Depois de percorrer léguas no sol quente, sempre com a língua de fora,
enfim sombra e água fresca, ou melhor, somente a sombra, pois a água estava
muito distante ainda para um pobre cão que estava perdido numa selva de pedra e
trânsito engarrafado. Eu o havia seguido de moto, de longe, querendo saber
aonde ia e o que faria depois. Parado numa sombra de árvore ele observava os
carros, se assustava às vezes com buzinas e não se incomodava com meio mundo de
gente perto dele. Enquanto ele estava na sombra, descansando com certeza, eu
estava no sol, parado, guardando uma certa distância para não ser identificado
pelo animal.
Passaram-se alguns minutos e eu resolvi me abrigar na sombra de um
poste. Em seguida o cão resolveu reiniciar a caminhada e foi parar exatamente
na entrada do prédio onde eu e minha esposa alugamos recentemente, já que
ficava próximo do trabalho dela. A casa onde morávamos ficou com os filhos, que
não dispunham de tempo para cuidar de “Rex”, que ficou conosco no prédio no
centro da cidade. Como o síndico proibiu a permanência dele no prédio, tivemos
que dar um jeito de deixá-lo na casa do subúrbio, com alimentação e água. Essa
foi a terceira vez que “Rex” chegou sozinho ao prédio e nessa última eu decidi
segui-lo por vários quilômetros de distância e checar a capacidade desse animal
de estimação de procurar a companhia de seus donos, me fazendo ficar com ele na
casa do subúrbio e desistir do prédio alugado.
“Rex”
não vai mais “reclamar” da nossa companhia e nem vai mais precisar fugir,
enfrentando sol e trânsito conturbado na cidade.
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