segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

CÁLICE VAZIO


sobre a mesa um cálice
sempre vazio
esperando mais um pouco de vinho
para a boca de um homem sozinho
que busca em goles rápidos
esquecer uma grande paixão
transformada agora em ilusão

no seu quarto uma cama
sempre vazia
esperando alguém para dormir
um corpo para que possa sentir
o calor do amor
nessa cama não dorme sem ela
prefere olhar a noite pela janela

na estante um bom vinho
para encher o cálice
ora está vazio, ora está cheio
pode até morrer, não tem receio
melhor seria que a morte o buscasse
para acabar seu sofrimento
tirando ela do pensamento

VOCÊ TERMINOU COMIGO


o dia amanheceu
depois de uma longa noite de tristeza
de não ter conseguido dormir
de não poder sonhar ou sorrir
eu ainda não consigo acreditar
que você terminou comigo
jogando fora o nosso amor
fazendo meu coração sentir dor
num momento de tamanha comoção
outro dia vai amanhecer
no meu semblante a mesma tristeza
e nos outros dias que ainda virão
muita saudade vai sentir meu coração

AMAR VOCÊ FOI TUDO QUE GUARDEI PRA MIM


o tempo passou
mas as lembranças ficaram
bem escondidinhas em minha mente
o tempo mudou
mas as coisas não mudaram
continuei sendo aquele de antigamente
o fato é que
o meu amor permaneceu guardado
e se amar você foi um pecado
vou carregá-lo pro resto da vida
pois amar você
foi tudo que guardei pra mim
será um tesouro que mesmo assim
mesmo você não mais me amando
eu vou guardá-lo com carinho

O ACIDENTE


    Apanhei um táxi numa tarde de muita chuva, carregava duas malas e uma bolsa de mão e me dirigia para o aeroporto. Seria uma viagem de negócios onde demoraria uns dois ou três dias em São Paulo. O táxi seguia devagar por conta da chuva que embaçava o vidro dianteiro e o motorista falava ao celular atendendo uma ligação de um cliente. Me preocupei por não estarmos enxergando quase nada a nossa frente e a chuva forte castigava ainda mais, era um temporal de assustar e de repente um caminhão cruzou em nossa frente e num estrondo o nosso carro foi jogado para o lado esquerdo da pista, capotando umas duas vezes. Com o impacto o mesmo ficou totalmente destruído e eu, atônito, senti uma tontura e me vi fora do veículo, não sentia dor alguma. Os destroços ficaram bem visíveis na minha frente, as malas espalhadas pelo chão, momento em que corri para apanhá-las, preocupado com a hora do voo. Inexplicavelmente a chuva havia cessado e do meu lado direito vislumbrei o aeroporto, apesar de estar consciente de que ainda faltavam alguns quilômetros para chegarmos quando do momento da batida, porém me dirigi para lá. Minha roupa não estava molhada e tudo isso me deixou intrigado, matutando durante o pequeno trajeto sobre o que teria realmente acontecido. Chegando ao terminal aeroviário percebi que estava vazio, o que não era normal, me deixando desesperado com essa situação. Percorri os balcões e corredores do aeroporto à procura de uma viv’alma sem obter êxito e de repente tudo escureceu. Me senti nesse momento como se estivesse perdendo os sentidos e senti também que mãos invisíveis me amparavam, agiam como se estivessem me colocando em uma cama e por fim apaguei completamente.
    Despertei muitas horas depois em uma sala, com certeza um hospital. Estava todo enfaixado e em meio a aparelhos, com médicos e enfermeiras próximos de mim. Um dos médicos olhou para mim e disse que eu havia escapado por milagre, lamentando pelo motorista do táxi envolvido no acidente, que não tivera a mesma sorte. Tudo que vi e passei após esse acidente foi como se eu tivesse uma visão do outro lado da vida, me dando a certeza de que existe um outro plano pós morte. 

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

OLHOS QUE NÃO VEEM


 
o horizonte, a beleza dessa distância
o infinito, até onde pode se ver
uma magia, um encanto, um prazer
um sentimento de liberdade visual
de poder conhecer o mundo
saber o que no universo existe
mas... minha visão, por que partiste?
me deixando sem nada enxergar
com dois olhos em plena escuridão
eu fiquei assim em grande solidão
impedido de ver a vida, a natureza
apenas ouvindo pássaros cantando
e o calor do sol meu corpo queimando
me transformando num ser reprimido
meus olhos nada veem, nada apreciam
não mostram mais o que eu via
me deixaram em incontida agonia

O BONDE DA MEIA NOITE


    Houve um tempo em que não existiam ônibus, isso quando minha avó ainda era uma mocinha e esbanjava uma beleza bem natural. Existiam os bondes, no início puxados a burros e depois elétricos. Fausto era um solteirão que gostava das noites regadas a uma boa bebida, passando horas na farra e chegando em casa muitas vezes pela manhã. Um copo na mão e um charuto na boca era a sua diversão, além de uma mulher de lado. Não tinha um bar ou restaurante que ele não conhecesse no Recife. Ultimamente havia dispensado alguns amigos ao notar que apenas se aproveitavam da sua grana, da sua boa vontade, preferindo a companhia feminina, era mais lucrativo, já que depois da bebedeira vinha uma noite de amor. Sempre quando dispensava a “madame” ele apanhava o último bonde que o deixava próximo de sua casa, isso antes da meia noite, pois depois disso só alugando um automóvel. Gostava do bonde por causa dos papos durante a viagem com os notívagos.
    Certa noite Fausto resolveu “largar”  mais cedo da farra e pegar o último bonde, mas não olhou direito o relógio e acabou perdendo. Não se via na hora nenhum carro de aluguel, deixando ele preocupado, pois já estava meio grogue. Surgiu ali então uma mulher, o que animou o nosso notívago. Se entreolharam e Fausto tomou a iniciativa da conversa. Ela lhe falou que esperava o bonde que passaria por volta da meia noite, o que fez ele aguardar junto com ela na parada. Conversa vai, conversa vem e os dois já pareciam grandes amigos, apesar dele se sentir tonto e doido para chegar em casa. Sua cabeça rodava e num certo momento teve que ser amparado pela desconhecida mulher com quem conversava. Alguns minutos depois ela anunciou que o bonde estava vindo e embarcaram no mesmo. Fausto estava em confusão mental e já nem conseguia falar nada. Com a visão turva viu apenas um bonde se aproximar e mais nada.
    Acordou já pela manhã deitado na calçada do bar com os bolsos revirados e sem nenhum tostão. Levaram até o seu relógio “Mido” e o cordão de ouro que tinha no pescoço. Um velho amigo que por ali passava informou o que ele também sabia: não tinha esse bonde da meia noite e ele não soube explicar o que realmente aconteceu.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

CEGUEIRA


eu queria tanto ver o sol nascer
o dia começando a clarear
com o pássaro a gorjear
em um galho de árvore qualquer

sinto apenas o calor do astro rei
e a brisa fresca da manhã
nessa minha vida vã
vivida apenas como em sonho

eu queria apreciar a lua cheia
tentar entender seus encantos
me conformo triste e em prantos
por não conseguir ver tanta beleza

dia e noite para mim são iguais
não posso distinguir a diferença
aos meus olhos foi dada a sentença
de nada ver, para ninguém olhar

EU SOU DO TEMPO...


eu sou do tempo
quando se amarrava cachorro com lingüiça
quando se trabalhava, não existia preguiça
eu sou do tempo
quando tudo se herdava da vovó
quem não se comportava apanhava de cipó
eu sou do tempo
quando cabaço de moça tinha valor
e não como hoje, tudo em nome do amor
eu sou do tempo
que o homem tinha poder com o bigode
hoje todo mundo manda e tudo pode
eu sou do tempo
quando as vacas gordas ainda existiam
tudo era barato e os pobres sorriam
eu sou do tempo
quando se namorava no escurinho
os pais não viam nada e nem o vizinho
eu sou do tempo
quando se tomava a bênção ao padre
quando se tomava um amigo como compadre
eu sou do tempo
que táxi se chamava carro de aluguel
a moça comprometida tinha um anel
eu sou do tempo
que casamento durava a vida inteira
e não como hoje, no outro um dando rasteira
eu sou do tempo que não volta mais

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

LURDES E A BARONESA


o sol já se aquietava no horizonte
quando Lurdes ouviu os gritos da baronesa
correu e mais que depressa chegou à mesa
nada demais, apenas água queria
e ela serviu mostrando sua aptidão
não queria desapontar a baronesa, não devia
era o que desejava, mas esperaria
acharia outro serviço, sofreria mais não
e quando a lua clareou, Lurdes da janela
ficava espiando todo o clarão dela
de novo os gritos da baronesa arrogante
que chamava ela, toda importante
estava com sede, queria água beber
Lurdes mais uma vez isso foi resolver
sua vontade era ir para bem distante
mesmo que corresse e ficasse ofegante
tendo assim sossego sem essa chateação
e quando ia dormir, bate forte seu coração
a danada da baronesa gritou bem alto
chamando Lurdes, que teve um sobressalto
pediu um copo d’água para se saciar
foi quando Lurdes acordou
na verdade ninguém lhe chamou
tudo fora um sonho, estava a sonhar

PENSAMENTO IMPOSSÍVEL


    Ao acordar fixei o olhar no teto branco e ainda na cama, deitado, imaginei aquele teto como uma tela da vida, onde eu pude mergulhar numa fantasia que só o nosso cérebro pode imaginar. A mulher levantou-se primeiro, eu sabia que ela já se aprontava para as atividades normais de dona de casa, tinha de cuidar do marido, dos filhos e netas, apesar dos filhos já serem adultos, mas as crianças precisavam de um certo cuidado, de atenção.
    Assim como um aposentado atualmente pode se desaposentar, eu imaginei poder descasar, voltar para a minha antiga vida de solteiro, enfim, desfazer tudo que já foi feito ao longo de muitos anos. É uma coisa humanamente impossível, mas para o nosso cérebro tudo é aceito, tudo pode se feito, apenas na ficção, na imaginação fértil de nossas cabeças.
    Tudo se desfez como fumaça depois que me levantei para enfrentar a realidade.

UMA CIVILIZAÇÃO PERDIDA NA SELVA AMAZÔNICA


  
   O avião bimotor decolou de Belém por volta das nove da manhã com destino a Teresina, levando cinco pessoas incluindo o piloto. Quando sobrevoava a selva amazônica a pequena aeronave apresentou um defeito em um de seus equipamentos, fazendo-a perder altura e cair na selva. Com o impacto da queda, derrubando árvores, a mesma se incendiou, matando quatro de seus ocupantes, salvando-se apenas Hermes, que fotografava a área. Sangrando e com vários ferimentos conseguiu rastejar para distante do fogo, momento em que o aparelho explodiu. Nada se aproveitou do avião e Hermes ficou sem saber o que fazer, vendo as horas se passarem e não ter nenhuma ajuda. Conseguiu estancar o sangramento e perto de um riacho descansou um pouco, apesar de estar temeroso, pois poderia surgir algum animal feroz ou ser picado por alguma cobra. Após se refazer do susto decidiu caminhar, procurar algum tipo de ajuda, chegando a alguma aldeia. Andou algumas horas e já pensando em parar, cansado, percebeu uma abertura numa espécie de paredão, com folhagens na frente. Foi até lá para investigar e resolveu entrar, vendo que se tratava de um túnel. Hermes seguiu em frente naquele caminho úmido e escuro, queria ver até onde ia. Caminhou por algum tempo, não estava mais aguentando, mas enfim uma claridade no fim do túnel lhe animou. Chegou na saída, percebeu um lugar bem claro e com muitas árvores altas. O cansaço o fez cair e perder os sentidos.
    Despertou em uma espécie de cama de capim, algumas pessoas ao redor, deixando-o espantado e receoso. Logo percebeu que eram do bem e que tinham tratado dele. Suas roupas eram outras e foi obrigado a tomar algo que não conhecia, um caldo grosso e verde, quente, que ao final o deixou mais tranquilo. Não entendia nada do que falavam, era uma língua estranha e o maior desses seres podia ter no máximo pouco mais de um metro, se sentia um gigante na frente deles, mas tinha de ficar quieto, pois eram em grande quantidade, homens e mulheres e possuíam armas estranhas que ele nunca tinha visto.
    Alguns dias se passaram e Hermes chegou a conhecer o lugar onde existiam lindas cachoeiras, belos lagos e habitações semelhantes as dos indígenas. Alimentou-se bem durante esse tempo a base de frutos e tubérculos. Comeu frutas que não conhecia, mas como não entendi a língua dessa civilização, não podia saber do que se tratava.
    Uma certa manhã Hermes foi chamado pelo que imaginava ser o chefe daquele povo pequeno. Foi obrigado a sentar em uma espécie de espreguiçadeira e a tomar um caldo quente, meio grosso e de cor avermelhada. Obedeceu, sabia que não seria nada demais. Alguns minutos após, Hermes sentiu uma sonolência e acabou dormindo.
    Acordou algumas horas depois, próximo ao local onde caíra o seu avião, com pessoas lhe transportando para um helicóptero. Percebeu que estava com as mesmas vestes do dia do acidente. Não conseguia dizer nada e se sentia atordoado, sem poder falar uma única palavra. Já no hospital, tendo sido medicado e com a mente em perfeitas condições de funcionamento, contou a sua história mas ninguém acreditou. Foi informado pelos amigos que foi resgatado no mesmo dia do acidente e que foi encontrado desacordado naquele local. Hermes garante que tudo foi real, porém se supõe que a pancada na cabeça possa ter feito ele delirar e imaginar coisas.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

LEMBRANÇAS DO MEU AVÔ


abri uma janela no passado
mergulhei em fantasias, em pensamentos
coisas que ficaram para trás, encantamentos
peripécias de menino que marcaram
que fizeram da minha vida um prazer

eu podia ter uns seis ou sete anos
visitava muito meu avô, passeávamos
era uma alegria total quando conversávamos
quando alegres tomávamos banho de rio
de águas correntes bem límpidas

meu avô segurava minha mão, lembro
tinha todo cuidado, estava sempre atento
temia que algo me causasse ferimento
tanto a mim quanto aos meus primos
mas tínhamos também os tios de lado

hoje eu recordo com carinho dele
quando também sou avô de três netas
a todas tenho amor, todas são prediletas
faço com elas o que meu avô fez comigo
para um dia lembrarem desses momentos

ANIMAL FAMINTO


Te vejo na cama dormindo
Te desejo muito, não minto
Pareço um animal faminto
Querendo devorar esse corpo

Ele me deixa alucinado
Te vejo com a mente anormal
Mas não temas esse animal
Ele quer apenas te possuir

Te fazer um carinho gostoso
Lamber teus seios com prazer
Gozar no teu sexo sem nada dizer
Depois voltar ao instinto normal

ESPERANDO ELA


eu pensei que fosse fácil
esperá-la de lado da igreja
mas ela não veio, agora veja
perdi meu tempo naquela rua
a noite toda por ela esperando
vendo casais abraçados, namorando
e eu solitário olhando o relógio
numa espera que não tinha fim
era o primeiro encontro pra mim
estava ansioso, aguardava o momento
de poder encostá-la ao meu peito
me comportar como um bom sujeito
ganhar sua confiança, ouvir sua voz
sentir seu perfume, tocar seu cabelo
beijar sua boca sem nenhum apelo
mas ela não veio, esperei tanto
imaginava com ela uma loucura
sentir seu calor com muita doçura
as horas de passando, eu triste
esperando ela que não chegava
apenas a emoção que me segurava
me fazendo ficar ali... esperando

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

PASSEANDO EM BOA VIAGEM


olhei o horizonte nublado
a água do mar possivelmente fria
senti um pouco de paz, de alegria
o mar de Boa Viagem me chamou
não para tomar banho nessa manhã
mas para ver a natureza, minha irmã
passeando pela orla pude pensar
mesmo com uma chuva fina caindo
eu estava ali, andando, sorrindo
não para as pessoas que cruzavam
mas para mim mesmo e somente
como se fosse um coitado, um demente
que precisava do ar de Boa Viagem
passeando na praia, na chuva fina
clareando a mente através da retina
olhando essa imensidão de água azul
um espetáculo de tão grande beleza
longe do arrabalde, perto da nobreza
estranhos passam por mim, cumprimentam
dão um “bom dia”, nem me conhecem
mas conhecem a praia que todos merecem

domingo, 17 de fevereiro de 2013

A BONECA DE LARISSA


    Larissa era uma menina de oito anos que não tinha irmãos, morava sozinha com os pais, pessoas pobres que davam duro para sobreviverem. Ela possuía uma boneca e passava o dia todo brincando com a mesma, sendo muito apegada. Tinha outros brinquedos, mas essa boneca era inseparável.

    Certa noite Larissa sonhou com uma boneca muito linda, uma que seria o seu sonho se pudesse tê-la. Essa boneca estava exposta à venda em uma loja que ficava quase em frente a sua casa. Sabia que nunca poderia ter uma boneca assim, pois era muito elegante, muito bem vestida, diferente da sua que mais parecia um trapo e com as roupinhas sujas e rasgadas. No sonho ela passou um bom tempo admirando esse brinquedo de menina e imaginando ela nos seus braços sendo acalentada. Acordou pela manhã pensando na boneca e depois do café da manhã foi logo para a janela para ver se na loja havia o tal brinquedo e qual não foi o seu espanto ao perceber que lá estava a boneca, igualzinha a do sonho. Larissa foi acometida de uma espécie de alegria estranha, sorrindo e chorando ao mesmo tempo. Não saiu mais da janela, ficando admirando aquele objeto do seu desejo, permanecendo ali horas a fio, até deixando de brincar com a sua. Procurou saber através dos pais o preço dela e foi informada que era muito cara e os recursos da família não permitiam a compra. Larissa chorou, mesmo sabendo que nunca possuiria aquela linda boneca, tendo em vista a dificuldade financeira de seu pai.

    Nas noites seguintes o mesmo sonho, a mesma boneca exposta na vitrine da loja e ela admirando, tendo a maior vontade de tê-la, de ninar em seus braços. Porém, teve uma noite que Larissa sonhou que a boneca não estava mais lá na vitrine, o que a fez ficar desesperada. Acordou sobressaltada, olhou a sua boneca, com a qual dormia de lado, tendo, num ímpeto de fúria, jogado a mesma longe. Não conseguiu mais dormir e na manhã seguinte pegou a velha boneca, colocou em um saco e jogou no quintal de sua casa, onde existia capim e ervas daninhas. Voltou para o seu quarto e nem sequer quis apreciar a boneca da vitrine, nem foi para a janela nesse dia.

    Na noite seguinte, antes de dormir, lembrou-se de olhar a boneca da loja, parecia que algo a empurrava para a janela e ao olhar percebeu que a vitrine estava vazia, a linda boneca não estava mais lá. Lembrou-se do sonho e começou a chorar, sentindo pena da sua velha boneca e só não ia resgatá-la por conta da hora avançada e da escuridão no quintal. Foi dormir mais calma com o pensamento de pela manhã  recuperar a sua boneca jogada no quintal. Sonhou com a loja sem a boneca do seu desejo, porém uma senhora muito gentil pediu para ela ir buscar a boneca no quintal, o que Larissa já estava determinada a fazer.

    Ao acordar foi até o quintal com o intuito de pegar o saco onde colocou seu brinquedo, vendo que estava no mesmo lugar. Correu até ele e abriu e quase teve um desmaio quando viu que no saco não estava a sua e sim aquela boneca da vitrine, a boneca que ela tanto desejava. Não soube explicar aos pais a posse dessa boneca nova, tendo os mesmos ido até a loja para fazer a devolução. Chegando lá foram cientificados pelo dono que a mesma fora comprada para a menina que ficava horas admirando da janela aquela boneca. Uma senhora de boa aparência e muito gentil havia feito essa caridade.

UMA ANTIGA NAMORADA


meus olhos se encheram de lágrimas
quando cheguei naquela cidade do interior

onde coinheci alguém, onde encontrei o amor
o tempo pareceu voltar para mim

me senti aquele jovem de antigamente
e tudo aquilo que estava em minha mente

me fez procurar aquela a quem amei
foi um louco amor que o destino separou

e eu sofri muito quando tudo se acabou
voltei para a cidade grande, casei

procurei esquecer aquele triste passado
mas eu não conseguia, era sempre lembrado

e agora, depois de anos decorridos
com a separação, algo me fez viajar

não sem rumo, como um solitário a andar
mas à procura de um alguém querido

uma antiga namorada, um antigo sonho
bem agora nesse momento tristonho

respirei fundo e fui ao seu encontro
não sabia se ainda poderia encontrá-la

não sabia se poderia ainda amá-la
e lá estava ela sorrindo para mim

parecia me esperar, findar um tormento
porém estava doente, em pleno sofrimento

me abraçou com carinho, com emoção
e nos meus braços senti parar seu coração

a morte a envolveu nesse momento silencioso