sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

NÓ NA GRAVATA

o dia estava lindo, igual a tantos outros
em meu rosto estava estampada a felicidade
mas eu estava inquieto, com muita ansiedade
afinal era um dia especial, eu iria me casar

   a noite chegou, eu precisava então me arrumar
   vestir meu terno, dar início a uma nova vida
   ser um dono de casa ao lado da minha escolhida
   fazer planos, com o tempo criar os filhos

paletó e gravata, faltava somente o nó, eu não sabia
me esforcei para aprender, agora iria tentar
o nervosismo me traiu, eu não podia imaginar
vendo o tempo passando e eu nesse tormento

   mas ela havia me ensinado, tinha toda prática
   segurei a gravata e um arrepio me percorreu
   senti suas mãos me ajudando, foi o que ocorreu
   o nó foi dado certinho, o que me deixou feliz

enfim a igreja com todos os convidados
lá estava eu no altar, a noiva iria esperar
o sonho da minha vida para sempre vou lembrar
vendo a chegada triunfante da futura esposa

   o padre oficializou a união, eu estava casado
   a festa, os presentes, o brinde, muita emoção
   a noite de núpcias, muita alegria num só coração
   as juras de amor, novos caminhos para seguirmos

o tempo passou, os anos correram com rapidez
parece que foi ontem, me lembro com saudade
mas foram de grande valia, digo com sinceridade
a chama do amor foi intensa junto com os filhos

   o destino enfim fez então a sua parte
   me tirou do convívio quem eu tanto amava
   chorei muito, por isso tão cedo não esperava
   e me preparei triste para o seu sepultamento

vesti o mesmo terno quando entrei na igreja
foi como se fosse obrigado a guardar com carinho
faltava somente o nó e eu estava sozinho
não conseguia fazê-lo diante de tanta tristeza

   foi quando algo inexplicável comigo aconteceu
    mãos invisíveis pareciam ajustar a gravata
    foi tudo muito bem planejado, na medida exata
    e no campo santo me despedi da minha querida

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