A manhã estava linda, o sol despontara
maravilhosamente com seus raios aquecedores, mais uma vez iluminando nosso
planeta e dando vida a tudo que nele existe. Sentada em um banco situado no
jardim de um hospital, bastante abatida, Delma deixava descer algumas lágrimas
de sofrimento, estava comovida com a doença de sua irmã gêmea, Dilma, que
agonizava em um leito, apesar de todas as atenções médicas a ela dedicadas. Era
uma doença que não se esperava muito pela sua recuperação segundo os médicos
que a acompanhavam. Delma estava ali naquele jardim aproveitando um momento que
sua irmã Dilma dormia. Estava exausta, fazia dias e noites que ali se
encontrava ao lado dela para não deixá-la só, já que não havia ninguém para
substituí-la. Eram duas irmãs únicas e sempre moraram sós, não tinham parentes
próximos, vivendo seus 60 anos na mais perfeita união, um amor fraternal
dificilmente visto. Jamais haviam se casado, nem sequer olhado para um homem
nos úiltimos anos, em vista de uma decepção que passaram na vida ainda em plena
juventude.
A vida era bela, Delma e Dilma aproveitaram
o máximo essa estada terrena, mesmo depois da morte de seus pais. Irmãs gêmeas
sempre procuraram viver em união desfrutando da felicidade que foi interrompida
quando tinham 60 anos. Uma dor súbita em uma delas e um desfecho nada
agradável. Dilma passou mal e teve de ser socorrida para o hospital mais
próximo. Lá chegando passaram-se algumas horas até que o médico desse o
diagnóstico, o que abalou profundamente Delma. Tratava-se de uma doença que
dificilmente deixaria ela com vida. O choro da irmã querida foi inevitável, o
acompanhamento foi prolongado e o sofrimento demais.
Ali naquele banco, ao lado do jardim do
hospital, sentindo o perfume de algumas flores que nele existiam, Delma se
mantinha calma aparentemente, mas o coração só ela sabia como suportava.
Imaginava algumas vezes a irmã ali do seu lado, sorrindo e ela se perguntando o
que fazia ali naquele hospital. Se enganava, dava esperanças a si própria de
que tudo ia sair bem, procurava abrir um sorriso, mas voltava rapidamente para
a realidade. Em alguns momentos Delma
tinha a impressão de que a irmã estava ali na sua frente, gozando de perfeita
saúde, abrindo um largo sorriso e dizendo para ela: “Vamos, mana. Vamos embora
daqui. Nesse lugar só tem gente doente”. Ela fazia menção de se levantar, sorria,
mas “se acordava”, percebia que a realidade era outra.
Já de volta ao quarto do hospital para ver
Dilma, viu que ainda dormia. Os médicos talvez tenham aumentado a dosagem do
medicamento que a fazia dormir e amenizar a sua dor, pensou. Esperou mais um
pouco, mas a irmã continuava imóvel, o que a deixou intrigada e perturbada.
Chamou a enfermeira, que por sua vez entrou em contato com o médico, que de
imediato foi ver a paciente. Nesse momento Delma se desesperou, pois foi
constatada a morte de Dilma, o que fez ela perder os sentidos e cair.
Aquela mesma manhã linda ainda permanecia no
jardim do hospital e Delma ali estava sentada no mesmo banco, aparentemente
feliz. Na sua frente a sua irmã Dilma, que lhe estendeu a mão e a convidou para
saírem dali, pois ali não era mais lugar para elas. As duas saíram felizes, de
mãos dadas e largos sorrisos, rumo uma nova convivência, a uma nova vida.
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