Olhava o
mar da sacada do apartamento, o sol da manhã me esquentava depois de um sono
agitado, confuso. A noite anterior me deixara exausto, tinha bebido, apenas
alguns goles de whisk. Na avenida carros circulando, pedestres caminhando pela
calçada. Um jovem estacionou a moto para conversar com a namorada, entre
abraços e beijos, um bêbado passou por eles e arriscou um olhar e algum
comentário, mas nem foi percebido. Na areia da praia alguns banhistas no
deleite, algumas crianças brincando na areia e um vai e vem de homens e
mulheres. Minha atenção foi despertada por uma jovem solitária sentada na
areia, fazia movimentos nas nãos como acenos. Na minha imaginação eram para
mim, já que seu olhar era para o prédio onde eu estava. Talvez precisasse de
companhia, de alguém para expor algum assunto. Resolvi descer, ver de perto
essa moça, tomando o elevador bem depressa. Em poucos minutos eu estava na
praia após atravessar a avenida. Mas... cadê a moça? Não a encontrei apesar de
ter ido exatamente ao local visto da sacada do apartamento. Procurei por alguns
minutos e desisti, voltando para a sacada do meu ap, de onde a vislumbrei
acenando e olhando para o prédio. Uma cena incrível que me deixou desnorteado,
confuso. Lá estava ela na areia e até ensaiou um “vem cá” com uma das mãos. Não
resisti e voltei para a praia e mais uma vez a desilusão de não encontrá-la.
Regressei como um bobo e novamente na sacada pude ver que lá estava ela. Sorria
como uma debochada, estava se divertindo comigo. Fui até a sala e tomei uma
dose de whisk para acalmar, regressando para a sacada. Ela não mais estava lá,
fiquei mais confuso ainda. Talvez eu não estivesse dormido direito depois de
uma noite em claro. Talvez tivesse sido vítima da minha imaginação.
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