domingo, 28 de junho de 2015

UM SIMPLES BUQUÊ DE FLORES

O tempo ainda não foi capaz de suavizar o endurecido coração de u’a mãe que guarda um rancor como se fosse algo que fizesse bem a sua auto estima. Fatos acontecidos no passado separaram mãe e filha por conta de desentendimentos com o futuro genro dessa mãe angustiada. O afastamento foi inevitável já que envolvia outros membros da família e que ameaçaram essa filha que certamente tinha uma parcela de culpa em toda essa situação. As discussões chegaram a um ponto insustentável e a única solução foi a distância com a finalidade de se estabelecer a paz, mesmo doendo em ambos os corações.

Passado algum tempo após a separação entre mãe e filha, quis o destino que um dos corações se tornasse mais dócil, consequência do cotidiano daquela que resolvera deixar o lar materno em busca de vida própria, uma espécie de fuga de uma realidade que tanto a atormentava. O dia amanheceu lindo, com o sol banhando o quarto dessa filha que resolvera deixar o seu lar em busca de um pouco de sossego. Olhou através da janela e viu um tempo que mudara, que parecia sorrir para ela, percebendo que deveria fazer o mesmo com a sua vida, rever seus conceitos, pensar com mais carinho na família, na sua genitora que deixara para trás e que agora sentia uma pontinha de remorso por tudo que havia acontecido. Orientada pelo companheiro e levada por uma sensação de alívio, decidiu ir até uma floricultura e comprou um buquê de flores, indo em seguida até a residência que lhe serviu de berço por muitos anos, sendo recebida de braços abertos por aquela que muito almejava esse encontro que uniu de vez dois corações tão necessitados de paz interior. O simples buquê de flores foi colocado em um jarro com água num canto da sala, selando um amor que jamais deveria ter passado por tal situação.

sábado, 13 de junho de 2015

FOI APENAS UM SONHO

a grande nave de cor acinzentada e sem brilho
parou diante de um prédio imenso, monumental
nem chegou a tocar o solo, mas era coisa normal
objeto estranho aos olhos humanos, impressionava
tamanha a sua magnitude e beleza indescritíveis
outras pequenas aeronaves ali estavam visíveis
também estavam paradas no ar, majestosas
desconhecia-se o mecanismo que as movia
nenhum barulho de motor, nada se ouvia
o que me deixou em perfeito bem estar
as pessoas se movimentavam com tranquilidade
em todas as faces eu só via a felicidade
eu não conseguia me conter de tanta emoção
adentrei a suntuosa edificação de muitos andares
repleta de computadores, antenas e radares
um mundo de informações precisas para o bem
caminhei maravilhado depois por toda a cidade
em cada transeunte demonstração de felicidade
o meio de transporte era sempre aéreo e seguro
demorei pra me acostumar com tal situação
nem me dei conta da minha nova condição
se estava ali não tinha como voltar atrás
pensei então no meu mundo, na Terra querida
queria estar lá mesmo com uma vida sofrida
mas aqui estou e nada posso agora fazer
a não ser mudar esse meu comportamento tristonho
e imaginar que tudo não possa passar de um sonho

terça-feira, 9 de junho de 2015

O ÚLTIMO PASSAGEIRO

o trem partiu às sete da manhã
Jonas mal tomara o seu café com leite
essa viagem para ele era um deleite
não queria seus planos por água abaixo
alguém o esperava na última estação
só imaginava como controlar a emoção
mas deixou a viagem transcorrer naturalmente
e viu no tempo um inimigo incontrolável
machucando seus nervos de forma inevitável
um pouco de cansaço e sono venceram seu corpo
Jonas adormeceu logo depois do almoço
a longa viagem o deixou em alvoroço
só chegaria ao destino ao cair da noite
viu então de repente tudo escurecer
entrou em pânico, o corpo a estremecer
parou o trem, os passageiros desceram
sob o comando de uma voz determinante
que exigia pressa a todo instante
depois o vagão entrou em profundo silêncio
até que a voz estranha a ele determinou
que ali ficasse, seu coração quase parou
e uma angústia lhe abateu completamente
no foco de uma luz Jonas então despertou
já era noite alta quando alguém lhe falou
que adormecera no trem sem desembarcar
olhou o relógio sem jeito, quase meia noite era
em sua mente confusa ele viu uma tela
e todo o trajeto dessa desejada viagem
um sonho dentro de outro o atormentou
ainda confuso não entendia o que se passou
se apalpou, se beliscou, pelo jeito estava acordado
abandonou o vagão, queria sair daquele lugar
pensou na pessoa com quem iria se encontrar
mas a estação estava vazia, às escuras
os demais passageiros, o que teria acontecido?
Jonas estava só, estava ali esquecido
único passageiro daquele trem misterioso
o jeito seria esperar no banco da estação
deixar o dia amanhecer, esquecer a irritação
ali cochilou, até que realmente despertou
estava em sua cama, o pesadelo acabou
olhou o relógio, quase seis da manhã
dava tempo para um café bem quentinho
a viagem com certeza seria bem cedinho
a ansiedade o mergulhara num sonho ruim