sábado, 26 de janeiro de 2013

T R A N S E


 
como um raio riscando o céu
numa fração de segundo
entrei em transe profundo
quando você de mim se afastou
o brilho da lua não mais eu via
naquele momento eu somente sofria
o sol pra mim se apagou
estrelas deixaram de existir
quando você resolveu partir
minhas dúvidas então aumentaram

ao me ver nesse transe maldito
e agora sem forças não acredito
que essa angústia possa terminar
que você volte para mim
e esse tormento chegue ao fim

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

CENAS DE UM TERREIRO EM TARDE DE OUTONO


o vento sopra silenciosamente
as folhas secas vagueiam pelo chão
sendo levadas, quase jogadas e então
deixando lugar para outras que chegam
o menino peralta brinca com seu pião
outras crianças participam da brincadeira
que hoje em dia não é mais verdadeira
sentada num banco a velha pita cachimbo
olha a fumaça, olha também os meninos
lembra dos velhos tempos de criança
de outros tempos quando tinha esperança
de viver para os filhos e netos
o vento sopra naquele imenso terreiro
e não adianta juntar as folhas
de novo as tira dos galhos, joga no chão
no mês de outono a tarde convida
para uma prosa, uma conversa escondida
deixando o vento suave beijar nosso corpo
já já a noite chega, é hora da janta
depois amanhece e o galo canta
repete-se a cena no grande terreiro
meninos brincando bem perto do galinheiro
e as folhas caindo, coisa que encanta
pois ninguém está triste nessa hora
a tarde fascina, que venha sem demora

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

SONHANDO COM MAURA (de A a Z)






A noite chegou e eu fiquei triste

B eijei a foto de Maura, minha amada
C ostumava fazer isso, a mente acostumada
D eitei sabendo que sonharia com ela

E stava longe, havia me desprezado
F icando comigo apenas a saudade

G ostava de sentir o seu perfume
H oje me lembrando do seu ciúme

I maginando que outra mulher existia
J urei que delirava, que me testava

L ânguida, parecia mesmo acreditar
M arcando nosso destino sem pestanejar

N o sonho Maura voltava, pedia perdão
O s seus passos eram firmes, me abraçava

P arecia que nada tinha acontecido
Q ueria que esse sonho nunca acabasse

R ezava para que se perpetuasse
S onho bom a gente sempre gosta

T raz o que não está perto de nós
U ma fantasia para o nosso momento

V ai aliviar um pouco o sofrimento
X arope para esse grande problema

Z zzzz ... com Maura continuar sonhando

O SOFRIMENTO DE DELMA (de A a Z)



A manheceu e Delna triste em seu quarto
B atia forte seu coração e ela chorava
C ada dia que passava mais se desprezava
D urante a noite até que dormia tranquila

E dava um pouco de paz aos familiares
F oi-se a sua alegria, deixou saudade

G anhou esse espaço depressivo que
H oje é o seu quarto, seu mundo

I nundado de um sentimento profundo
J ejuando e emagrecendo a olhos vistos

L onge da vida, longe do entendimento
M otivo? Um amor mal sucedido

N amorada sofredora, traída, mal amada
O destino a deixou assim, acuada

P resa a uma paixão avassaladora
Q ue dificilmente se extinguirá

R esta o consolo, as lembranças
S omente isso a faz permanecer viva

T er alguma esperança de ser ativa
U m dia pode o destino mudar seu rumo

V er que seu sofrimento já é suficiente
X odó novo acontecer de repente

Z arpando desse para outro mundo melhor

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

VERSOS SEM RIMA PARA RUTE

eu não me importei com o teu olhar
com o teu jeito estranho comigo
com essa maneira rude, mesquinha
de tratar uma pessoa que te ama

que sempre te deu merecido valor
e agora, Rute, sem nenhuma explicação
me olhas friamente com desdém
com esse ar de superioridade
como se eu desse motivo para isso
Rute, sinceramente não sei o que dizer
não tenho palavras para usar
contra esse ato impensado teu
apenas peguei uma caneta
e comecei a escrever para ti
para mostrar todo o meu repúdio
toda a minha insatisfação em versos
propositadamente feitos sem rima
para que entendas o meu lado
para que decidas se ainda queres
o meu amor que está morrendo
sentindo a falta que Rute fará
quando resolver de mim se apartar
deixando uma saudade, um vazio
que o tempo vai curar com certeza

CÁSSIA, DE A a Z (tristeza diante do mar)


A preciei emocionado aquela
B ela imagem de Cássia, que

C ontemplava o mar silencioso
D eslumbrada com sua beleza

E ntre lufadas de brisa marinha
F oi triste vê-la sozinha

G emendo talvez por amor
H ábito de quem vive em solidão

I niciando com Deus uma comunhão
J ulgando poder mudar sua vida

L onge imaginei seu sofrimento
M antendo essa calma aparente

N a frente desse mar desconhecido
O mesmo que me deixa entristecido

P orque não acalma minha Cássia
Q eu nada pode fazer por ela

R eluto em tê-la em meus braços
S entindo que precisa meditar

T er a certeza do amor no coração
Ú nica maneira de deixar a solidão

V irou-se e olhou para mim
X ingando o mar sem mais olhá-lo

Z angada talvez com minha presença

EU QUERIA TANTO


eu queria tanto
poder tocar teus cabelos

sentir o teu perfume e dizer
o quanto me encheria de prazer

saber que atenderias meus apelos
 

eu queria tanto
poder beijar tua boca

conhecer o teu corpo sensual
te possuir, não seria nada mal

e encher minh’alma ôca
 

eu queria tanto
nos teus olhos poder olhar

dizer o quanto te amo
que à noite teu nome eu chamo

quando estou contigo a sonhar
 

eu queria tanto
que tua voz soasse pra mim

que meu nome chamasse
isso talvez me acalmasse

linda flor do meu jardim

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

LAURA E SIMONE


    Um raio de sol bateu em meu rosto como querendo me acordar, conseguindo então o seu intento. Olhei o relógio de pulso que descansava na cabeceira da cama, eram pouco mais de oito da manhã. Percebi que dormira pouco levando em conta que chegara em casa às quatro da madrugada, quando saí daquele baile, depois de ter exagerado na bebida. Ficara  com Simone, uma garota chata que não me atraía, não tinha beleza e não sabia fazer carinho. Ficara com ela apenas por ficar, por não ter outra opção. Meu pensamento estava em Laura, uma garota moderna, com quem eu deveria ficar nessa noite, varando a madrugada, talvez nem voltando para casa. Mas ela não apareceu e eu me desesperei, já que estava necessitando da sua presença, do seu carinho, pois íamos iniciar um namoro e combinamos para nos encontrarmos no clube. Um único beijo era sua lembrança, quando nos encontramos pela primeira  vez, apesar de já nos conhecermos de vista, um beijo que me deixou louco, imaginando nessa noite de festa lhe dar milhares de beijos, fazendo planos e imaginando palavras para lhe dizer. Mas Laura não apareceu, me deixou triste, pensativo, sem saber o que fazer. Foi aí que apareceu Simone, que me tirou da solidão, daquela espera melancólica.

    Olhei o relógio mais uma vez, parecia que o tempo não passava, meu corpo ainda cansado teimava em permanecer deitado, não querendo obedecer minha mente para se dirigir ao chuveiro. O raio de sol já não batia mais no meu rosto, estava um pouco adiante do travesseiro, esse sol chato que me acordou, me fazendo pensar em Laura, me fazendo pensar também em Simone, que de certa forma não me deixou só, até me ajudando a passar a noite, entre um trago e outro de cerveja. Estava com ela, me divertia, mas o pensamento estava em Laura, essa sim me despertou um grande desejo, me fez viajar em ilusões, em momentos que ficaram apenas em pensamentos, que não se concretizaram. Eu desejava muito torná-los reais, fazer de Laura uma garota amada, mas ela não apareceu. Foi Simone quem me tirou desse tédio, dessa noite de espera em vão. Seus beijos não me satisfaziam, a música que tocava quando dançávamos parecia ser chata, a cerveja dava a impressão de não estar gelada, mas eu fiquei ali, com Simone, pensando em Laura. Seu corpo roçava no meu, mas eu não sentia o que gostaria de sentir com Laura, que não atendeu o meu desejo. Antes de amanhecer a deixei em casa e fui dormir, tendo o raio de sol me despertado, me fazendo lembrar essa decepção.

    Enfim levantei, tomei uma chuveirada e me vesti. A cigarra tocou e eu me assustei, pensando logo em Laura. Fui atender bem depressa, quase correndo. Era Simone, com um sorriso nos lábios, me deixando atônito. Ela entrou e me abraçou e eu não tive nenhuma reação, apenas me deixando abraçar. Ela me beijou com carinho e nesse momento senti algo estranho, algo que não sentira na noite anterior. Reagi então e abracei-a com força, quase lhe sufocando. Levei-a para o quarto e nos amamos, dando vazão a essa fúria descontrolada que tomara conta de mim. Seu corpo eu desejei como nunca, talvez para esquecer Laura, que me fez esperar. Simone foi a faísca que fez surgir o fogo em mim, que despertou um tesão que me fez penetrá-la novamente.

    Após o café da manhã Simone se foi, precisava trabalhar e eu estava de folga, iria descansar um pouco. Sentei no sofá para ver o noticiário da TV quando a cigarra tocou. Pensei ser Simone que tivesse esquecido algo, indo atender. Era Laura, que viera se desculpar, pois uma tia sua passara mal e ela teve que socorrer. Me abraçou com carinho perguntando se eu fora ao baile. Menti forçado pelas circunstâncias, pois a queria e essa era minha grande oportunidade. Conversamos por um certo tempo e não esperei mais, levando-a para a cama e amando-a com muito gosto. Agora estava numa sinuca, sem saber o que dizer para Simone. Laura era o meu grande desejo e eu não queria perdê-la.

domingo, 20 de janeiro de 2013

SEU FLORÊNCIO


Lá pras bandas do interior
Bem distante da capital

Seu Florêncio era o tal
Muito alegre e bem falador

 
Tinha fama de garanhão

Apesar da sua idade
E naquela pequena cidade

Ninguém escapava dele não
 

Casado com dona Ritinha
Não temia ser conquistador

E ela não tinha mágoa nem dor
Essa mulher nem ciúme tinha

 
Seu Florêncio foi barbeiro

De todos sabia o passado
Hoje ele está aposentado

Usufruindo seu bom dinheiro
 

Gosta da bebida e do cigarro
Aprecia uma bela morena

Foi mulher não tem pena
Se diverte até dentro do carro

sábado, 19 de janeiro de 2013

S A B R I N A


a areia da praia queimava meus pés
sem chinelos, não sabia onde os deixara
procurava Sabrina, que triste se queixara
de que eu não estava mais amando-a
estava perturbado, a praia quase deserta
tentando encontrar logo minha menina
confesso, errei, talvez seja minha sina
magoar um coração, enganar, trair

o vento quente da praia, o calor
parece ser uma punição para mim
Sabrina, preciso te encontrar e assim
pedir teu perdão, implorar teu amor
não deixar mais a areia queimar meus pés
finalmente a encontro, está triste
se esquiva de mim, começa a chorar
então me comovo, seu rosto tento beijar
ela cedeu, me olhou enxugando lágrimas
ganhei sua confiança, fiquei emocionado
não quero mais ferir seu coração
sei que a amo também, tenho certeza
sem Sabrina minha vida será de tristeza

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

CORPO ENTORPECIDO


vi suas mãos deslizarem suavemente
sobre meu corpo quase entorpecido

eu havia bebido, estava adormecido
queria levantar, não encontrava forças

mesmo com esforço a mente não obedecia
deixava ela me apalpar, eu sentia

que era gostoso, que podia continuar
mas eu queria acordar, poder ver

poder lhe tocar também, acariciar
o seu corpo que não conseguia enxergar

em vista do estado em que estava
de leveza, que não parecia ser real

preso naquela cama, esse o mal
ela me bolinando, meu corpo nu

não sei se era noite, se era dia
precisava de ajuda, ninguém acudia

e aquela mulher me tocando, me usando
como se eu fosse um objeto qualquer

não adianta, seja o que Deus quiser
esperar o corpo voltar ao normal

quando não mais estiver entorpecido
saindo então desse mundo desconhecido

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

CORPO MORENO


esse corpo moreno que me fascina

que me embriaga de tanto prazer

é o que mais preciso para viver

sem ele não tenho nada

sem ele não tenho você

me delicio com ele em cada curva

sinto falta, a visão fica turva

quando você se afasta de mim

 

esse corpo moreno que me domina

que para outros corpos me cega

é o corpo que você sempre alega

ser meu para todo o sempre

alimento para o meu bem-estar

em outra mulher não consigo imaginar

a beleza que seu corpo tem a mostrar

só o seu corpo moreno pode me seduzir

B R I S A



Brisa acariciante
Que invade o meu corpo

E refresca minha alma
Espera, tem calma

Faz outra coisa melhor
Me conforta com tua pureza

Penetra no meu coração
Tira dele essa inclinação

Que me leva ao descontrole emocional
Brisa constante e alheia

A todo e qualquer sofrimento
Eu peço com clemência

Que alongue minha paciência
E me faça um ser natural

Brisa querida
Viajante da natureza

Leva pra longe meu sofrimento
Joga no espaço o meu tormento

Me faz uma pessoa feliz

DE VOLTA A CIDADE NATAL


    Voltei àquela cidade de onde eu parti um certo dia, sentia vontade de rever velhos amigos e conhecidos, queria saber como estava o lugar onde morei por muitos anos, onde trabalhei, onde conquistei o meu futuro. Passei por dificuldades, o que é natural no ser humano, aprendi coisas que hoje poucos se interessam, como o respeito e a honra, amei e construí a minha família, filhos que atualmente vivem suas vidas independentes da minha presença, mas que sabem que existe um pai que os ama.

    Parei o carro numa praça, onde outrora não existia e vi que minha cidade mudara e muito, estava em pleno desenvolvimento. As antigas ruas sem calçamento agora estavam pavimentadas, com lojas e armazéns onde antigamente eram simples residências, tendo sido reformadas para tal. Abracei antigos conhecidos, velhos amigos que brincaram comigo nos idos anos de minha adolescência, relembrando assuntos que nos faziam rir. O menino Tião era dono de uma padaria, aquele mesmo menino que sempre me pedia um pedaço de pão quando eu estava sentado na porta de casa, depois do café da manhã. O Pedrinho, aquele pestinha que me infernizava nas peladas de futebol, dando dribles e rindo de mim, era o dono de um armazém de construção. Leda era uma garota bem sapeca com quem tive um namorico, nunca gostou de mim e estava sempre à procura de um novo namorado que apreciasse os seus gostos. Hoje era uma senhora viúva, morando com uma filha que tinha um salão de beleza.

    Foram momentos de alegria e prazer, revivendo um passado que me fez voltar a ser criança, deslumbrado com as belezas da cidade modificada pelo progresso. A impressão era de que eu nunca tinha saído dali, principalmente quando me vi na frente da casa onde morei desde o nascimento. Me deu uma tristeza danada quando adentrei aquela residência, um pouco modificada e com novos donos. A saudade me abalou profundamente, tive vontade de não mais deixar essa cidade, de reviver esses momentos com mais intensidade, mas eu tive de acordar para a realidade, pois o meu mundo agora era outro, precisava aceitar isso.

    Antes de partir me lembrei de Samuel, um rapaz arrogante, bem mais velho que eu. Ele costumava arranjar encrenca com todo mundo, gostava de tomar as namoradas dos conhecidos e era tido como um “Don Juan” da cidade, sempre ostentando um colar de prata que não tirava do pescoço. Perguntei por ele e me disseram que se encontrava enfermo, sem família, num leito de hospital. Resolvi visitá-lo, o que pouca gente fazia, preferiam até que ele morresse, pois na época não era bem quisto e nem a própria mãe o aguentava. Cheguei ao hospital e me dirigi até o quarto onde estava internado, ficando triste com a cena que presenciei. Samuel demorou para me reconhecer e até chorou junto comigo, pois não me contive. Apesar das maldades que ele praticara, o tempo se encarregou de puni-lo e eu, sinceramente, o perdoo pelos seus atos. Naquele momento ele não reunia as mínimas condições de recuperação, só Deus poderia fazer algo por ele. A doença o consumia diariamente, os médicos já o tinham desenganado. A doença afetara seus pulmões por conta do uso demasiado de cigarro e o álcool comprometera seu fígado.

    Naquele mesmo dia voltei para casa levando boas lembranças da minha cidade natal, com exceção da situação de Samuel, de quem me compadeci muito.