O frio da noite
estava quase congelando o rosto de Jesse, encostado em um poste observando o
outro lado da rua, mais precisamente um prédio antigo de dois andares. Usava
uma capa por cima do terno cinza e tinha um único objetivo a sua permanência
ali, naquela rua pouco movimentada, com poucos carros circulando e um ou outro
pedestre em passos apressados devido ao horário adiantado. Jesse consultou o
relógio pela terceira vez, estava impaciente, queria sair dali logo assim que
tivesse início a sua tarefa.
Havia saído de
casa há cerca de uma hora, estava transtornado e decidido no que iria fazer,
porém nada demonstrou para a esposa, de quem gostava muito, mas desconfiava do
seu comportamento. Beijou-a ao sair dizendo que iria tratar de um assunto com
um amigo. Laura lhe dava a maior atenção e carinho, era muito risonha e tinha
muitos amigos no trabalho, onde desempenhava a função de secretária. Jesse não
gostava de um determinado rapaz que trabalhava com Laura, já o vira na cidade
casualmente almoçando com a esposa, o que lhe deixou chateado, mas ela afirmava
que era uma simples amizade. Jesse amava perdidamente essa mulher, só não tinha
coragem de questioná-la, de procurar saber a verdade, até que certo dia, após
segui-la secretamente, viu quando entrou em um motel com esse rapaz. Foi o
estopim para tomar uma decisão.
Um carro parou
diante do velho imóvel e um rapaz desceu. Jesse se posicionou atrás do poste
para não ser visto. Era o rapaz que o traía, fazendo o seu sangue gelar. O
carro se foi e o rapaz se preparou para abrir o portão. Jesse colocou a mão no
bolso da capa e segurou a arma, estava a poucos metros da possível vítima, não
poderia errar o tiro. Um pensamento repentino lhe veio à cabeça: se matasse
aquele rapaz poderia ser descoberto, seria preso e perderia o amor de Laura,
sua doce amada, a mulher da sua vida e seria impossível viver sem a sua
companhia. Voltou atrás na sua decisão, preferiu o amor de Laura, mesmo não
tendo a coragem de questioná-la sobre a sua infidelidade, já que a amava
loucamente e temia perdê-la. Entrou no carro que estava estacionado bem próximo
e se dirigiu para casa. Laura o recebeu com um sorriso nos lábios e um abraço
afetuoso. Era tudo que Jesse queria, sentia o maior prazer em estar nos braços
da esposa. Beijou-a apaixonadamente ainda no portão, fazendo amor assim que
entraram no quarto. De certa forma Jesse era um homem feliz mesmo enfrentando
esse drama, mesmo com esse amor ingrato que Laura lhe ofertava.
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