Caminhei
alguns passos até a beira da lagoa, me sentando em um banco, de onde apreciava
o lindo por do sol. O espetáculo diário era uma maravilha, salvo nos dias
quando no céu se formavam nuvens que impediam essa visão. Eu já estava
acostumado com essa contemplação da natureza, era o meu passatempo dos finais
de tardes, sentindo o vento frio que me acariciava o rosto já envelhecido pelo
tempo, que pouco sorria e procurava nesse local alguns momentos de solidão, fugindo de problemas de ordem
doméstica. O corpo já não aguentava mais as adversidades da vida, sentia o peso
que o tempo lhe ofereceu e que era impossível não aceitar. Essas tardes de
solidão geralmente me faziam bem, eu esquecia tudo o que havia ficado para trás,
mergulhava em um mundo que criei para aliviar um sofrimento que muito me
afligia. Ficava ali naquele banco próximo a lagoa, observando o sol sumir no
horizonte, muitas vezes nem percebendo que a noite caíra. Meu mundo me absorvia
junto com os meus problemas, me deixava feliz como se tudo fosse flores. Eu
agradecia a Deus por esses momentos que deixavam minha alma em paz.
Hora do
retorno, da volta para casa, ter novamente a convivência familiar que não podia
evitar. Meu coração batia forte, acelerava a cada passada. Deixava aquele local
onde criei uma expectativa de momentos de felicidade, onde o por do sol era
minha companhia, onde a solidão me ajudava a refletir sobre mim, naquele banco
a beira da lagoa.
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