quinta-feira, 1 de novembro de 2012

O ÚLTIMO POR DO SOL

  
    Karen estava bastante alegre com a viagem que iria fazer para Alvilândia, interior do estado, distante cerca de quatro horas de viagem. Ela não conhecia, ouvira só relatos dos companheiros de escola, alunos como ela que já participaram dessa excursão que era feita todo ano pela direção do estabelecimento de ensino, geralmente no final do ano, mais precisamente no mês de novembro e só participava aqueles que tiravam boas notas, o que desagradava alguns que não eram muito afeitos aos estudos.
     Alvilândia era muito conhecida pela sua beleza natural, pelos seus bosques, pela sua arquitetura colonial e principalmente pelo espetáculo maravilhoso do por do sol, o que atraía muitos turistas. Karen estava torcendo para que chegasse logo o dia da excursão, o tão sonhado passeio que a faria se deslumbrar. Esse foi um dos motivos para que ela se aproximasse de Nelsinho, um rapaz solitário, de poucos amigos, detentor de uma mente extraordinária, sempre tirando boas notas na escola e que era admirado por todos os colegas de classe pela sua capacidade, especialmente por Karen, que o citava muito em seu diário. Tinha vontade de namorá-lo, achava ele legal, mas nunca tivera coragem de chegar perto dele para demonstrar o seu desejo. Ele a olhava de modo discreto, mas estava sempre concentrado em suas atividades escolares, o que se tornava um empecilho entre ambos.
    Afinal chegou o dia da viagem e o ônibus que levaria os alunos já estava estacionado na frente da escola, devendo partir às sete horas da manhã. Karen foi uma das primeiras a chegar, bem como Nelsinho, que também apresentava um certo nervosismo, apesar de não ser a sua primeira viagem. Aproximou-se de Karen como que adivinhando os seus pensamentos e iniciou um papo, o que despertou o seu interesse. Essa seria uma boa oportunidade de levar a sério as suas intenções, revelando o seu grande desejo, por enquanto oculto, mas que de certa forma deixava transparecer. Sentaram-se juntos no ônibus, uma grande coincidência ou pura obra do destino, o que ajudou muito na conversa.
     Chegaram em Alvilândia por volta das onze horas da manhã, bem próximo do horário do almoço, com todos desembarcando e ocupando seus aposentos em um hotel da cidade, já cadastrado para esse evento anual. Os alunos e professores passariam cerca de cinco dias hospedados, com passeios turísticos e outras diversões, num clima agradável e de muita tranquilidade. A tarde e a noite foram para descanso e visitas locais, quando apreciaram o por do sol. Karen ficou maravilhada com o espetáculo, sempre ao lado de Nelsinho, que até então se mostrava um cavalheiro, sempre usando de gentilezas para ela. No dia seguinte todos se divertiram com um city-tour pela cidade, voltando para o almoço no hotel. De tardezinha a turma se preparou para o segundo por do sol, se divertindo na beira da lagoa de águas transparentes. Karen estava sempre ao lado de Nelsinho e notava nele uma certa inquietação, como se quisesse dizer algo e não conseguia. Ela também não tinha coragem de dar um passo além, mas aguardava uma boa oportunidade, esperando que ele tomasse a iniciativa. O por do sol os encantou, cada finalzinho de tarde era como se eles estivessem em um paraíso. Todos percebiam aquele encanto e até torciam para que tudo desse certo.
    Aproximou-se o dia do retorno e teriam apenas esse dia para aproveitarem bastante. A animação era geral e de lado uma certa tristeza, pois na manhã seguinte estariam todos retornando para suas residências, deixando apenas a saudade e a certeza de uma nova excursão no ano seguinte. O sol começava a declinar, ia caindo aos poucos sob as vistas de toda a turma de alunos. Karen e Nelsinho procuraram um ambiente mais acolhedor, onde pudessem apreciar o por do sol de uma maneira mais particular, com mais sensibilidade. Estavam fora das vistas dos demais e se deram as mãos, seus olhares se cruzaram e seus corações bateram forte. Um clima sentimental se criou entre ambos e instintivamente olharam o sol já se cobrindo, o por do sol que tanto apreciaram e que seria o último desse passeio. Karen e Nelsinho esqueceram que o mundo existia e após o astro rei se esconder atrás das montanhas, seus lábios se encontraram e um longo beijo marcou o início de um romance que poderia durar para sempre.

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