças, resolvendo ficar ali parada esperando que ele
surgisse. De fato ele apareceu na sua frente e imaginou que estivesse morta ou
desfalecida. Já estava a poucos metros de Mayara quando ela reuniu forças e
disparou a espingarda, atingindo-o no rosto. O homem caiu ensanguentado,
momento em que surgiram pessoas da fazenda que escutaram os tiros, após verem o
casebre em chamas. Mayara foi então socorrida por essas pessoas conhecidas.
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