quarta-feira, 4 de junho de 2014

AMOR DE IRMÃS GÊMEAS

   A manhã estava linda, o sol despontara maravilhosamente com seus raios aquecedores, mais uma vez iluminando nosso planeta e dando vida a tudo que nele existe. Sentada em um banco situado no jardim de um hospital, bastante abatida, Delma deixava descer algumas lágrimas de sofrimento, estava comovida com a doença de sua irmã gêmea, Dilma, que agonizava em um leito, apesar de todas as atenções médicas a ela dedicadas. Era uma doença que não se esperava muito pela sua recuperação segundo os médicos que a acompanhavam. Delma estava ali naquele jardim aproveitando um momento que sua irmã Dilma dormia. Estava exausta, fazia dias e noites que ali se encontrava ao lado dela para não deixá-la só, já que não havia ninguém para substituí-la. Eram duas irmãs únicas e sempre moraram sós, não tinham parentes próximos, vivendo seus 60 anos na mais perfeita união, um amor fraternal dificilmente visto. Jamais haviam se casado, nem sequer olhado para um homem nos úiltimos anos, em vista de uma decepção que passaram na vida ainda em plena juventude.
   A vida era bela, Delma e Dilma aproveitaram o máximo essa estada terrena, mesmo depois da morte de seus pais. Irmãs gêmeas sempre procuraram viver em união desfrutando da felicidade que foi interrompida quando tinham 60 anos. Uma dor súbita em uma delas e um desfecho nada agradável. Dilma passou mal e teve de ser socorrida para o hospital mais próximo. Lá chegando passaram-se algumas horas até que o médico desse o diagnóstico, o que abalou profundamente Delma. Tratava-se de uma doença que dificilmente deixaria ela com vida. O choro da irmã querida foi inevitável, o acompanhamento foi prolongado e o sofrimento demais.
   Ali naquele banco, ao lado do jardim do hospital, sentindo o perfume de algumas flores que nele existiam, Delma se mantinha calma aparentemente, mas o coração só ela sabia como suportava. Imaginava algumas vezes a irmã ali do seu lado, sorrindo e ela se perguntando o que fazia ali naquele hospital. Se enganava, dava esperanças a si própria de que tudo ia sair bem, procurava abrir um sorriso, mas voltava rapidamente para a  realidade. Em alguns momentos Delma tinha a impressão de que a irmã estava ali na sua frente, gozando de perfeita saúde, abrindo um largo sorriso e dizendo para ela: “Vamos, mana. Vamos embora daqui. Nesse lugar só tem gente doente”. Ela fazia menção de se levantar, sorria, mas “se acordava”, percebia que a realidade era outra.
   Já de volta ao quarto do hospital para ver Dilma, viu que ainda dormia. Os médicos talvez tenham aumentado a dosagem do medicamento que a fazia dormir e amenizar a sua dor, pensou. Esperou mais um pouco, mas a irmã continuava imóvel, o que a deixou intrigada e perturbada. Chamou a enfermeira, que por sua vez entrou em contato com o médico, que de imediato foi ver a paciente. Nesse momento Delma se desesperou, pois foi constatada a morte de Dilma, o que fez ela perder os sentidos e cair.

   Aquela mesma manhã linda ainda permanecia no jardim do hospital e Delma ali estava sentada no mesmo banco, aparentemente feliz. Na sua frente a sua irmã Dilma, que lhe estendeu a mão e a convidou para saírem dali, pois ali não era mais lugar para elas. As duas saíram felizes, de mãos dadas e largos sorrisos, rumo uma nova convivência, a uma nova vida.

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