terça-feira, 25 de junho de 2013

MÚSICA IMAGINÁRIA


    Bastava o tempo estar bom, o sol brilhando, para que eu saísse um pouco para o que chamava de “caminhar”, porque andar sem rumo, sem um roteiro pré-estabelecido, não é caminhar. Bastava ter qualquer tipo de problema no lar para sair à toa, andar por qualquer lugar, para refrescar a mente. E foi numa dessas “caminhadas” que me aconteceu algo curioso. Passava por uma ampla praça quando me deparei com uma criatura do sexo feminino, maltrapilha, aparentemente uma moradora de rua, que dançava ao ritmo de uma música imaginária, o que me fez parar e ficar observando. Era um ritmo corporal que se houvesse música seria perfeito. No entanto eu me encarreguei de “providenciar a música”, porém apenas eu fingia ouvir e sintonizar a dança da desconhecida mulher com a “música” que “tocava” na minha imaginação. Ficou perfeito, a dança e a “música imaginária” batiam bem e foram alguns minutos de curtição mental.
   Os dias se passaram e sempre que eu saía para andar e passava por aquela praça, lá estava ela, a moradora de rua com a sua demonstração de dança, sempre em sintonia com a “música” que “tocava” em minha mente, um espetáculo que me divertia, me fazia passar o tempo. Eu ficava até decepcionado quando não a via na praça, essa minha “dançarina” preferida, que nem imaginava que sua dança tinha “música” para completá-la.

   Após algum tempo não mais a vi e nem soube do seu paradeiro, talvez tenha ido dançar sem música em outras paragens, servir de boba para as pessoas, só não foi para mim porque resolvi completar o seu trabalho, sem me importar se eu também era considerado um louco.

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