quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

A VELHA LOCOMOTIVA

a velha locomotiva adentrou o pátio
o local era espaçoso e servia de oficinas
existiam ali alguns prédios em ruínas
e também máquinas antigas paradas

seu Pacífico era um maquinista antigo
se orgulhava da Rede Ferroviária do Nordeste
matuto das brenhas, se achava cabra da peste
era a última viagem de um dia cansativo

puxou o cordão e a máquina apitou
era como se fosse o último suspiro
da “Maria Fumaça” que tanto admiro
ali ficaria para ter o seu fim

o velho ferroviário também parava
já era certa a sua aposentadoria
guardaria pra si toda sua sabedoria
afinal foi quase meio século na Rede

conhecia todo o sistema e estações
manteve um padrão de vida honesto
trabalhou com dedicação, foi modesto
e quase beirando os setenta iria descansar

antes de sair olhou a máquina comovido
não queria desprezá-la mas era o jeito
já vinha com problemas, tinha algum defeito
e era preciso ser trocada por outra

lembrou dos momentos viajando com ela
com “Maria Fumaça” distâncias percorrendo
lágrimas nos olhos do velho escorrendo
são lembranças que jamais se apagarão

deixou o local e se despediu dos colegas
grande mudança agora em sua vida
um ferroviário parado, uma máquina esquecida
ele para o descanso, ela para a ferrugem

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