quinta-feira, 16 de junho de 2016

CONVERSA COM O MAR


Ainda era manhã, o sol ainda mantinha o seu calor resumido e em conjunto com o frio que me absorvia em plena praia, quase deserta, resolvi conversar com o mar, enaltecendo a sua grandiosidade e a sua formosura, esperando dele uma resposta que satisfizesse os meus anseios. Comecei então a implorar, a pedir paz e tranquilidade para mim nesses dias conturbados que estou vivendo. Esperei em vão por algo que me desse a certeza de que seria atendido e passei a reclamar comigo mesmo por estar pedindo uma coisa impossível. Ri de mim mesmo com esse delírio insensato, imaginei estar sonhando, em minha cama quentinha e não levando esse vento frio no rosto. Vento? Você me envolvendo? Me fazendo sentir frio? Então é com você que eu quero falar, já que o mar não me dar bolas, não me ouve. Que tal me ajudar a ser feliz, pelo menos hoje? Hein? Que me diz? Nada de resposta. O vento passava por mim como quem nada via, até fazendo deboche deste ser talvez inconsciente, fora de si, aumentando a intensidade de suas rajadas. Me dei conta que também era difícil falar com o vento e pisei forte na areia molhada da praia no intuito de sair logo dali. Pisei com força mesmo para que a areia sentisse a minha ira, o meu desprazer de estar ali perdendo meu tempo, podendo ter permanecido na cama, debaixo do lençol quente e agir como um ser mais racional, mais equilibrado.
Alguns minutos se passaram, eu tinha resolvido ficar parado só olhando o mar, aquele a quem pedira primeiro para falar comigo, começando então a voltar para casa. Olhei novamente para o mar, ele não quiz falar comigo, mas o contorno de suas ondas em conjunto com as espumas me deu a impressão dele estar sorrindo para mim. Me surpreendeu. Eu tive essa nítida impressão, o que me deixou de certa forma feliz. Agradeci o seu sorriso, afinal isso me deixou em estado de tranquilidade.

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