Aquele olhar exótico me surpreendeu, me fez
viajar no tempo, como se quisesse me fazer compreender a relação do passado com
aquela realidade que eu estava vivendo. Pareceu ser um momento mágico, que me
fez sentir uma euforia nunca imaginada. Por trás do balcão de vidro de uma
joalheria, aquela moça me olhou de uma forma impressionante, até me deixando
sem jeito de procurar o que queria ali. O olhar diferente da jovem vendedora
passou a ser mais importante, tinha algo que não era comum e que eu precisava
desvendar esse segredo. Alguns minutos se passaram a partir do momento que
entrei e eu em frente do balcão de joias sem nada dizer, o mesmo acontecendo
com aquela jovem, que me olhava com um olhar de interrogação, diante de poucos
clientes que ali se encontravam.
Há alguns anos atrás eu estive em uma outra
joalheria, me veio essa lembrança repentinamente, onde eu procurava um anel
para comprar. Uma menina que podia ter uns quatorze anos, estava sentada
próximo ao balcão, me olhava com uma certa insistência, mas eu procurei não dar
muita atenção por se tratar de uma criança, apesar de nessa época eu ter meus
vinte e poucos anos. Ainda ensaiei um sorriso para a garota, dando um
tchauzinho ao sair. Ela não retribuiu, apenas me fulminou com um olhar
interrogativo. Por incrível que pareça me lembrei desse fato nesse momento,
nessa hora quando adentro a joelharia e fico diante do balcão de vidro
apreciando os anéis e colares postos à venda. Tive a impressão de ter tido uma
vertigem e voltei a mim quando uma outra vendedora me perguntou o que desejava.
Meio sem jeito disse o que queria, um determinado modelo de anel que seria para
presente. Ela me perguntou se eu estava bem e até me ofereceu um copo d’água.
Não sei o que aconteceu realmente, mas a moça do olhar exótico não mais estava
ali, o que me deixou curioso. Perguntei para a vendedora sobre ela, que
simplesmente me disse que não havia mais ninguém ali além dela, pois as outras
estavam em horário de almoço. Agradeci pela atenção e saí sem comprar nada.
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