Dentro do carro de luxo eu ouvia uma música, observava ao redor as
pessoas circulando, talvez carregando seus problemas ou simplesmente caminhando
felizes rumo ao trabalho ou outro lugar qualquer. Eu estava pouco preocupado
com o que iriam fazer e sim com aquele monte de carros que estavam a minha frente
sem me deixarem seguir meu caminho. Não adiantava buzinar, reclamar ou tentar
forçar passagem, pois o engarrafamento era normal na cidade e eu achava que
todo mundo tinha carro e que era comodista como eu. A música no carro aliviava
a minha tensão, me fazia relaxar e lembrar de coisas que eu estava esquecido,
alguma coisa que pudesse fazer assim que tivesse tempo. Tempo? Eu nunca tinha
tempo, estava sempre ocupado com alguma coisa, às vezes coisas que nem eram
necessárias, que poderiam ficar para depois. Mas deixemos isso de lado, vamos
esperar que esse trânsito ande, que me tire dessa chateação, dessa longa espera
que só me irrita. Não fosse a música que tocava nem sei o que faria, nem
imaginava o que se passaria na minha cabeça. Trânsito louco, cada dia pior, não
vejo como melhorar essa situação caótica dessa grande cidade, seria até melhor
ir morar no interior onde não houvesse carros, que tivesse apenas uma charrete
para a minha locomoção.
Eu estava li sentado numa praça do grande centro urbano, era hora do
descanso para o almoço e questionava comigo mesmo o porque de tantos carros nas
ruas causando engarrafamentos, poluindo o ar, fazendo barulho com buzinas
estridentes. Não, eu não estava dentro de algum carro ouvindo música,
sinceramente não. Eu tinha vontade de possuir um automóvel, de ser uma pessoa
estabilizada na vida e mesmo com esse transtorno no trânsito estar ali dentro
de um carro, ouvindo música e esperando o trânsito fluir. Sou pobre para isso.
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