Caiu a noite em
Cabedelo, no céu sem nuvens as estrelas cintilavam como que agradecendo aos
seres humanos por apreciarem os seus brilhos, por proporcionarem uma noite
maravilhosa e de um clima fresco e aconchegante. Não era uma noite como outra
qualquer, ela tinha algo de interessante, alguma coisa que despertou em mim o
desejo de me aprofundar no seu encantamento, na escuridão do céu infinito e me
ofuscar nos brilhos dos corpos celestes errantes. Eu me imaginei ali, naquele
espaço desproporcional para o meu corpo, mesmo ele estando no chão firme,
flutuando numa nave espacial mentalizada por mim, respirando um ar diferente e
que meus pulmões necessitavam.
Atravessei a
avenida depois de um ônibus da “Reunidas” passar fazendo um sinal para que os
carros parassem e me deixassem seguir em direção à praia, pois lá o silêncio me
ajudaria a compactuar com o clima noturno, levado por esse estranho desejo
ofertado pela natureza. Não saiu de mim essa vontade de cumprimentar a noite,
de sair em busca de uma certa paz de espírito, ímpeto que me fortaleceu mental
e fisicamente. Agradeci por essa oportunidade de me conhecer mais, de me ver
por dentro e de querer mudar as minhas decisões para melhor, ser o que
realmente é necessário para que corpo e mente prosperem no caminho do bem.
As horas se
passaram e quase não notei, tão concentrado estava na beira da praia, preso em
pensamentos, no frescor noturno dessa noite cabedelense. Voltei mais
descontraído, mais humano, mais equilibrado com a realidade depois dessa
meditação, me sentindo até outra pessoa. Atravessei a avenida sem precisar
fazer sinal algum, pois os motoristas ao me avistarem já paravam seus veículos
deixando livre o meu caminho. Até o motorista do ônibus da empresa “Reunidas”
participou da gentileza em prol de um sexagenário que fora até a praia meditar,
aproveitando essa noite gostosa e que muitos benefícios proporcionou a esta
criatura que espera que outras façam o mesmo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário