Raul estava
inquieto naquela noite de sexta-feira, parecia estar adivinhando que algo de mal
poderia acontecer. A noite esfriara bastante e o casebre onde morava não lhe
dava a mínima condição de sobrevivência digna, mas ele permanecia ali,
solitário, pensando em como escapar de uma situação que criara há alguns anos,
quando ceifou covardemente a vida de uma pessoa honesta simplesmente pelo
prazer de matar, subtraindo-lhe os pertences em seguida. Abandonara a esposa a
quem maltratava durante suas bebedeiras, vivendo de bicos, o que não lhe rendia
um bom dinheiro, passando então para a vida bandida.
Acomodou-se nesse
casebre levando uma vida de fugitivo, sendo procurado pela esposa para
reconciliação, o que durou pouco tempo, pois durante uma briga de casal Raul a
atingiu com uma facada no peito, desferindo em seguida outras pelo corpo já ensanguentado.
Removeu o cadáver para um matagal onde o enterrou secretamente. Os anos se
passaram e ele se manteve tranquilo até perceber que algumas sombras o
acompanhavam no casebre.
Sem forças para
reagir, pouco saindo e com dificuldades para se alimentar, acabou preso a uma
cama e sendo perseguido por sombras que o atormentavam dia e noite. Chegava a
ouvir vozes cobrando justiça pelos seus atos do passado, pedia clemência mas
não era atendo. As sombras surgiam nas paredes, pelo corredor e davam
gargalhadas como se debochassem dele, até que não mais resistiu devido a
enfermidade. Seu corpo ali permaneceu por vários dias e já em estado de
decomposição foi descoberto por caçadores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário