quarta-feira, 19 de março de 2014

S U I C Í D I O

   Aquele mar de águas esverdeadas, imenso e colossal, seria a última visão para um homem triste, muito abatido, que queria fugir da realidade, esquecendo de vez um sonho desfeito. Um amor não correspondido era a razão da sua determinação em não mais permanecer com vida, pois não tinha mais sentido continuar com uma agonia que feria a sua alma. Pensou várias vezes, refletiu e viu que não havia outra opção para continuar com vida, seria um tormento que mais cedo ou mais tarde haveria de ser findado. Várias formas foram imaginadas, umas suaves, outras violentas, contanto que fossem rápidas, que não deixassem a mínima chance de voltar atrás.
   O tempo vivido foi o suficiente para aproveitar o máximo de permanência na Terra, quando teve boas oportunidades de relacionamento, amando, sorrindo e se sentindo feliz. Mas seus planos foram por água abaixo quando em certo momento o amor acabou, não o seu amor e sim o da pessoa com quem convivia. Amava desesperadamente e viu o destino traí-lo e sem forças para continuar resolveu dar cabo de si próprio.
   Colocou os pés na água da praia onde tantas vezes se banhou, algumas sozinho e a maioria na companhia da pessoa amada. Era aquele então o local ideal para selar a separação, o local inclusive onde tudo começara. Adentrou o mar vertendo lágrimas de sofrimento, sorriu pela última vez saudando aquele amor que terminara tão tristemente. A água já chegava ao seu pescoço mas firmemente continuava adentrando aquela que seria a sua última morada. Sufocaria a mágoa que carregava ciente de que praticava um ato covarde, mas era a sua decisão. Coberto pela água sentiu uma nova agonia, um novo desespero, mas que seria pela última vez. O corpo boiou depois no mar esverdeado.

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