quinta-feira, 5 de maio de 2016

O QUE VEJO DA MINHA JANELA


Da janela eu vislumbro o horizonte avermelhado, a tarde começa a se perder no abraço da noite que chega sorrateira, fria e emocionante. O sol ainda resiste, apesar de aos poucos se rendendo aos encantos da lua cheia que imagino sorrir para mim. Me despeço do astro-rei, saberei esperá-lo pacientemente na próxima manhã para mais um diálogo matutino, pois não consigo viver sem o seu calor, sem o seu brilho que me mostra tanta beleza de uma natureza que aprendi a amar, a estar com ela todos os dias, a qualquer hora, até que a sensualidade da noite me encolva e me encha de prazer, esse prazer gostoso sob as vistas da lua, minha lua, sempre rodeada de estrelas que cintilam e me dominam com seus brilhos sedutores. Da minha janela, no alto do edifício, me acostumei a olhar o mundo dos homens que nada entendem de beleza natural, de convivência com as florestas, com o mar, enfim com a natureza de uma forma geral. Eles estão muito ocupados com a tecnologia avançada que modifica os seus cérebros, que os cativa e os faz sofrer imaginando prazeres mentais. Não sou bem assim, tão dependente dessa modernidade que afasta as pessoas, que as escraviza em seu mundo, virtual e vazio de afinidades, de temperamentos, cheios de incertezas e ensinamentos, bons e ruins. Prefiro a minha janela do mais alto andar do prédio onde eu possa namorar a natureza nua, bela, sempre a minha espera, todas as manhãs, durante todos os dias e todas as noites, quando então eu posso me sentir eu, mesmo solitário, às vezes alegre, às vezes triste, porém firme nessa tarefa indescritível desse meu mundo, onde sou capaz de sonhar sem me preocupar com dia ou hora, onde me sinto um ser diferente dos outros. Da minha janela eu sinto que tudo lá fora é meu e ninguém se apodera, pois estão sempre ali ao meu dispor. Do meu mundo eu imagino esse outro mundo ser meu também.

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