QUANDO RENASCE O AMOR

    Mary desceu as escadas bastante trêmula, estava fora de si, havia discutido com o marido no andar de cima. Ligou a TV e sentou-se no imenso sofá, mesmo sem a mínima disposição para ver algum programa. Verteu algumas lágrimas para dar expansão aos seus sentimentos, detestava aquelas discussões constantes e não aguentava mais a infidelidade de Mauro, pensando já em dar um basta nessa situação.

    Mauro se preocupava, gostava da esposa mas não se redimia de seus atos, adorava curtir as noites com amigos e sair com mulheres, este último fato sempre negando para Mary. Já havia pensado no que faria caso a relação não desse certo e tivesse que se separar da esposa, coisa que esperava que nunca acontecesse.

    Os dias se passaram e finalmente Mary tomou uma decisão em relação ao marido: como ela dispunha de um pequeno apartamento na cidade, resolvera morar só, aguardando somente a desocupação do mesmo já que estava alugado. Deixaria a enorme casa de dois pavimentos para ele e um dos filhos, que era casado e morava ali com a esposa e um filhinho. Mas Mauro atalhou a conversa e se dispôs ele mesmo a sair, ficando com o pequeno apartamento. Mary aceitou e assim foi feito. Ficaram numa boa quando pouco tempo depois Mauro se mudou levando seus pertences e alguns móveis. A paz então reinou no ambiente de Mary, que permaneceu no andar de cima e o filho ocupando a parte de baixo.

    Mauro se viu de certa forma mais livre e continuou com sua vida de farras e levando mulheres para o apartamento. Já tinha seus mais de cinquenta anos e não imaginou que um certo dia a doença iria bater na sua porta. Com graves problemas de saúde teve que ser internado e Mary se prontificou a cuidar dele, permanecendo sempre ao seu lado no leito do hospital. Essa situação perdurou por longos meses, o que fez Mauro meditar e tentar mostrar o seu lado bom, renunciando a uma vida que não agradava a sua esposa. Saiu do hospital e foi para o seu apartamento. Mary se sensibilizou com a sua situação e aceitou o marido de volta ao antigo lar, demonstrando a sua dedicação e amor ao marido, que não mais reunia condições físicas de levar a mesma vida que levava antes. Seus antigos companheiros de farras nunca o procuraram quando ele mais precisava, tendo somente a companhia de Mary, que se dedicou carinhosamente a ele. A vida conjugal de ambos voltou ao normal e Mauro bastante agradecido a sua esposa Mary, prometeu amá-la com mais intensidade e foi como se o amor renascesse para eles.