sábado, 4 de maio de 2013

JURO QUE NÃO QUERIA GOSTAR DE VOCÊ


   O caminho deserto e escuro não me fez temer de percorrê-lo, pois estava decidido a chegar ao meu destino. Imaginava mil coisas durante o trajeto, mas não me preocupava com o que poderia acontecer, queria mudar a minha rotina, sair daquela mesmice, provar algo diferente, que eu pudesse depois até me vangloriar, apesar de não ser do meu feitio.
   Bati na porta daquela casa humilde sentindo o coração bater em descompasso, percebendo que as minhas pernas tremiam. Logo ela se abriu e aquela figura que eu havia visto há alguns dias na cidade, em pleno movimento do comércio, me fitou quase assustada, talvez não esperando a minha visita. Aquele mesmo olhar malicioso, cheio de mistérios, aquela mesma boca carnuda que tive vontade de beijar, aquele sorriso alucinante de quem faz um convite para o amor, tudo isso me fez estremecer mais ainda.
   Laura era seu nome. Conversamos por algum tempo na cidade e marcamos depois esse encontro. Tivemos pouco tempo para trocarmos palavras pelo fato do local não ser apropriado e ela estar com pressa. O desejo de conhecê-la melhor era demais, pois ela havia me cativado nesse encontro, com esse olhar e esse sorriso.
   Mas ali estava eu, diante daquela beleza feminina, diante daquele mesmo semblante de mulher sensual. Toquei levemente o seu rosto e senti que reagia com estímulos que me fizeram sentir enorme tesão. Nos abraçamos, apesar dela se sentir insegura, com algum receio. Em seguida foi o momento ideal para beijá-la com ardor, com toda volúpia. Laura nada falava, nem mais ria, pois estava envolvida num clima misterioso, talvez tentando entender o que estava acontecendo. Eu também assim me sentia, sem querer acreditar nesse momento mágico. Fechei a porta e procurei controlar meus movimentos, esse estado de ação que me perturbava. A noite estava linda e precisávamos aproveitar, apesar do silêncio que ali reinava. Bocas que quase não pronunciavam palavras, olhos que apenas se olhavam, mãos que se tocavam suavemente e dois corpos juntos a sentirem desejo. Não durou muito e já estávamos na cama fazendo amor gostoso, com toda vontade, parecíamos um vulcão em erupção.
   Enfim o dia raiou e o sol atravessou a brecha da janela nos acordando para a realidade. Ela me pediu que fosse embora, que a deixasse em paz. Eu também não queria que aquilo tivesse acontecido, mas aconteceu. Eu já estava gostando dela, do seu jeito especial, bem misterioso, que me fez correr um risco que poderia ser evitado. Vi suas lágrimas rolarem pelo rosto, lágrimas de arrependimento, fruto de um momento impensado. Juro que não queria gostar tanto assim, de me expor em uma situação difícil, mas a vida tem certas armadilhas que nos fazem cair, que nos perturbam emocionalmente. Saí dali entre feliz e infeliz. No dia seguinte nos cruzamos na cidade mas não nos falamos, ela estava acompanhada do marido. Assim decidimos, não dar vazão a um amor louco, sem futuro. Deixei-a viver sua vida.

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