QUANDO CHEGAR O DIA DA MINHA PARTIDA

eu já imagino o que vai acontecer
quando chegar o dia da minha partida
será um evento onde estará reunida
a saudade e os demais sentimentos
reunião da saudade,  do amor,  da vida
todos ao redor de uma pessoa sofrida
ali inerte,  dentro de um ataúde

eu já imagino o que vão dizer
quando chegar o dia da minha partida
ele deve ter alguma coisa escondida
algum dinheiro ou outro imóvel qualquer
quem sabe até pode ter uma amante
tudo isso olhando no meu semblante
sem que eu pudesse algo fazer

eu já imagino lágrimas rolarem
quando chegar o dia da minha partida
pode até alguma lágrima ser contida
ou ser feita falsa declaração de amor
mas tenho certeza que alguém vai dizer
esse daí conheci,  cheguei a conviver
que sua alma descanse lá no céu

FANTASIA SENSUAL

Meus olhos te viram pela primeira vez
E logo despiram o teu corpo
Minha mente entrou em delírio
Para os olhos era como colírio
Meu corpo entrava em transe
Puro tesão, não podia me controlar
Aceitava aquela fantasia sensual
Belo corpo,  não tinha outro igual
Os seios perfeitos me convidavam
Os bicos rígidos apontavam pra mim
Enquanto isso eu beijava seu umbigo
Não se fechem, olhos,  seria um castigo
Me privariam desse gostoso desejo
Não me deixariam chegar aonde quero
Isso mesmo, naquela parte principal
Uma louca volúpia me tirando do normal
Fantasia que eu não queria que findasse
Um corpo vestido que eu imaginava nu
Dando vazão a um íntimo pensamento
Alegria passageira,  um eterno sofrimento

UM CORPO, DUAS ALMAS

minh'alma procurou instintivamente a sua
fez do seu corpo morada
deixou meu corpo sozinho,  sem nada
totalmente dependente de você

tomou posse desse corpo sensual
não mais dele pretende se afastar
e sua alma disso parece gostar
nem se preocupa com o corpo meu

agora somos duas almas unidas
penetradas em um corpo só
e esse meu corpo? ah! tenho dó
pelo menos essa fusão me consola

FRUTAS E ANIMAIS

A menina se aproximou,  toda sorridente,  com aquele peitinho de PERA. Eu não era BURRO,  podia descascar esse ABACAXI tranquilamente,  era COBRA no assunto,  serviria até de LARANJA para tirar proveito.  Ela mais parecia uma LEOA querendo me devorar,  MANGA de mim.  Pensei,  isso vai dar BODE, mas o olho da sua GOIABA me desnorteava,  logo eu, um CABRA danado, tendo no COCO muito juízo,  mas se comportando como um BESTA,  de olho no MAMÃO dela. Meu sono é de PASSARINHO,  mas sou atento para não levar CANA nem ser  chamado de VEADO.

PROFISSÃO: PROSTITUTA

   Nelma tinha 27 anos quando conheceu Mário, com quem se relacionou por quase dois anos. Foi um namoro problemático após os seis primeiros meses e ela começou a dar clara demonstração de que não gostava dele. Tinha uma filhinha de cinco anos, fruto de uma relação anterior, deixando-a com a avó para poder trabalhar. Nelma já não aguentava mais o assédio de Mário e decidiu por as cartas na mesa, confessando para ele que tinha uma vida dupla e que pouquíssimas amigas sabiam. Ela era garota de programa, tendo recorrido a isso para poder sustentar sua filha e manter o luxo que tanto gostava. Vivia de festas, viagens e só comprava roupas de marca. A mãe, uma pobre viúva e com uma mísera pensão, vivia bem por causa da sua ajuda, porém não suspeitava que a filha vivia alugando o corpo em troca de altas quantias, imaginando que ela era uma funcionária de categoria de uma empresa.

   Uma tarde quando saía do trabalho e se preparava para mais uma aventura amorosa com um cliente, Nelma foi abordada por Mário, que foi ignorado, o que gerou uma grande discussão em plena rua. Ele não suportava o rompimento e principalmente o fato dela ser prostituta, mesmo assim queria reatar o namoro a todo custo. Chegou a agredi-la moral e fisicamente, culminando por empurrá-la com violência, o que fez com que Nelma perdesse o equilíbrio e caísse, batendo com a cabeça no meio-fio. A violência do impacto foi grande e o sangue jorrou em abundância. Mário fugiu rapidamente e ela foi socorrida por estranhos, sendo levada ao hospital, onde já chegou sem vida.

   Os dias se passaram, a pobre mãe lamentou o fato ocorrido com a filha, que deixou uma criança órfã. Mário foi preso por ter sido reconhecido em imagens de câmeras instaladas no local, sendo o crime esclarecido. 

GATO PRETO EM NOITE DE LUA CHEIA

   Debruçado na janela da casa recentemente alugada, Valdo observava a paisagem do local, que para ele era totalmente desconhecida. Mudara-se para ali com os pais e irmãos fazia poucos dias, estava admirado com o local ermo, de muitas árvores e mato rasteiro, coisa típica do interior. A noite havia caído fazia pouco tempo, já havia jantado com a família e resolvera olhar a noite de perto através da janela, pois receava sair por aí sozinho. Era a primeira vez que se debruçara na janela daquela casinha simples, alugada dentro das possibilidades financeiras do velho pai, um pobre agricultor. De repente Valdo ouviu um miado mas não conseguiu visualizar o gato, quando novamente ouviu um novo miado, dessa vez mais estridente. Conseguiu ver no alto de uma árvore um gato preto sob a luz da lua cheia que clareava o local. Os olhos brilhantes do felino pareciam ameaçá-lo e Valdo ficou como paralisado, apenas a observá-lo com um certo receio. Alguns minutos depois o animal desapareceu.

   No dia seguinte Valdo andou pelas redondezas tentando identificar o tal gato preto, porém sem sucesso. Ninguém por ali tinha esse animal em casa, pelo menos os poucos vizinhos dele. O dia passou e o assunto foi encerrado.

   A noite seguinte fez Valdo voltar para a janela, logo após a refeição noturna. Lembrou-se da noite anterior e ali ficou à espera do gato. A lua cheia estava linda, clareava aquele local brejeiro e os grilos não paravam de cantar. Os minutos passavam e nada do felino preto, tão esperado por Valdo, apesar de sentir um pouco de medo e não saber explicar a razão. Deixou o medo de lado e até brincou em pensamento dizendo: “apareça, bichano, quero ver você”. Um forte miado fez Valdo cair em si e no mesmo lugar, em cima da árvore, lá estava o gato preto fitando-o com olhos brilhantes que mais pareciam duas bolinhas de fogo. Valdo se inquietou, assustou-se com o miado. Em seguida um novo miado e o sumiço do gato preto deixando ele impressionado. Pouco tempo depois fechou a janela e tratou de dormir, pois o sono já chegava e a cama o convidava.

   Durante várias noites Valdo esperava o gato da janela, sempre sob a luz prateada da lua cheia. Após esse período o bichano não aparecia, mesmo que Valdo o chamasse. Acostumou-se a ter a companhia do pequeno animal nas noites de lua cheia, que o chamava emitindo um miado sinistro mas que não mais assustava ele.

ENQUANTO O SOL BRILHAR

o espetáculo da natureza me fascina

fico horas admirando tanta beleza

tanta obra que Deus nos presenteou

para refletirmos em momentos de tristeza

é durante o dia que a tudo assistimos

com a claridade imposta pelo sol

esse astro rei que está sempre a brilhar

a nos proporcionar luz e calor

mais do que isso não podemos desejar

depois vem a noite como intervalo

dando um descanso aos nossos olhos

de certa forma tirando a minha alegria

mas o dia seguinte virá novamente

devolvendo com certeza minha euforia

de ver outra vez o sol brilhar

mostrando o que eu gosto de ver

e enquanto essa rotatividade existir

enquanto o sol continuar brilhando

eu vou ficar atento a tudo

vou ficar me iludindo, admirando

tudo que ele puder me mostrar